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Carnaval 2017 Nações de maracatu fazem últimos ajustes para o primeiro carnaval sem Naná A 11 dias da abertura oficial da folia de Momo, grupos se adaptam para afinar os baques e loas

Por: Alef Pontes

Publicado em: 13/02/2017 18:19 Atualizado em: 13/02/2017 19:09

Maracatus ensaiavam coletivamente na Rua da Moeda. Foto: Allan Torres/PCR/ Divulgação
Maracatus ensaiavam coletivamente na Rua da Moeda. Foto: Allan Torres/PCR/ Divulgação


Faltando 11 dias para a chegada dos dias de folia do carnaval, agremiações de maracatu de baque virado - conhecido como maracatu nação - fazem os últimos preparativos para a abertura do festejo e do desfile competitivo. No primeiro ano após a morte do músico e compositor Naná Vasconcelos, que comandou durante 15 anos os ensaios e encontros de agremiações, nações de maracatu têm que se adaptar para ficar com tambores e cantos afinados durante os dias de coroação e reinado.

Com a ausência do mestre percussionista e a necessidade de acertar os baques e cortejos para a cerimônia de largada do carnaval, os mestres de apito passam a ser coadjuvantes nos ensaios. Auxiliando na coordenação dos encontros, representantes dos maracatus acompanham os preparativos abertos de outros grupos em ação inédita. Segundo a coordenadora do encontro das nações no carnaval, Paz Brandão, a ação reforça o compromisso unânime assumido pelas nações em não haver substituto para o mestre Naná Vasconcelos.

"O desafio foi lançado e eles estão fazendo o trabalho na prática, ajudando os colegas na marcação, ensinando baques e ajudando nos ensaios, gerando um clima de harmonia", ressalta Brandão, uma vez que, entre as agremiações, não é raro sentir um leve clima de animosidade devido às disputas inerentes aos concursos do carnaval. "O intercâmbio dos mestres coloca essa 'tradição' abaixo", pontua.

Os encontros já vêm acontecendo há semanas, com resultados positivos e "uma união promissora entre os grupos de baque virado". "É o momento de os grupos estarem cada vez mais unidos, para, juntos, garantirmos a manutenção da nossa tradição", conta Fábio Sotero, presidente da Associação de Maracatus Nação de Pernambuco. Na segunda-feira (13), mestres de apito e representantes de diversos grupos participam do ensaio aberto do Maracatu Estrela Dalva, a partir das 18h30, no Coque, ao lado do Terminal Integrado de Joana Bezerra. Na próxima quarta-feira (15), no mesmo horário, é a vez da nação Almirante do Forte ser anfitriã, no Bongi.

Além dos ensaios individuais, o maracatus de baque virado realizam ensaios coletivos preparatórios para o cortejo de abertura do carnaval. Os encontros, que ficaram marcados pela regência direta de Naná Vasconcelos, tradicionalmente realizados na Rua da Moeda, foram levados ao Pátio de São Pedro na semana passada. A decisão foi tomada após integrantes de três maracatus se depararem com a estrutura do palco desligada para o ensaio, na Rua da Moeda, no dia 3 de fevereiro.

Entenda o caso
Na primeira sexta-feira do mês (3), a programação oficial da Prefeitura do Recife marcava o segundo dia de ensaios coletivos dos maracatus de baque virado para a abertura oficial do carnaval do Recife. Na agenda, as nações Aurora Africana, Cambinda Estrela e Raízes do Pai Adão deveriam realizar os acertos de batuque e o ensaio da canção Minha lôa, em homenagem a Naná Vasconcelos. Porém, os grupos de depararam com a estrutura de palco incompleta e, sem resposta sobre a situação, tiveram de retornar para as sedes sem realizar o ensaio.

Segundo o presidente da Amanpe, Fábio Sotero, houve uma tentativa posterior de remarcar o ensaio para a segunda-feira seguinte (6), rejeitada pelas agremiações: "É inviável deslocar dezenas de integrantes numa segunda, todo mundo trabalha ou estuda no dia seguinte, sem contar que não há público ou segurança". Em nota enviada pela assessoria de imprensa, a prefeitura informou que houve um "problema de logística" e, por isso, em comum acordo com os maracatus, ficou decidido que os próximos ensaios seriam no Pátio de São Pedro, "que possui maior capacidade para receber a quantidade de batuqueiros das nações".

O acordo sobre a nova data e local veio após uma reunião entre a Secretaria de Cultura do Recife e representantes de nações de maracatu, realizada na  terça-feira (7). "A prefeitura apresentou um projeto, os mestres e presidentes dos maracatus apresentaram uma contra proposta. Houve um diálogo e acabou ocorrendo uma junção dos projetos", relata Sotero. Ao final da reunião, a Secult se comprometeu a ressarcir os custos de transporte das agremiações que estiveram na Rua da Moeda na sexta-feira anterior.

Preparativos finais
Nesta sexta-feira (17), a partir das 18h, cinco nações se encontram no Pátio de São Pedro para o tradicional ensaio coletivo. No dia 21 de fevereiro, a Associação de Maracatus Nação de Pernambuco promoverá um encontro de mestres e batuqueiros de 25 maracatus no mesmo local. A partir das 17h, representantes de cada agremiação associada se revezam no palco para cantar duas loas de sua nação, acompanhada pelos batuqueiros de todos os grupos. Mais tarde, no mesmo dia, às 20h, o Marco Zero do Recife sedia o ensaio geral com 13 nações para a abertura oficial do carnaval da cidade.

A abertura acontece no dia 24 de fevereiro, a partir das 18h, no Marco Zero. Nela, as 13 nações serão acompanhadas do grupo Voz Nagô, da Orquestra do Maestro Edson Rodrigues e de três artistas convidados - Virgínia Rodrigues, Lenine e Nilsinho Amarantos, o maestro que acompanhava Naná Vasconcelos -, em uma homenagem ao mestre percussionista.

A consolidação de um ano de trabalho duro chega para os grupos no dia 26 de janeiro, com o desfile competitivo do concurso de agremiações. Na cerimônia, as nações são avaliadas em diversas categorias relacionadas ao cortejo, composições de loas e execução de baques. O período conta ainda com outra importante apresentação de cunho sagrado para as agremiações: a Noite dos Tambores Silenciosos do Recife (dia 27, no Pátio do Terço).

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