Cinema Oscar 2017: Os indicados e os favoritos da edição deste ano Maior premiação do cinema vai ao ar a partir das 21h

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 26/02/2017 13:00 Atualizado em: 24/02/2017 18:14

Moonlight pode garantir a primeira estatueta concedida a um diretor negro na história da premiação. Foto: Diamond Films/Divulgação
Moonlight pode garantir a primeira estatueta concedida a um diretor negro na história da premiação. Foto: Diamond Films/Divulgação

Quem gosta de cinema raramente consegue deixar de dar atenção ao Oscar. Seja para torcer pelos filmes favoritos, discutir o mérito dos indicados e premiados ou contestar a postura da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, é difícil ficar imune à premiação mais prestigiada do cinema, que nesta edição será comandada pelo apresentador e comediante Jimmy Kimmel, que desde 2003 apresenta um talk show com seu nome. A atração vai ser transmitida ao vivo apenas na TV fechada, pelo canal TNT, a partir das 21h deste domingo. A cerimônia também poderá ser acompanhada pela plataforma de streaming TNT Go, no mesmo horário. Participam como comentaristas Domingas Person e Rubens Ewald Filho, com cobertura de Carol Ribeiro no tapete vermelho.

Detentora dos direitos de exibição do Oscar, a Globo optou por exibir na faixa de horário o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. Um especial com os melhores momentos da premiação será exibido na segunda-feira, às 15h20. A estratégia não é nova e foi adotada em 2014, quando o evento também coincidiu com o carnaval. O especial será apresentado por Christiane Pelajo, com comentários de Artur Xexéo e Miguel Falabella.

DIVERSIDADE
Após ser criticada pela ausência de indicações para negros por dois anos consecutivos, a Academia caminhou alguns passos para, ao menos nesta edição do Oscar, mostrar um panorama mais diverso. A lacuna, evidenciada pela hashtag #OscarSoWhite (Oscar tão branco) disseminada em anos anteriores nas redes sociais, parece ter sido, ao menos, parcialmente sanada com a nomeação de atores e realizadores não-brancos nas principais categorias. Barry Jenkins (Moonlight: Sob a luz do luar) é apenas o quarto diretor negro a ser indicado pela Academia e tenta a façanha de ser o primeiro deles a levar uma estatueta para casa.

Outros afrodescendentes que concorrem nesta edição: Tarell Alvin McCraney (roteirista de Moonlight ao lado de Jenkins), August Wilson (roteirista de Um limite entre nós), Bradford Young (diretor de fotografia de A chegada), Pharrel Williams (produtor de Estrelas além do tempo) e Kimberly Steward (produtora de Manchester à beira-mar).

Além dos já anteriormente premiados Denzel Washington e Octavia Spencer, a lista inclui Ruth Negga (Melhor Atriz), Mahersala Ali (Melhor Ator Coadjuvante), Viola Davis e Naomie Harris (Melhor Atriz Coadjuvante). De ascendência indiana, o inglês Dav Patel concorre na categoria de Melhor Ator Coadjuvante.

Mais um aspecto que pode contribuir para reduzir a histórica desigualdade, inclusive no campo do gênero, foi a inclusão de 683 membros do comitê de votação do Oscar, sendo 41% deles não-brancos e 46% do sexo feminino. Dos novos integrantes, 283 deles de fora dos Estados Unidos e, entre os 59 países contemplados, está o Brasil. A lista de votantes brasileiros tem 11 nomes, incluindo os cineastas Anna Muylaert (Que horas ela volta?), Alê Abreu (O menino e mundo) e o produtor Rodrigo Teixeira, um dos responsáveis pelo lançamento de produções internacionais como Frances Ha (2012) e A bruxa (2015).
La La Land é o terceiro filme a atingir o recorde de 13 indicações. Foto: Paris Filmes/Divulgação
La La Land é o terceiro filme a atingir o recorde de 13 indicações. Foto: Paris Filmes/Divulgação

MUSICAIS
La La Land: Cantando estações é um fenômeno, não há dúvida. Além do sucesso de crítica e de público no mercado norte-americano, o filme é recordista em indicações na história do Oscar (14), empatado com outras duas produções: Titanic (1997) e A malvada (1950). O mais surpreendente na marca é o fato de ser um musical, gênero tradicionalmente pouco premiado.

O clássico absoluto Cantando na chuva (1952), bastante referenciado em La La Land, por exemplo, teve apenas duas nomeações: Atriz Coadjuvante (Jean Hagen) e Canção Original. Mais sorte teve O mágico de Oz, indicado a seis categorias, incluindo Melhor Filme, e premiado em Canção Original e Trilha Sonora. Astros consagrados do gênero, como Fred Astaire e Gene Kelly também nunca levaram a cobiçada estatueta para casa. Outro musical que amealhou grande número de nomeações foi Mary Poppins (1958). Com 13 indicações, o longa da babá encantada vivida por Julie Andrews saiu da cerimônia com cinco estatuetas, mas não a mais importante da premiação.

Dos 88 Oscars já entregues aos melhores filmes na premiação, apenas dez foram para musicais. O último deles foi Chicago (2002), em uma lista que inclui Sinfonia de Paris (1951), Minha bela dama (1964) e A noviça rebelde (1965).

MÚSICA II
Em um ano em que o líder de indicações é La La Land: Cantando estações, outros filmes também irão brilhar no campo musical. Os tradicionais números artísticos da cerimônia do Oscar terão nomes como os dos cantores Justin Timberlake e Sting. Timberlake vai cantar a composição Can’t stop the feeling (Trolls), enquanto o colega Sting será o intérprete da música The empty chair (Jim: The James Foley story). O elenco musical escalado para embalar a festa entre as entregas das estatuetas inclui ainda Lin-Manuel Miranda, fazendo a performance de How far I’ll go (Moana) e John Legend: ele apresentará Audition e City of stars (ambas de La La Land).

TÉCNICAS
Se os prêmios de atuação, roteiro e direção acabaram sendo disputados predominantemente pelas produções indicadas a Melhor Filme, as chamadas categorias técnicas costuma dar espaço também a títulos que dificilmente garantiriam nomeação na disputa pela principal estatueta da noite. O onipresente La La Land, claro, também figura em parcela significativa das indicações desse filão, mas há também espaço para Mogli: O menino lobo (Efeitos Especiais) e Passageiros (Design de Produção), por exemplo.

É por esse campo que figuram duas indicações um gênero pouco lembrado pela Academia: as adaptações de quadrinhos, representadas nesta edição com Doutor Estranho (Efeitos Visuais) e Esquadrão suicida (Maquiagem e Cabelo). Outro blockbuster que tem a chance de sair com uma estatueta é Rogue One: Uma história Star Wars, concorrendo em Efeitos Especiais e Mixagem de Som.

DOCUMENTÁRIOS
Enquanto a maioria dos olhares está voltado para os filmes de ficção, alguns indicados da categoria Melhor Documentário em Longa-Metragem acabaram tendo uma atenção a mais este ano, tanto pelas temáticas quanto pela qualidade dos concorrentes. Tidos como favoritos, A 13ª Emenda e Eu não sou seu negro abordam o racismo histórico nos EUA e os impactos da segregação nos tempos atuais. Competentes e relevantes, as duas produções funcionam quase de maneira complementar, montando um panorama do preconceito contra negros, problema longe de estar restrito ao território norte-americano.
Eu não sou seu negro aborda o preconceito racial. Foto: Imovision/Divulgação
Eu não sou seu negro aborda o preconceito racial. Foto: Imovision/Divulgação

Coincidentemente, quatro dos cinco realizadores indicados na categoria são negros: Ava DuVernay (A 13ª emenda), Raol Peck (Eu não sou seu negro), Ezra Edlman (O.J.: Made in America) e Roger Ross Williams (Life, animated).

A questão racial também perpassa, de forma menos direta, outro documentário bem cotado, o colossal O.J.: Made in America. Lançado como série da ESPN, o longa de quase oito horas de duração foi exibido nos cinemas para poder concorrer ao Oscar. A produção se debruça sobre a trajetória do jogador de futebol americano que, com várias evidências de ter assassinado sua ex-esposa Nicole Brown e o amigo dela Ronald Goldman, acabou sendo inocentado dos crimes.

Uma das razões para a absolvição foi a estratégia da defesa, que influenciou júri e opinião pública ao acusar a promotoria de racismo contra Simpson, negro e bem-sucedido. De fato, à época, no início dos anos 1990, a polícia de Los Angeles era conhecida por abordagens discriminatórias e violentas em comunidades negras.

Menos comentados, os bons Fogo no mar e Life, animated completam a lista de documentários oscarizáveis. O primeiro aborda a rotina de refugiados da África e Oriente Médio na pequena ilha italiana de Lampedusa, ponto de parada de pelo menos 400 mil pessoas nestas condições nos últimos 20 anos. Já o outro filme narra a vida de Owen, um garoto norte-americano com síndrome de Down que tem como grande paixão os desenhos animados da Disney.

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