Música Em clima de nostalgia, Bono Vox compara disco clássico do U2 a uma ópera Trinta anos depois de lançado, The Joshua Tree será resgatado pela banda de rock irlandesa em turnê comemorativa

Por: Fellipe Torres - Diario de Pernambuco

Publicado em: 30/03/2017 12:15 Atualizado em: 30/03/2017 13:16

Bono Vox na época de The Joshua Tree. Foto:  Lex van Rossen/MAI/Redferns
Bono Vox na época de The Joshua Tree. Foto: Lex van Rossen/MAI/Redferns

Após dois minutos e meio de introdução instrumental, um Bono Vox franzino e rebelde, aos 27 anos de idade, subia ao palco vestindo jaqueta, chapéu de couro e botas de cowboy, com os cabelos longos presos em rabo-de-cavalo. “Eu quero correr,/ eu quero me esconder/ Eu quero derrubar as paredes/ Que me seguram por dentro/ Eu quero alcançar/ E tocar na chama/ Onde as ruas não têm nome”, cantava. A letra, escrita por ele, havia sido inspirada em uma viagem à Etiópia e em conflitos entre católicos e protestantes no seu país de origem, a Irlanda do Norte.

Confira o roteiro de shows no Divirta-se

A cada verso, o U2, àquela altura com cinco álbuns lançados, deixava de ser uma mera representante do rock europeu para se tornar um dos grupos mais populares do mundo. A cena se repetia em todos os shows da turnê de The Joshua tree, disco lançado há exatas três décadas, em março de 1987, e responsável por catapultar a carreira de Bono, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr.



“Eles capturam a imaginação de uma geração. Cantam para os anos 1980 como os Beatles cantavam para os anos 1960”, dizia o narrador de um documentário para a televisão, veiculado naquela época. Com 25 milhões de cópias comercializadas em todo o mundo, o álbum mais vendido do U2 e um dos mais bem-sucedidos da história da música ganhará reedição especial em CD e vinil.

Além das 11 faixas da versão standard - entre elas, hits como With or without you, I still haven’t found what I’m looking for e Where the streets have no name -, o box conterá faixas extras (com raridades inclusas), gravações ao vivo e remixes. Completa o kit um álbum de fotografias feitas pelo guitarrista The Edge no Deserto do Mojave, na Califórnia, durante a sessão de fotos para divulgação do disco, em 1986. Em pré-venda no site u2.com, o material será disponibilizado em 2 de junho.

Em transmissão ao vivo pelo Facebook, Bono Vox comentou a importância do disco: “É como se fosse uma ópera. Há uma porção de emoções muito atuais: amor, perda, sonhos esquecidos, esquecimento. Já cantei essas músicas, mas nunca todas elas juntas (...) Elas parecem proféticas do tempo em que vivemos”.

Banda em ensaio fotográfico para divulgação do disco clássico. Foto: bethandbono.com/Reprodução da internet
Banda em ensaio fotográfico para divulgação do disco clássico. Foto: bethandbono.com/Reprodução da internet


Por sua vez, o guitarrista The Edge frisou, em entrevista à revista Rolling Stone, a atualidade dos temas tratados no álbum: “Com a eleição de Donald Trump, é como se um pêndulo mudasse de direção. O álbum foi gravado no meio dos anos 1980, durante a era Reagan-Thatcher, um período de muita agitação. É como se estivéssemos de volta a essa era, de certo modo. As músicas ganham um significado e ressonância que não tinham há três, quatro anos”.

+ Nostalgia ao vivo e a cores

Como cereja do bolo de comemoração dos 30 anos, o U2 vai sair em turnê com o repertório de The Joshua tree em países da América do Norte e da Europa. As apresentações com ar nostálgico têm se tornado uma constante entre artista de variados gêneros. Nos últimos anos, fizeram isso bandas como Aerosmith (com turnê de Toys in the attic, de 1975), The Who (Quadrophenia, de 1973), Dream Theater (Images and words, de 1992), Extreme (Extreme II: Pornograffitti, de 1990), Pearl Jam (Binaural, de 2000, e Vs, de 1993). Conheça, abaixo, alguns dos revivais protagonizados por brasileiros.

ALCEU VALENÇA
Em 2011, o cantor pernambucano iniciou uma série de apresentações com músicas de Vivo!, de 1976, entre elas O casamento da raposa com o rouxinol, Sol e chuva e Papagaio do futuro. O álbum é celebrado por combinar rock psicodélico e sonoridades nordestinas. A turnê chegou ao Recife em 2015, e deu origem ao CD e DVD Vivo!Revivo!.

MORAES MOREIRA
Em 2016, o cantor resgatou canções da banda Novos Baianos, como Preta pretinha, Brasil pandeiro, O mistério do planeta e Acabou chorare. Ao lado de Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Luiz Galvão e Paulinho Boca, ele integrou o grupo de 1969 a 1975.

TITÃS
O disco Cabeça dinossauro (1985) foi relembrado por Branco Mello, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto em temporada de shows a partir de 2012. Os roqueiros paulistas resgataram hits como Homem primata, Polícia, Família e Bichos escrotos.

PLEBE RUDE
Também em 2012, os roqueiros da Plebe Rude apostaram em turnê com repertório do disco de estreia, O concreto já rachou (1985). Com 300 mil cópias vendidas, o álbum ficou marcado por músicas como Até quando esperar, Proteção e Minha renda. 

SEPULTURA
Lançado em 1996, Roots deu destaque mundial aos integrantes do Sepultura. O disco vendeu mais de 2 milhões de cópias e ganhou turnê comemorativa de 20 anos em 2016. Max e Iggor Cavalera fizeram shows no Brasil, na América do Norte e na Europa.

SKANK
O grupo mineiro comemorou os 20 anos do terceiro disco, Samba poconé, com miniturnê em 2016. Nas apresentações, retornaram aos palcos Garota nacional, É uma partida de futebol, Tão seu, entre outros sucessos.

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