Cinema
Despedida de Hugh Jackman no papel de Wolverine, Logan é o melhor filme da franquia
Terceiro longa-metragem solo mostra amadurecimento do personagem e novos rumos criativos
Por: Breno Pessoa
Publicado em: 02/03/2017 15:40 Atualizado em: 02/03/2017 16:18
Mutante canadense ganhou contornos mais violentos no novo capítulo da saga. Foto: 20th Century Fox/Divulgação |
O primeiro filme foi ruim. O segundo tinha potencial, mas não foi além do razoável. Eis que, na terceira tentativa, Wolverine finalmente ganha uma boa adaptação cinematográfica com Logan, em cartaz a partir desta quinta-feira. A terceira aventura solo do mutante mais famoso dos X-Men nos cinemas é também a alardeada despedida de Hugh Jackman no papel do personagem.
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Completando 17 anos e nove filmes no papel do canadense com garras de adamantium e fator de cura, Jackman já havia anunciado outras vezes uma derradeira participação na franquia cinematográfica, mas somente agora a decisão parece definitiva. E se de fato é a aposentadoria do ator para o papel, é uma saída digna e elegante. Depois do lançamento no Festival de Cinema de Berlim, no dia 17 de fevereiro, e de outras exibições restritas para a imprensa, não tardaram as críticas apontando Logan como o melhor filme de super-herói já feito. Fugindo das hipérboles e da inevitável subjetividade ao classificar uma a obra como a melhor do gênero, é justo dizer que, sim, é um trabalho bem acima da média das costumeiras adaptações de quadrinhos.
Ambientado em 2029, o filme é o que mais avança na linha temporal estabelecida na franquia cinematográfica dos X-Men. O supergrupo, inclusive, se encontra dizimado neste futuro, com pouquíssimos mutantes ainda vivos, incluindo Logan/Wolverine e Charles Xavier/Professor X (Patrick Steward, outro veterano no papel).
Com o grupo praticamente extinto do planeta, Logan leva uma vida longe das antigas aventuras e tira o sustento como motorista de limusine. Com o fator de cura cada vez mais fraco, o anti-herói finalmente começa a envelhecer e sentir as marcas do passado violento. A boa maquiagem e o semblante adotado por Jackman refletem, de maneira convincente, um inevitável abatimento. Ainda mais envelhecido, Xavier tem agora 90 anos e vive em esconderijo sob os cuidados de Logan.
A rotina dos dois muda após Wolverine ser contatado para um serviço inusitado: dirigir até a fronteira do Canadá levando uma garota chamada Laura (Dafne Keen). Após recusar o trabalho, ele acaba se sentindo impelido a ir adiante quando agentes de uma poderosa organização tentam raptar a criança a matam sua tutora.
Assim como Logan, Laura foi vítima de um experimento para criação de seres superpoderosos. A ligação entre os dois, no entanto, é ainda mais profunda, já que ela recebeu o DNA mutante de Wolverine na gestação. Uma inesperada e reticente relação paterna se estabelece a partir desse ponto, revelando novas nuances do personagem.
Por mais decadente e alcoólatra que seja o velho Logan da trama, é provavelmente o retrato mais maduro e equilibrado do famoso X-man, dentro e fora das telas. As histórias dele nos quadrinhos poucas vezes vão além de tramas aventurescas com doses de ação e violência. O diretor e roteirista James Mangold, responsável também pelo filme anterior de Wolverine, acertou bastante no tom do novo longa ao investir no lado mais emocional do mutante.
A faceta brutal não foi deixada de lado; pelo contrário, foi muito bem aproveitado. A selvageria típica do anti-herói, bastante suavizada nos filmes anteriores, foi finalmente retratada com fidelidade às HQs, sem, em nenhum momento, parecer gratuita. A censura de 16 anos (nos EUA, apenas para maiores de 18) permitiu maior violência gráfica e linguagem mais desbocada, algo totalmente adequado para o personagem. A propósito, ver o Professor X soltando um palavrão seria quase desconcertante se não fosse pela ótima atuação de Patrick Steward. Ele nos convence facilmente de que o sempre polido Charles Xavier tem motivos de sobra para abandonar a postura afável.
Carismática e brutal, X-23 é um dos destaques de Logan. Foto: 20th Century Fox/Divulgação |
Se Logan traz grande satisfação por ser uma ótima despedida de Hugh Jackman no papel, deixa também certo lamento pela demora nos ajustes criativos que o personagem exigia na versão para os cinemas. Mas o próprio filme faz questão de lembrar, através da jornada de Wolverine, que às vezes o momento de redenção tarda a chegar.
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