Entrevista 'Revolucionamos o sertanejo e mostramos que mulher pode beber, sofrer e ser livre', dizem Maiara e Maraisa Em conversa com o Viver, irmãs gêmeas, de uma das duplas sertanejas mais badaladas, falam sobre preconceito, carreira e novos planos

Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco

Publicado em: 14/01/2017 11:25 Atualizado em: 13/01/2017 15:49

Após estourarem como compositoras nas vozes de outros artistas, Maiara & Maraisa chegaram ao sucesso como intérpretes. Foto: Reprodução/Facebook
Após estourarem como compositoras nas vozes de outros artistas, Maiara & Maraisa chegaram ao sucesso como intérpretes. Foto: Reprodução/Facebook


Aos 29 anos, as irmãs gêmeas Maiara e Maraisa formam uma das duplas sertanejas mais badaladas da atualidade e colhem os frutos do sucesso. Elas se tornaram conhecidas compondo hits para nomes como Jorge & Mateus, Henrique & Juliano e Cristiano Araújo. Mas estouraram como intérpretes em 2016 depois três anos de trabalho e do primeiro CD e DVD (Ao vivo em Goiânia), que estourou as músicas Medo bobo e 10% no Brasil. 

As irmãs têm como marca apresentações animadas e regadas a sofrência, cuja fórmula amor-traição-balada-bebida tem sido sinônimo de sucesso e casa cheia. Embora famosas e começando a realizar sonhos, Maiara e Maraisa mantém os pés no chão na carreira, mas assumem o papel de novas estrelas do sertanejo. 

"Nós e outras mulheres mudamos o cenário. O mercado até então era dominado por botinas e chapéus, aí chegamos e mostramos que mulher pode usar salto e cantar moda sertaneja", disse Maiara, em entrevista ao Viver. Ao lado de outras cantoras, como Marília Mendonça, Naiara Azevedo e Simone e Simaria, todas com sucesso no último ano, elas têm mostrado, de fato, que o salto tem emparelhado com as botinas. Confira a entrevista:

O ano de 2016 foi determinante na carreira musical de vocês, no qual mostraram a força de intérpretes com músicas que caíram na boca do povo, após escreverem letras que se tornaram sucesso nas vozes de outros artistas. Também foi um ano em que o sertanejo mostrou a força das mulheres na música em um meio onde ainda existe muito preconceito? Vocês, juntas a outras artistas femininas, acham que estão revolucionando o mercado da música? 
 
Maiara: De certa forma foi, sim, uma revolução, nós e outras mulheres mudamos o cenário. O mercado até então era dominado por botinas e chapéus, aí chegamos e mostramos que mulher pode usar salto e cantar moda sertaneja, e essa mesma mulher pode sofrer porque foi traída, pode beber, pode ser livre.

Vocês são as vozes responsáveis por duas músicas, Medo bobo e 10%, estarem entre as mais ouvidas no Brasil, no último ano. Esperavam atingir o topo logo no primeiro trabalho? A que atribuem tamanha rapidez e sucesso em tão pouco tempo?  

Maraisa: Esperávamos chegar. Parece que foi rápido mas a gente vem tentando faz tanto tempo. O que surpreendeu é que fomos muito bem recebidas e tudo o que fizemos caiu no gosto do pessoal. O que nos inspira são as histórias de vida que passamos, que ouvimos, as conversas, tudo isso.

Jorge & Mateus, Henrique & Juliano e Cristiano Araújo são artistas que gravaram composições de vocês. Foram canções criadas e que eles pediram para gravar ou compostas sob encomenda?

Maraisa: Na verdade, eu tinha músicas gravadas e, como conhecia os meninos, eles foram ouvindo e gostando. Aí gravaram nossas músicas. E também muitas vezes eu escrevia e já mostrava pra ele. Eu imaginava o Jorge, por exemplo, cantando.

Como vocês avaliam o momento da música sertaneja atual, na qual muitos talentos têm surgido, principalmente nomes femininos, e desbancado medalhões do ritmo? Quais as diferenças entre o sertanejo de 20 anos atrás e o de hoje?

Maiara: Acho que está mais atual, passou a ser bem pop e continua com o romantismo, mas numa linguagem mais direta. A gente tenta sempre manter a tradição, tanto que Zezé di Camargo & Luciano e Bruno & Marrone são referências para a gente. Queremos sempre ter conteúdo que mexa com os sentimentos das pessoas, que elas se identifiquem quando ouvirem a gente, nossas letras.

O sertanejo, tradicionalmente, era um reduto musical onde prevaleciam os artistas masculinos, com algumas exceções, como As Galvão (Ex-Irmãs Galvão), Sula Miranda e Roberta Miranda. Mas nos últimos anos este cenário tem mudado com a chegada de artistas como Paula Fernandes, Thaeme, Marília Mendonça, Naiara Azevedo e vocês, entre outras. Quais as dificuldades que enfrentaram ao decidirem não apenas compor para outros artistas, mas aceitarem o desafio de serem intérpretes? Existe preconceito contra mulheres no sertanejo?

Maraisa: Olha, de um ano pra cá não temos sofrido mais preconceitos, a mulherada foi aceita! Mas no começo sofríamos sim, eles achavam que mulher não podia cantar em festa de peão, feiras, era um mercado totalmente dominado por duplas masculinas. Hoje estamos aí e estes homens que nos ajudaram, eles foram gravando nossas composições e assim conseguimos alcançar o palco e nos tornar conhecidas.

Após a ascensão e o reconhecimento pelo trabalho no último ano, quais os novos projetos profissionais de Maiara e Maraisa para 2017?   

Maiara: Vamos lançar nosso segundo DVD, gravado no ano passado em Campo Grande, e trabalhar fazendo shows pelo Brasil. ueremos continuar cantando e fazendo o que a gente ama! E claro, quando pintar uma ideia, vamos compondo, isso a gente nunca vai parar.



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