Música Músicos lembram Revolução Pernambucana em concerto gratuito A peça Suíte 1817 reconstrói o movimento libertário no estado em apresentação no Museu da Cidade do Recife

Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco

Publicado em: 12/03/2017 10:11 Atualizado em: 10/03/2017 16:53

O quarteto de instrumentistas vai resgatar diferentes fases da Revolução Pernambucana. Foto: Mucio Callou/Arquivo pessoal
O quarteto de instrumentistas vai resgatar diferentes fases da Revolução Pernambucana. Foto: Mucio Callou/Arquivo pessoal

Ao compor a Suíte 1817, peça inédita inspirada no bicentenário da Revolução Pernambucana, o instrumentista Múcio Callou pretendia sensibilizar os que desconhecessem a passagem histórica. Buscou referências nas culturas negra e indígena, na maçonaria e no catolicismo para evocar as glórias e perdas do movimento, seus desdobramentos, reconstruindo os fatos em oito partes instrumentais.

Confira o roteiro de shows no Divirta-se

Do Prelúdio, dedicado às ideologias do movimento iluminista, ao Hino aos Heróis, uma homenagem aos heróis da revolução, a suíte costura música erudita, fado, modinha, maracatu. Callou (violão, pesquisa, composição e direção musical), Rogério Acioli (flauta), Leonardo Guedes (violoncelo) e Fernando Rangel (contrabaixo) sobem ao palco do Museu da Cidade do Recife (Forte das Cinco Pontas), no Bairro de São José, neste domingo (12), às 17h, para apresentar as composições ao público.

“A música tem um grande poder de sensibilizar, chamar a atenção. Por uma linguagem abstrata, embora relacionada a fatos históricos reais, toca diretamente as pessoas, transportando-as a outras épocas. Elas não somente conhecem, mas sentem o tema”, explica Callou. Desde que concebeu a Suíte Josué de Castro, em 2002, em homenagem aos 50 anos de lançamento do livro Geografia da fome - o dilema brasileiro: pão ou aço, ele procura vincular história à música instrumental. Tomou por referência os dois séculos de Revolução Pernambucana e se debruçou sobre artigos e livros dedicados ao tema, tendo como uma das principais referências A noiva da revolução, de Paulo Santos.

Em cerca de 20 minutos, a Suíte 1817 resgata as diferentes fases da articulação libertária no estado, encadeando episódios que instituíram a primeira república do país. “Apesar da curta duração, a revolução foi importantíssima. Não tem o status de movimentos como a Inconfidência Mineira, mas foi uma das passagens mais significativas para cristalizar a aura rebelde do povo pernambucano. A música ajuda a fortalecer a lembrança dessa data”, avalia Callou. A estreia da peça durante a abertura da exposição 1817 – Revolução Republicana, segundo ele, não poderia ser mais apropriada. “É uma síntese musical do acontecimento, ideal para aproximar o público do tema.”

SERVIÇO
Suíte 1817

Quando: Domingo (12), às 17h (abertura da exposição às 16h)
Onde: Museu da Cidade do Rencife (Forte das Cinco Pontas, s/n - São José)
Quanto: Entrada gratuita
Informações: 3355-9558

>> AS OITO PARTES

Prelúdio

"No Prelúdio, tento passar a ideia do sonho libertário do iluministo. É uma passagem carregada de ideologias e sonhos."

Modinha para Domingos e Teodora
"No segundo movimento, faço uma modinha com aspecto mais antigo. Chama-se Modinha para Domingos e Teodora por causa dos personagens da revolução. Eles fazem narrativas no livro de Paulo Santos, minha principal referência. São figuras importantes da trama. É uma modinha com pitadas de fado, para misturar elementos portugueses e brasileiros."

Eclesiástica
"Depois, vem uma música que chamei de eclesiastica, justamente para mostrar a importância dos padres no movimento revolucionário. Fui buscar inspiração em Luis Alvares Pinto, um compositor recifense que fazia música sacra. Ele me inspirou em relação à aura de religiosidade."

Jongo
"O quarto movimento é um jongo. É uma dança afro-brasileira, a fim de mostrar a importância da participação escrava na revolução. Os negros, mesmo sabendo que não constava a abolição da escravidão no manifesto revolucionário, acreditavam que isso poderia acontecer num segundo momento."

Intermezzo
"É um intervalo, um respiro na sequência de peças. É uma passagem que dá um certo refresco entre uma parte e outra. Evoca o espirito romântico, de sonho, de que se instalasse uma república de liberdade."

Maracatu
"Na sexta parte, o maracatu. Explora novamente os temas afro-brasileiros."

Réquiem aos mártires
"A sétima parte é um tema bem triste. Um cortejo inspirado no banho de sangue da revolução. Foi um momento muito cruel, com esquartejamentos, mortes, sangue. Essa música passa esse pesar, lembra um cortejo fúnebre."

Hino aos Heróis (fantasia)

"Para terminar, uma espécie de fantasia na qual uso temas que têm a ver com o movimento revolucionário. De Beethoven ao Hino da Cidade do Recife. Este último, inclusive, menciona 1817. Pinço recortes, lembretes, referências da maçonaria. Essa parte tem um tom mais vibrante, de música marcial."

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