Televisão Rivalidade entre as hollywoodianas Bette Davis e Joan Crawford vira série de TV Além das intrigas entre os ícones do cinema, série discute o "prazo de validade" das atrizes na indústria audiovisual

Por: Eduarda Fernandes

Publicado em: 12/03/2017 12:00 Atualizado em: 12/03/2017 13:07



Por quase quatro décadas, Hollywood foi palco das intrigas entre Bette Davis e Joan Crawford. O ápice da rivalidade – as filmagens do suspense O que aconteceu com Baby Jane? – é retratado na nova série de Ryan Murphy (responsável por American horror story e American crime story), Feud: Bette and Joan, que estreia na FOX Premium neste domingo (12), às 22h. Com Susan Sarandon e Jessica Lange nos papéis principais, Feud, no entanto, é sobre muito mais que duas mulheres que se odiavam - a briga começou nos anos 1930, quando Davis se apaixonou pelo então noivo de Crawford -, é sobre o "prazo de validade" das atrizes na indústria do cinema, um assunto que continua tão atual em 2017 quanto era à época.

Confira os horários dos filmes em cartaz no Divirta-se

Em 1961, com mais de 50 anos e sem participar de um filme há três, Joan Crawford via a fama e o reconhecimento alcançado na juventude, com filmes como Almas em suplício e As mulheres, ir embora. Na mesma situação estava Davis, que havia encontrado no teatro uma maneira de continuar trabalhando. Por contar com duas protagonistas mais velhas, Baby Jane, escolhido a dedo por Crawford, inicialmente não agradou os estúdios, mas a decisão da atriz de colocar Davis como sua colega de cena foi uma jogada publicitária admirável e o filme acabou sendo produzido pela Warner Brothers e indicado a cinco categorias no Oscar. 
 
Feud mostra a complicada dinâmica de Davis e Crawford durante as filmagens com cuidado e atenção aos detalhes, como a relação de Crawford com a equipe de produção e a recusa de Davis de chamar a colega pelo nome artístico - referia-se a ela apenas como Lucille, nome de batismo odiado por Joan Crawford. Apesar de ter um roteiro bem pesquisado e construído, a série peca em alguns pontos - a Olivia de Havilland interpretada por Catherine Zeta-Jones é, no mínimo, sofrível, com sotaque e expressões caricatas que em nada remetem à atriz de ...E o vento levou. 

A metalinguagem da série não passa despercebida. Ganhadora de dois prêmios Oscar, em 1983 e 1995, Jessica Lange havia caído no ostracismo nos últimos anos, antes de ser redescoberta em 2011 por Murphy, que a colocou como protagonista das quatro primeiras temporadas de American horror story. Em Feud, sua Joan Crawford consegue ir além da imagem superficial que o público e a mídia faziam dela e mostra a vulnerabilidade de uma mulher que, de fato, não conseguia se definir sem as luzes dos holofotes.

Mas quem rouba a cena é Sarandon, com uma Bette Davis que chega a ser assustadora de tão fiel - da maneira de andar ao ritmo de falar, ela consegue reviver a protagonista de A malvada com maestria. Em evento de pré-estreia em Nova York, Sarandon - que sempre foi comparada a Davis por conta dos olhos grandes e redondos - contou que se identifica com as dificuldades enfrentadas pela atriz na segunda metade da carreira. "Existe uma falta de diversidade em relação às mulheres mais velhas em Hollywood. É uma indústria dominada por homens brancos que contam histórias protagonizadas por personagens como eles. E eles querem estar com mulheres mais jovens, então não existem papéis para mulheres com 50 ou 60 anos que sejam românticos. Quando você chega aos 60, os papéis que lhe oferecem são de mulheres que estão morrendo ou ficando loucas", disse. 

Confira o trailer de Feud: Bette and Joan:

 

Acompanhe o Viver no Facebook:


 


MAIS NOTÍCIAS DO CANAL