Cinema Moonlight: Sob a Luz do Luar é um retrato sensível sobre etnia e sexualidade Longa é um dos candidatos ao Oscar de melhor filme

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 24/02/2017 18:50 Atualizado em: 24/02/2017 16:13

Ashton Sanders interpreta a versão adolescente de Chiron. Foto: Diamond Films/Divulgação
Ashton Sanders interpreta a versão adolescente de Chiron. Foto: Diamond Films/Divulgação

A questão racial é um dos grandes temas do Oscar 2017, e Moonlight: Sob a luz do luar, que estreia hoje nos cinemas, pode, à primeira vista, parecer mais uma das obras que abordam o assunto de maneira incisiva. Pelo contrário, a tônica da produção está na sensibilidade e sutileza ao desenvolver a temática da identidade sem recorrer ao didatismo e aos clichês.

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Formalmente dividido em três atos, o filme percorre a vida de Chiron na infância, adolescência e idade adulta, cada período interpretado por um diferente ator. Na primeira fase, Alex Hilbert dá vida ao papel do garotinho negro que sofre perseguições de outros meninos da comunidade devido de seu comportamento introvertido e físico franzino, motivo para o apelido de Little (pequeno, em inglês).

Em meio a uma das frequentes perseguições sofridas, Chiron conhece Juan (Mahershala Ali), traficante local que, junto à parceira, Teresa (Janelle Monáe), acaba oferecendo ao garoto uma estrutura familiar que ele não encontra dentro da própria casa, por conta da relapsa mãe viciada em crack, Paula (Naomie Harris).

Com o lar em frangalhos e a mãe tendo comportamento cada vez mais abusivo, os problemas se agravam na adolescência e Chiron (agora vivido por Ashton Sanders) passa a sofrer bullying dentro da escola por conta da orientação sexual. Enquanto a homossexualidade ainda indefinida na infância já rendia perseguições, o aflorar durante a puberdade torna Chiron um alvo ainda maior de agressões físicas e verbais.

A personalidade do protagonista é bem desenvolvida, mesmo com o perfil contido e de poucas falas assumido muito bem pelos atores, inclusive na fase adulta, encarnada por Trevante Rhodes. Muito diferente do Chiron mostrado inicialmente, o personagem chega ao último ato quase irreconhecível.

Costurando questões a respeito de etnia, sexualidade e senso de pertencimento, entre outros temas, Moonlight é um bonito e melancólico trabalho de construção de personagem. Delicada e sensível, a direção de Barry Jenkins consegue contar a história de maneira crua e direta, mas sem soar apelativo ou melodramático. Essa franqueza, vista também no roteiro, assinado pelo diretor em parceria com Tarell McCraney, é provavelmente o que torna a trajetória de Chiron tão comovente.

Ironicamente, Moonlight, que é adaptação de uma peça teatral, chega a parecer mais crível do que longas baseados em fatos reais que concorrem ao Oscar de Melhor Filme, como Lion: Uma jornada para casa ou Estrelas além do tempo.

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