HQ Roteirista e escritor argentino cria script da HQ Billie Holiday, publicada em reedição especial no Brasil Ao texto de Sampayo, soma-se o traço marcante e característico de José Muñoz, que explora muito o contraste entre luz e sombra

Por: Estado de Minas

Publicado em: 11/03/2017 13:33 Atualizado em:

Quadrinho narra a complicada trajetória da dama do jazz norte-americano. Foto: Mino/Reprodução
Quadrinho narra a complicada trajetória da dama do jazz norte-americano. Foto: Mino/Reprodução


A vida da jazzista norte-americana Billie Holiday poderia render facilmente um romance. Repleta de abusos, vícios, reviravoltas e com uma morte precoce para encerrar tragicamente o enredo. Foi justamente com pegada noir que o roteirista e escritor argentino Carlos Sampayo criou o script da HQ Billie Holiday, publicada em reedição especial no Brasil pela editora Mino.

Ao texto de Sampayo, somou-se o traço marcante e característico de José Muñoz, que explora muito o contraste entre luz e sombra. “No Billie Holliday, ele aproveita o peso desse alto contraste para voltar isso a um estilo bem noir, que tem a ver com jazz, que sempre foi um dos temas preferidos dele e do Sampaio”, explica a editora Janaina de Luna, responsável pela publicação da obra no Brasil.

O autor é considerado um dos mestres do quadrinho em preto e branco e influenciou Frank Miller, Eduardo Risso, Charles Burns, Lorenzo Mattotti entre outros. “Existe uma relevância na publicação que é trazer dois nomes importantíssimos da história dos quadrinhos de volta pras livrarias brasileiras”, acredita a editora.Publicada originalmente em 1989 pela L&PM, a HQ ganhou um edição de luxo, lançada em vários países, para comemoração do centenário de Billie Holiday (que ocorreu em 2015). É essa edição, que saiu primeiro na França, que chega agora ao Brasil.

“Ela tem um formato bem maior, é capa dura, edição de colecionador mesmo, traz um prefácio incrível escrito pelo Francis Marmande, em que ele fala sobre a Billie, além de fotos da cantora e também alguns desenhos lindos do Muñoz com temática de Jazz”, conta Janaina.

O livro mescla as passagens da vida de Billie Holiday com a narração pelo ponto de vista de um jornalista confuso, que está mais preocupado com audiência do que em, de fato, contar o que ocorreu. “As opiniões rasas e meio desinformadas do jornalista servem como um contraponto ótimo pra profundidade multifacetada da vida dela, então todo o ritmo do quadrinho é muito interessante e único”, comenta a editora.

A fase final da vida da cantora, marcada pelo excesso de álcool, a cirrose e os problemas financeiros ganha destaque na obra, mas o tom da HQ engrandece a figura da artista. “Se discute muito a decadência dela, mas a obra é muito incisiva a respeito da importância da cantora e também do tanto que ela foi injustiçada e como o mundo maltratou essa que é uma das figuras mais radiantes e talentosas que a música já viu.” Durante a carreira, a cantora sofreu muito também com o machismo e o racismo, que eram ainda mais evidentes na época. “A HQ aborda questões como machismo e racismo de maneira incisiva e impiedosa”, comenta Janaina.

Acompanhe o Viver no Facebook:





MAIS NOTÍCIAS DO CANAL