Cinema Indicado ao Oscar, Lion: Uma jornada para casa é uma emotiva história baseada em fatos reais Filme erra a mão ao tentar extrair mais comoção em situações já naturalmente dramáticas

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 19/02/2017 18:01 Atualizado em: 18/02/2017 00:15

Revelação do filme, Sunny Pawar mostra atuação convincente e cativante. Foto: Diamond Films/Divulgação
Revelação do filme, Sunny Pawar mostra atuação convincente e cativante. Foto: Diamond Films/Divulgação

Algumas das histórias mais interessantes de se acompanhar são frutos não da imaginação, mas da realidade. Em cartaz nos cinemas, Lion: Uma jornada para casa é um daqueles dramas baseados em episódios verídicos que chama a atenção por lembrar o quão improváveis e surpreendentes podem ser os acontecimentos da vida de pessoas comuns.


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Indicado a seis categorias no Oscar, incluindo Melhor Filme, o longa adapta para as telas o livro autobiográfico Uma longa jornada para casa (Record, 224 páginas, R$ 34,90), de Saroo Brierley. De origem humilde, o autor indiano se desencontrou da família aos 5 anos de idade, ao sair de casa com irmão Guddu em busca de trabalho para auxiliar a mãe nas despesas do lar.

Perdido em uma estação ferroviária, Saroo acaba dormindo em um vagão e acorda com o trem em movimento, desembarcando em Calcutá, a 1,6 mil quilômetros da cidade natal. Ao desembarcar, o garotinho ainda enfrenta o desafio de não conseguir se comunicar com quase ninguém, por falar apenas hindi e não compreender bengali, o idioma local.

A história consegue fisgar o espectador nos primeiros minutos de projeção pela cativante performance de Sunny Pawar (Saroo) e Abhishek Bharate (Guddu), que convencem como irmãos. Com mais tempo em tela, o estreante Sunny se sobressai e, por conta do carisma, ajuda a tornar mais palatável a dramática jornada em que o personagem embarca.

Veja o trailer:



O pequeno ator não é o único da produção debutando no cinema: o diretor, o australiano Garth Davis, tem carreira consolidada na direção de comerciais e algumas passagens pela televisão. É uma boa estreia, embora nada se sobressaia em particular. A estrutura do filme é convencional, vista com frequência em dramas inspirados em acontecimentos verídicos.

A narrativa é linear e a direção parece, em alguns momentos, não acreditar no potencial dramático de algumas passagens, apelando para a trilha excessivamente emotiva e uma câmera que busca mostrar somente o aspecto mais miserável e pobre da Índia. Soa tendencioso a partir da segunda metade do filme, quando Saroo é adotado por um casal australiano, interpretado por David Wenham e Nicole Kidman. Enquanto praticamente todos os personagens indianos alternam entre a indiferença e a crueldade em relação a Saroon, o núcleo da Austrália é mostrado de maneira bem mais benevolente e cordial.

A metade final da trama se dedica à jornada para casa explicitada no subtítulo nacional do filme. Saroon já adulto, vivido pelo eficiente Dav Patel (indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante) vai em busca da família, tentando localizar a antiga casa na Índia, a partir de suas memórias da infância, com ajuda da ferramenta Google Maps. Emotiva e valorizada por boas atuações, Lion é uma bonita história que merece ser conhecida. Se peca em algumas passagens, é por tentar uma dose extra de comoção em situações já naturalmente dramáticas.

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