Guaiamum Treloso leva 3 mil pessoas para Aldeia e promete entrar de vez na agenda de grandes festivais do estado
Com mais de 30 shows e megaestrutura, prévia movimentou a Fazenda Bem-te-vi neste sábado (4)
Publicado: 05/02/2017 às 14:23

Tom Zé foi uma das grandes atrações do Guaiamum Treloso Rural. Foto: Agência Outside/Divulgação/
Parece que os festivais com proposta eco e ambientação rural entraram de vez na agenda dos pernambucanos. Ao menos, foi o que mostrou a prévia Guaiamum Treloso Rural realizada neste sábado (4), na fazenda Bem-Te-Vi, em Aldeia. Com uma megaestrutura em um amplo espaço aberto, três palcos, mais de 30 shows e performances - entre eles Tom Zé, Liniker, Baiana System e Tagore -, a prévia levou cerca de 3 mil pessoas para a Zona da Mata em um dia memorável.
Confira o roteiro de shows e prévias no Divirta-se
Quem chegou no início da tarde, pôde aproveitar o clima campestre do local com diversas atividades promovidas pelo evento, como aulas de slackline, uma feirinha de economia criativa ou mesmo realizar uma tatuagem. Para matar a fome e aguentar o tranco das longas horas de evento, food trucks ofereciam opções gastronômicas diversas, de crepes à temakis.
As primeiras horas do Guaiamum Treloso foram repletas de atrações locais. Um dos destaques foi o show da recifense Sofia Freire, que animou o público no Palco Skol com as faixas do primeiro disco Garimpo. Além de apresentar a inédita Canção da bruxa, que estará no próximo CD. A cantora foi sucedida pelo músico Clayton Barros, que contou com a presença de BNegão, numa união de cordas e beats para movimentar o público que começava a chegar em massa.
Um dos destaques do atual rock psicodélico pernambucano, Tagore subiu ao palco para mostrar com muito "punch" o refinamento estético o repertório do seu novo e elogiado álbum Pineal (2016). Faixas como a melancólica Concha, dividiram espaço ainda com músicas de intensas guitarras do álbum Movido a vapor (2014).
Dono de uma energia ímpar, o músico Tom Zé certamente era a atração mais esperada da noite. Subiu ao palco para apresentar o show Não tenha ódio no verão. Iniciada com versos dedicados ao festival, a apresentação o ícone da música brasileira contemplou canções de seu repertório recente, como Salva a humanidade e Esquerda, grana e direita, do álbum Vira lata na Via Láctea (2014), além de clássicos da carreira.
O palco ficou pequeno para o baiano, que dançava e pulava como menino - uma energia não acompanhada pelo público na primeira parte do show, que, admirado com as provocações poéticas de seus versos concretos e trocadilhos, assistia a cada movimento atentamente. Mas Tom sabe bem como despertar e, como uma profecia, mandou a clássica Menina, amanhã de manhã, cantada em coro pela multidão agora em êxtase, fazendo a felicidade derramar-se na Fazenda Bem-te-vi. Outra letra acompanhada palavra a palavra foi a do samba Augusta, Angélica e Consolação, celebrada pela audiência já em êxtase.
Outra atração muito aguardada na noite, o paulista Liniker chegou com a intimidade desenvolvida com a plateia em sua quarta apresentação no estado. O tom de ineditismo do Rec-Beat, em 2016, foi se desfazendo ao longo das apresentações que fez na capital pernambucana. Neste sábado, o clima era de afinidade, e o público cantou em coro, juntinho do palco, canções do primeiro álbum de carreira da banda Liniker e os Caramelows, Remonta. Tua, Sem nome mas com endereço e Prendedor de varal se uniram às faixas mais antigas, Caeu e Zero, que integram o EP Cru. O show contou ainda com a impactante participação da pernambucana Karina Buhr, que dividiu os vocais com o paulista e interpretou músicas como a selvática Eu sou um monstro de seu repertório próprio
Depois foi a vez do palco Mr. Freyer - que a essa altura já havia recebido as apresentações de Projeto Sal, Gudicarmas, Inner Kings e Mamelungos - incendiar com a banda olindense Academia da Berlinda, transformando o solo barrento da fazenda em uma verdadeira pista de dança. Nêgo nervoso, Manteiga no pão e a prece Dorival do novo disco do grupo, Nada sem ela (2016), mostraram que já estão na boca dos pernambucanos. E nos pés também, haja energia. A noite já começava a caminhar para suas apresentações finais, mas ninguém parecia se importar com o cansaço ou suor, tamanha a entrega. O show contou ainda com sucessos do disco Olindance (2011) e uma homenagem ao músico Erasto Vasconcelos, falecido no ano passado, um dos homenageados do carnaval de Olinda deste ano. Em um momento marcante, os integrantes da Academia da Berlinda dedicaram ainda a apresentação à Marisa Letícia, esposa do ex-presidente Lula, que faleceu no dia anterior em decorrência de um AVC.
O Palco Pitú, armado sob uma tenda de circo com 18 atrações em sua programação, teve como destaque as apresentações de três grupos pernambucanos que misturam elementos da musicalidade local com poéticas globais. Guitarrista e vocal da Bande Dessinée, Barro apresentou o resultado de seu primeiro voo solo nas canções pops de Miocárdio. Outro integrante da Dessinée que toca paralelamente experimentações próprias, o músico Márcio Oliveira reapropriou em palco um instrumento que normalmente é associado ao background sonoros. No front, o trompete de Encabeçando - trabalho de estreia de Márcio - é o protagonista de uma musicalidade dançante repleta de batuques regionais e reverências à musicalidade negra.
Formado por Thiago Martins, Rogério Samico, Rodrigo Félix e Carlos Amarelo (guarde bem esses nomes), a banda Marsa vem se destacando como um dos expoentes da nova canção pernambucana desde que ganhou o prêmio de melhor banda no Festival PréAmp 2015, considerado uma vitrine para novos grupos. A sonoridade pop com identidade regional do grupo encanta pela propriedade do bem elaborado repertório do álbum de estreia, Circular Movimento. No show do Guaiamum Treloso, a banda contou ainda com a presença do músico e iluminador Thiago Lasserre fazendo a iluminação diretamente do meio de palco.
De volta ao palco principal para sua última apresentação, outra das mais aguardadas da noite: o grupo Baiana System. Com uma sonoridade eletrizante que mistura sound system com elementos da música brasileira, o grupo estava se sentindo em casa - e o público respondeu a altura, em êxtase com as batidas e performances de cada faixa do trabalho Duas cidades. Nem mesmo uma chuva amenizou o calor do público ao som do hit Playsom. "Quando a gente chegava, há dez anos, para tocar em São Paulo e a galera perguntava 'vocês são de Recife?', a gente respondia: 'também!!'", afirmou um dos integrantes, saudando as bandas pernambucana Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, Eddie e especialmente Karina Buhr, com quem o grupo havia se apresentado em Salvador, no dia 2 de fevereiro: "São referências pra alma".
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