Diario de Pernambuco
Busca
CELEBRAÇÃO Maestro Forró celebra 15 anos de Orquestra Popular da Bomba do Hemetério Grupo formado em 2002 ficou conhecido pela fusão de ritmos pernambucanos com influências globais e performances inusitadas em palco

Por: Alef Pontes

Publicado em: 16/02/2017 08:00 Atualizado em: 16/02/2017 17:12

Maestro Forró e sua Orquestra Popular da Bomba do Hemetério se preparam para mais um carnaval. Foto: Marília Fraga/Divulgação
Maestro Forró e sua Orquestra Popular da Bomba do Hemetério se preparam para mais um carnaval. Foto: Marília Fraga/Divulgação

Apesar de fundamentada nos ritmos tradicionais da cultura pernambucana, a Orquestra Popular da Bomba do Hemetério está longe de ser considerada regionalista. Comandada pelo inquieto compositor, arranjador e trompetista Francisco Amâncio da Silva, mais conhecido como Maestro Forró, a "big band" que leva no nome o bairro de origem e tem como integrantes os próprios moradores da região, completa 15 anos de existência em 2017, promovendo encontros na universalidade da música.

Nascida em 2002, como Escola Comunitária de Música da Bomba do Hemetério, a OPBH dificilmente pode ser enquadrada no "formato acadêmico" de orquestra. Nas apresentações, Forró e sua equipe chamam a atenção pela forma inusitada em que os arranjos são construídos e apresentados. Coreografias, performances individuais e coletivas dos músicos e do próprio maestro se unem a instrumentação, canto e textos em cena. Assim como nas tradições populares, é impossível discernir onde começa e termina a música, a dança e o cênico no palco.

A revelação nacional aconteceu há dez anos, com o lançamento independente do álbum Jorrando cultura, em 2007, que dois anos depois ganhou uma reedição ao vivo e lançamento em DVD. Com sua presença de palco e figurino marcantes (sempre de coloridas bermudas, camisa de botão e sandália e, claro, munido dos óculos escuros), Francisco Amâncio da Silva conquistou reconhecimento, se consolidou como representante do cenário pop pernambucano e pretende levar a Bomba do Hemetério para onde for.

De lá pra cá, ele e os 21 músicos que o acompanham ganharam o mundo, realizando turnês na Europa, Nova York e Cuba. Entre os reconhecimentos, a orquestra foi agraciada com o Prêmio da Música Brasileira, em 2013, na categoria Melhor Grupo Regional, pelo disco #CabeçaNoMundo - o terceiro da carreira e último lançado. Em 2015, Forró recebeu a Ordem do Mérito Cultural, uma das maiores honrarias culturais do Brasil, entregue em 2015 pela presidente Dilma Rousseff. Na sequência, em 2016, foi eleito um dos homenageados do carnaval do Recife, ao lado das agremiações Maracatu Nação Porto Rico e Clube Misto Pão Duro. 

"Eu estou sempre em um estado de inquietação, procurando alternativas musicais", atesta o maestro. Foto: Ricardo Fernandes/DP
"Eu estou sempre em um estado de inquietação, procurando alternativas musicais", atesta o maestro. Foto: Ricardo Fernandes/DP

Mas, segundo afirma, a atividade de maior importância é a pesquisa, releitura e interação entre os elementos da música brasileira e o restante do mundo. A proposta é ventilar a música de orquestra, "popularizando o erudito e eruditizando o popular", conta. Em seu trabalho, ritmos tradicionais como o samba de coco, maracatu de baque virado e frevo se mesclam a musicalidade e suingue do soul, funk, ska e jazz, entre outros: "Eu estou sempre ligado nessa coisa da oxigenação da arte. Há vezes em que as coisas estão bem pertinho e não percebemos".

As comemorações da década e meia de carreira à frente do grupo foram iniciadas com o lançamento do single e clipe Maracatu tropical, faixa que vai estar presente no próximo álbum da OPBH, previsto para ser lançado no segundo semestre e que encabeça o repertório do carnaval deste ano. "Esta é uma composição que vai além do período de carnaval, pois mistura características de vários gêneros: o tradicional maracatu de baque virado, o samba, frevo, a ciranda e, claro, o manguebeat dos anos 1990", explica Forró.

Maracatu tropical é uma parceria com o músico Bráulio de Castro, de quem já gravou a faixa Tanajura, presente nos álbuns Jorrando cultura (2007) e Jorrando cultura ao vivo (2009). "Bráulio é um grande compositor veterano de várias músicas que a gente conhece, mas que não associamos ao nome", argumenta. Lançada no final de janeiro, a música é uma homenagem à Naná Vasconcelos - falecido no ano passado -, que será reverenciado em suas passagens pelos palcos do Recife. 

Confira o videoclipe de Maracatu tropical:


A justa homenagem é uma forma de recordar o mestre, com quem mantinha uma relação que extrapolava os limites musicais. "A gente tinha uma sintonia muito fina em relação à linguagem na música. Muitas vezes, quando estávamos juntos em palco, só com o olhar eu já sabia se era para ir pela linguagem acadêmica ou por outros caminhos", revela. Foi ao lado de Naná que participou de várias cerimônias de abertura do carnaval, executando arranjos, tocando ou na direção musical das apresentações.

Outra novidade deste ano é o reforço da cantora, atriz, instrumentista e bailarina Maria Flor - integrante das bandas Cabugá, Frevoeterno e SerTãoJazz -, que irá participar de todas as apresentações do carnaval 2017. O convite surgiu através dos encontros inusitados da carreira. Os dois já vinham sondando o trabalho um do outro há algum tempo e, por coincidência ou obra do destino, literalmente se esbarraram durante as celebrações do Dia do Frevo (9 de fevereiro). Foi o sinal que Forró precisava: não titubeou e emendou o convite. "Ela é uma figura jovem, que vem investindo na música com muita dedicação. Ainda não teve uma grande oportunidade e eu acredito que tem um grande futuro", elogia.

Cantora e passista de frevo, Maria Flor participa dos shows da OPBH durante o Carnaval. Foto: Marília Fraga/Divulgação
Cantora e passista de frevo, Maria Flor participa dos shows da OPBH durante o Carnaval. Foto: Marília Fraga/Divulgação

Acompanhe o Viver no Facebook:



MAIS NOTÍCIAS DO CANAL