Luto Alceu Valença e nomes da cultura de Pernambuco lamentam a morte de Belchior Cearense morreu na madrugada deste domingo (30), no Rio Grande do Sul

Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco

Publicado em: 30/04/2017 15:12 Atualizado em: 30/04/2017 21:12

Belchior morreu aos 70 anos no Rio Grande do Sul. Foto: Arquivo/EM
Belchior morreu aos 70 anos no Rio Grande do Sul. Foto: Arquivo/EM
O legado musical de Antonio Carlos Belchior na música popular brasileira é incontestável e segue sendo lembrado por fãs, artistas e amigos. O autor de clássicos como Apenas um rapaz latino-americano, Como nossos pais e A palo seco morreu na madrugada deste domingo aos 70 anos, após dez anos recluso e afastado dos palcos. O abandono da vida artística começou em 2007. Artistas pernambucanos lamentaram e ressaltam a obra musical do cearense.

Alceu Valença conheceu Belchior nos anos 1970, durante festival de música em que ele, Geraldo Azevedo e o pernambucano participavam. "Ele havia recentemente vindo do Ceará e sua música era Hora do almoço, um clássico. Belchior era um filósofo, possuía uma erudição impressionante. A última vez que nos vimos foi num 14 de julho em Paris. Brindamos juntos a Queda da Bastilha! Há poucos anos, eu estava em Porto Alegre quando soube pela imprensa local que ele havia aparecido na cidade. Mas já era a fase do mistério e não nos encontramos. Foi um dos grandes poetas da música brasileira", sublinhou Alceu.

O compositor pernambucano China também se manifestou sobre a perda. "O que sempre me chamou a atenção nas músicas de Belchior é a força e a verdade das palavras, de como aqueles textos são contundentes e atemporais. Na minha cabeça, toda vez que ouço algo dele, tenho a imagem de alguém gritando e contando verdades em praça pública, pra todo mundo ouvir. Doa a quem doer", escreveu o músico.

O recifense Juvenil Silva também desabafou nas redes sociais. Em março do ano passado, o artista homenageou o compositor cearense com um tributo ao cantor no projeto Folk Tropical. "Amigos, desculpa não estar respondendo ninguém no inbox, mais tarde quando me sentir mais legal eu falo com todos. A ficha ainda não caiu e o nó na garganta tá desconfortável. Pra mim só existe uma certeza, a morte pode matar o homem, mas não a sua criação, o seu legado... Onde outros homens, assim como eu, levarão adiante", disse.

Fábio Trummer foi um dos artistas locais impactados pela obra do cearense. O cantor cita Apenas um rapaz latino-americano como uma música com um significado afetivo para ele. "Belchior me influenciou muito. A obra dele tinha uma identidade regional. Era uma música que a gente entendia a simbologia. Era uma música muito próxima. Eu admiro o rumo que ele levou a carreira dele. Não é necessariamente a cartilha do artista que diz que o ser ‘bem-sucedido’ é procurar os meios de comunicação para vender uma imagem, que às vezes é mais a imagem da pessoa que necessariamente a sua obra. E a obra dele é sensacional. Admiro por essas escolhas", destacou o cantor e compositor Fábio Trummer, vocalista da banda Eddie.

O produtor cultural e idealizador do Abril pro Rock, Paulo André Pires, lamentou o fato de Belchior nunca ter passado no palco do festival."Me arrependo muito de não tê-lo entre os nomes clássicos da MPB, malditos ou não, que passaram pelo APR, como Tom Zé, Paulo Diniz, Gilberto Gil, Lula Côrtes, entre outros. Ficaremos sem ele na nossa história”, desabafou.

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