Diario de Pernambuco
Busca
Cinema Primeiro longa-metragem de pernambucano Pedro Severien estreia nesta quinta-feira no Cinema São Luiz Sessão especial de Todas as Cores da Noitel terá performance ao vivo do elenco

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 23/03/2017 12:21 Atualizado em: 23/03/2017 12:31

Foto:	Beto Martins/Divulgação
Foto: Beto Martins/Divulgação

Em Todas as cores da noite, primeiro longa-metragem do pernambucano Pedro Severien, as lacunas da narrativa são tão importantes quanto o que é mostrado em tela. “Me interessa muito essa provocação de um cinema que convida o espectador a imaginar, a construir um filme próprio”, diz o cineasta, prestes a desafiar o público com a estreia nacional do novo trabalho em salas de exibição em 11 cidades brasileiras. A produção terá sessão especial nesta quinta-feira no Cinema São Luiz (Rua da Aurora, 175, Boa Vista), às 19h30. Os ingressos custam R$ 5 (meia) e R$ 10 (inteira), com vendas a partir das 18h30. 

Confira os horários dos filmes em cartaz no Divirta-se


Antes da projeção, o elenco fará uma performance intitulada O circuito dos desafetos. Segundo o diretor, é "um aditivo ao filme, como cinema ao vivo, que dialoga também com a linguagem teatral". Outro aspecto das artes cênicas está no próprio longa, com o uso de monólogos. O realismo fantástico da literatura é mais uma influência presente na trama, idealizada a partir de uma mistura entre real e imaginário, com pinceladas de horror.

O longa tem como fio condutor Iris (Sabrina Greve), que, após noite de festa no apartamento à beira-mar, encontra um corpo na sala. A situação leva a protagonista a relembrar a situação vivida por uma amiga de infância, Tiara (Giovanna Simões), estudante de medicina responsável por acidente de trânsito que acabou em morte. O receio de Iris é sofrer a mesma hostilização enfrentada por Tiara e virar persona non grata na sociedade.

Responsável pelo argumento do filme, Severien afirma que a premissa surgiu de histórias ouvidas na adolescência. "Veio de uma vivência urbana, nesse lugar de uma pessoa de classe média no Recife, na década de 1990. Eu escutava muitas histórias, coisas brutais, que eu não via aparecer nos meios oficiais ou na mídia", conta. O roteiro é assinado por Luiz Otávio Pereira.

Desconfortável e econômico, o filme se destaca por escapar da armadilha de oferecer uma trama excessivamente explicada ou subestimar a inteligência do telespectador. Além do São Luiz, o filme entra em cartaz no Cinema da Fundação (Avenida Dezessete de Agosto, 2187). 

[2 perguntas Pedro Severien // cineasta
Foto: Caio Sales/Divulgação
Foto: Caio Sales/Divulgação
 
O filme é enxuto, com pouco mais de uma hora. Qual a razão dessa escolha?
Na montagem, trabalhei com uma dimensão lacunar, de narrativa que não é explicativa ou denotativa. Queria deixar lacunas para serem preenchidas pelo público. Óbvio que tinha mais coisa filmada, mais histórias. Mas achava que seria mais convidativo ao chegar a essa duração. Há um exercício imaginativo. Se ficasse longo, poderia ser cansativo. O filme é uma meditação, não um esforço de concentração, mas de se abrir, deixar os pensamentos vagarem pela mente, um desafio de entrega.

Foram cinco anos entre o início da produção e o lançamento. Como foi ficar tanto tempo envolvido em um projeto?
É um processo de criação que não é totalmente planejado. Me lanço para filmar um tema, sigo a intuição. O tempo dá ao material outra qualidade, como se as imagens fossem operacionalizadas pelo próprio tempo. O filme foi se construindo nesse jogo. Mas é mais doloroso, imprevisível. Não é algo que quero repetir para todo projeto.

Acompanhe o Viver no Facebook:




MAIS NOTÍCIAS DO CANAL