Música Alicia Keys, Regina Spektor e outras cantoras se reinventam ao piano Nomes da música pop e da soul music dão protagonismo ao instrumento em novos discos

Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco

Publicado em: 07/02/2017 20:52 Atualizado em: 07/02/2017 18:10

Alicia Keys dá protagonismo ao piano em Here. Foto: aliciakeyesmusic.com/Reprodução da internet
Alicia Keys dá protagonismo ao piano em Here. Foto: aliciakeyesmusic.com/Reprodução da internet

Quando a cantora e compositora novaiorquina Alicia Keys revelou ao mundo seu sexto álbum de estúdio, o recém-lançado Here (RCA Records, R$ 44,90, disponível no Spotify), ela falou repetidas vezes sobre como o novo projeto era semelhante ao primeiro disco da carreira, Songs in a minor (2001). “Encontrei a ‘eu’ de lá atrás”, declarou em entrevistas, classificando as duas produções como pouco lapidadas - sendo esta a característica que, segundo Alicia, tornava as músicas mais autênticas.

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Ela escolheu as palavras “poderosa” e “crua” para descrever a nova fase, uma espécie de retorno ao próprio ponto de partida através da voz e do piano, elementos-chave de Here e da história dela. Espelhou tendência criada nos últimos meses pela movimentação de artistas como Norah Jones, Emeli Sandé, Jojo e Regina Spektor, que, ao piano, revisitaram os primeiros passos de suas trajetórias musicais.

“As pessoas vão falar que Songs in a minor era o álbum favorito delas. É um dos meus favoritos também”, disse Alicia Keys em diferentes entrevistas internacionais compartilhadas no seu site. “Ambos foram muito menos editados, menos censurados, têm mais consciência do que está sendo dito e do que não está. É a mesma energia”, avaliou. Ao reverenciar os primeiros passos da carreira, ela entusiasmou fãs, mesmo efeito causado por Norah Jones com o também recém-lançado Day breaks (Blue Note Records, R$ 27,90, disponível no Spotify).

Bem recebido pelo público e crítica, Day breaks resgata o jazz de Come away with me (2002), primeiro disco de Norah. A nostalgia e o reencontro com os nichos musicais nos quais se lançaram revigorou a relação das duas intérpretes com o mercado fonográfico: Alicia e Norah não gravavam inéditas em estúdio há quatro anos. Agora, regressam à essência do R&B e do jazz, respectivamente, em busca de reafirmar suas identidades sonoras. É o caso, ainda, da escocesa Emeli Sandé: no formato piano e voz, faz R&B contemporâneo no recente Long live the angels (Virgin Records, disponível no Spotify), sucessor de Our version of events (2012). Sandé recorre às origens musicais para se firmar como intérprete, após ceder composições a artistas como Leona Lewis e Susan Boyle.

A sonoridade “limpa” (quando o piano é posto em segundo plano, o violão domina, sozinho, o pano de fundo para as vozes das cantoras) dá destaque às letras de Alicia Keys, Norah Jones, Emeli Sandé, Regina Spektor e Jojo - as duas últimas com produções mais pop. Em faixas como Blended family (what you do for love), Where do we begin now e The gospel (que ganhou curta-metragem homônimo, disponibilizado no YouTube em paralelo ao disco, denunciando o tratamento policial dirigido a pessoas negras em Nova York), Keys evoca temáticas como feminismo, desconstrução de padrões de beleza, liberdade religiosa, racismo e combate a vícios. Todas aproveitam o formato para dar vazão a músicas confessionais, dedicadas a mazelas sociais ou escritas em períodos conturbados de suas vidas pessoais.

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Norah Jones

Depois de se aproximar da música pop e indie, Jones voltou ao jazz do início da carreira em Day breaks. São nove faixas autorais e três versões lançadas em CD e edição limitada em vinil. Público e crítica elogiaram a cantora pelo regresso à performance obtida em Come away with me, seu álbum de estreia, o mais festejado pelos fãs até então. No novo disco, ela deixa de lado a guitarra elétrica e regressa a seu lugar ao piano. And then there as you e Carry on são destaques do repertório.



Emeli Sandé
O sucessor do álbum Our version of events, estreia da escocesa Sandé, destaca o lado compositora da artista - sua habilidade mais reconhecida. Breathing underwater e Garden foram as primeiras faixas a ganhar videoclipe, em novembro passado. As letras dela, antes ofertadas a artistas como Wiley e Wretch 32, foram requisitadas por artistas como Alicia Keys, Katy Perry e Rihanna nos últimos anos. Ganham destaque com o instrumental protagonizado pelo piano na nova fase.



Regina Spektor

Em Remember us to life, prensado em CD e vinil, Spektor lança mão de letras confessionais e arranjos vocais com agudos marcados. As letras, escritas após o nascimento do filho, são íntimas, sensíveis. Em entrevistas, a cantora revelou que boa parte delas foi composta com o bebê nos braços, entre os cuidados pós-gestação. O piano vem bruto e associado a outros instrumentos, agregando aura de romantismo e delicadeza à obra. Os versos de Grand hotel e The trapper and the furrier, mais carregadas, ganham força com o piano.



Jojo

Dez anos após o último disco, intervalo durante o qual produziu três Eps e alguns singles, Jojo regressou ao mercado com Mad love. Ela usa o piano para reafirmar sua relação com as composições autorais, dedicadas ao crescimento pessoal entre os 15 e 25 anos. Ela chegou a dizer que se sentia um produto no início da carreira e que foi convencida de que não era boa o suficiente para vender a própria música. O piano lhe serve, em Mad love, como recurso para demonstrar amadurecimento musical, distanciando a imagem dela da adolescente pop.



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