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Música Rodrigo Amarante prepara o segundo disco solo Depois de rodar o mundo divulgando o álbum Cavalo, novo álbum será fruto da vida nômade do compositor, que mora nos EUA há oito anos

Por: Estado de Minas

Publicado em: 06/02/2017 14:10 Atualizado em: 06/02/2017 15:09

O compositor carioca Rodrigo Amarante diz que aprendeu com o pai a não ter medo de arriscar. Foto: Luis Martins/Divulgação
O compositor carioca Rodrigo Amarante diz que aprendeu com o pai a não ter medo de arriscar. Foto: Luis Martins/Divulgação

 

A migração está no sangue de Rodrigo Amarante. Desde criança, ele viveu de despedidas e rupturas. E viverá mais uma. O músico do Los Hermanos vai deixar o Brasil mais uma vez para voltar a Los Angeles, onde mora desde 2008, e se despede do disco Cavalo, sua estreia solo. Elogiado pela crítica brasileira, o álbum saiu em 2013, mas demorou para pegar no tranco no exterior. Quatro anos depois, Amarante ainda segue com turnês pela Europa e Estados Unidos. A atenção sobre seu trabalho cresceu com Tuyo, canção de abertura da série Narcos, com a qual ganhou uma indicação ao Emmy em 2016.

Confira o roteiro de shows no Divirta-se

Tuyo foi um pedido de José Padilha, que assina a produção executiva de Narcos. "Ele não me deu um direcionamento. É claro, conversamos bastante a respeito, pensei bastante. O Padilha me disse: 'Quero a sua visão, quero o que você acha que a música deva ser'". Cantada em espanhol, a faixa versa sobre a obsessão. "É uma letra que se faz parecer com uma canção de amor bem latina, mas, se prestar atenção naquele contexto da série, é algo político. É uma perspectiva bem narcisista com relação ao amor. Ela poderia ser cantada por Donald Trump", diz Amarante.

No ponto de vista do eu-lírico, é dele tudo aquilo que alguém precisa. No contexto de Narcos, que narra a ascensão e queda do traficante colombiano Pablo Escobar, os versos sobre controlar alguém falam de ganância, da sede de poder. "É a cocaína, é o dinheiro, é sobre algo que se torna o motivo de tudo", observa.

ESPELHO
Cavalo é um tratado de Rodrigo sobre si mesmo. Um olhar diante do espelho. Por isso, soa minimalista. Os versos são confessionais, sem medo. "Era inevitável que o primeiro disco fosse um autorretrato", avalia o autor. A extensão da turnê o ajudou a ter perspectiva diferente de algumas canções - o tempo ajuda a entender o que ele queria dizer, de forma inconsciente, ao compô-las.

Irene, por exemplo, se transformou para o próprio autor. "Quando a escrevi, tinha a perspectiva das minhas relações recentes. Com o passar do tempo, percebi que a música tinha mais conexão com a minha infância e adolescência do que com a vida adulta. Ela reflete o percurso que fiz, de me mudar a cada três anos, dizer adeus aos amigos de escola e às namoradinhas. Gosto de imaginar que cada disco pode ser um capítulo", revela.

Cavalo, portanto, é quando o personagem ganha vida, somos introduzidos a seus anseios, medos e lembranças. "Agora que essa figura já está definida, quero que o segundo disco seja voltado mais para fora do que para dentro". O plano é lançá-lo ainda neste ano. A proposta é cair no mundo - e isso Amarante já fez. Cavalo rodou bastante. Na última turnê europeia, ele cantou na Holanda e na França. Viajou só, com o violão nas costas, percorrendo teatros com o show.

Ouça Tuyo, trilha sonora do seriado Narcos:



A experiência nômade nunca lhe foi estranha. Nascido no Rio de Janeiro, filho de funcionário de uma empresa de tecnologia, Amarante deixou a capital fluminense rumo a São Paulo aos 6 anos. Voltou para o Rio aos 9, mudou-se para Fortaleza quando tinha 13, foi para os Estados Unidos em intercâmbio escolar. "Aprendi com o meu pai. A oportunidade aparecia e ele abraçava. Ele me deu o exemplo de encarar o desconhecido, de não ter medo de arriscar", conta.

Amarante se estabeleceu em Los Angeles a partir de 2008. "Nunca foi muito planejado. Se pudesse apostar comigo mesmo, há 15 anos, onde iria morar, nunca seria Los Angeles". E ri da ironia. Passou a frequentar a cidade para gravar com Devendra Banhart e foi chamado por Fabrizio Moretti (baterista do The Strokes) para formar a banda Little Joy. Acabou ficando. Mas nada com Rodrigo Amarante é fixo demais."“Já está me dando uma coceira para ir para outro lugar, falar outra língua. Não sei, estou em Los Angeles, meu barco está ancorado, mas é só desfazer o nó", conclui.

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