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Cinema Jornalista e fotógrafa Ana Farache será nova gestora do Cinema da Fundação A função, que foi exercida durante 18 anos pelo cineasta Kleber Mendonça Filho, diretor de Aquarius, está ocupada interinamente pelo jornalista e crítico Luiz Joaquim

Por: Isabelle Barros

Publicado em: 16/01/2017 08:02 Atualizado em: 16/01/2017 20:44

Gestora vai suceder Kleber Mendonça Filho. Foto: Tatiana Miranda/Facebook/Reprodução
Gestora vai suceder Kleber Mendonça Filho. Foto: Tatiana Miranda/Facebook/Reprodução


O comando das atividades da Fundação Joaquim Nabuco relacionadas ao cinema vai trocar de mãos, desta vez de forma definitiva. Quem deve assumir o cargo de coordenadora do Cinema da Fundação e controlar a programação de suas duas unidades, no Derby - atualmente em reforma - e em Casa Forte é a jornalista e fotógrafa Ana Farache. O antigo ocupante do cargo era o cineasta Kleber Mendonça Filho, que pediu demissão em outubro do ano passado. Interinamente, a função está sendo exercida pelo jornalista e crítico Luiz Joaquim, que trabalha na instituição desde 2001 e atuava em parceria com Kleber até a saída do diretor de Aquarius. É da alçada da coordenação a curadoria cinematográfica e a administração de duas salas de projeção com 370 lugares ao todo. Os filmes exibidos nos espaços desde 1998 (a sala do Cinema do Museu está ativa desde 2015) atraíram mais de 800 mil pessoas. 

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Ana atua como fotógrafa há mais de 30 anos e lançou, em novembro passado, o livro Vivencial: Imagens do afeto em tempos de ousadia, com imagens do Grupo de Teatro Vivencial, um dos mais ousados dos anos 1970 e 1980 em Pernambuco. Na área de cinema, idealizou o festival Brasil Stop Motion, que aconteceu durante cinco edições entre os anos de 2011 e 2015. A mudança na gestão do setor foi confirmada pelo presidente da Fundação Joaquim Nabuco, Luiz Otávio Cavalcanti. No entanto, a nomeação e a consequente posse no cargo ainda não têm prazo definido para acontecer, ficando a cargo do Ministério da Educação, órgão federal ao qual a Fundaj é vinculada. Com a mudança, Luiz volta para o cargo anterior como chefe de seção, subordinado à coordenação de cinema.

Luiz Otávio justifica a escolha afirmando que conta com a sensibilidade de Ana Farache para dar prosseguimento ao programa institucional da Fundação. “Ela é uma pessoa competente, ligada à área. Luiz Joaquim é da casa, fez escola com Kleber e tem contribuído muito. Vamos fortalecer as atividades ligadas ao cinema. Já temos um convênio de cooperação com o cinema francês por meio do Festival Varilux e quereremos conversar com o cônsul da Itália e com o Instituto Cervantes”. Perguntado sobre o porquê de Luiz Joaquim não ter sido efetivado na coordenação, rebateu: “Estas são questões internas da instituição”. Procurado pela reportagem do Viver, Luiz Joaquim não quis comentar.

Ana Farache, por sua vez, diz ter ficado contente e honrada com o convite e promete se empenhar na função. “O cinema teve sua história construída e consolidada, principalmente, pela sensibilidade e competência de Kleber Mendonça Filho. Fico também contente em contar, neste meu novo desafio, com uma equipe tão eficiente e, em especial, com Luiz Joaquim. O que desejo ao me juntar a ela é contribuir para que o Cinema da Fundação continue sendo este espaço agregador que não apenas exibe filmes, mas que promove reflexões”, afirmou. 

O Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, no Derby, consolidou suas atividades a partir dos anos 1990, principalmente após Kleber Mendonça Filho ter começado a a atuar como programador do local. O perfil da sala, diversificado e com muitos títulos premiados em festivais de cinema, atraiu gerações de cinéfilos. A atuação de Kleber, seja como programador, seja após a repercussão do filme Aquarius (2016), ampliou a visibilidade da instituição e, por extensão, do cargo. Em agosto de 2015, mais uma sala foi inaugurada, no campus da Fundaj em Casa Forte, e ficou conhecida como Cinema no Museu. Em dezembro do mesmo ano, as atividades do Cinema da Fundação no Derby foram suspensas por conta de uma reforma realizada em todo o prédio. “Ele deve ser reaberto em outubro deste ano”, afirma o presidente da Fundaj. “As obras visam não apenas a reconstrução do prédio, mas o reequipamento de todas as áreas que serão desenvolvidas lá”, completa.

OPINIÃO

Kleber Mendonça Filho, cineasta, diretor de Aquarius e ex-coordenador de cinema da Fundação Joaquim Nabuco
Ao me desligar da Fundação, para mim só existia uma única opção no sentido de o trabalho no Cinema da Fundação ter continuidade: Luiz Joaquim ser promovido, honrando os 15 anos de serviços incríveis prestados à Fundacao Joaquim Nabuco. Nesses anos, eu sempre tive Luiz como um colaborador de primeira grandeza sem nunca me impor como chefe ou exigir hierarquias, mas oficialmente ela existia. Com a minha saída, ele deve passar a ocupar o meu lugar, natural e justamente. Luiz é não apenas uma pessoa de cinema, mas um servidor exemplar em cargo comissionado que dá orgulho ao serviço público, já proficiente nas peculiaridades dessa instituição federal. Ele deve ser estimulado pois o trabalho realizado no Cinema da Fundação foi todo construído no amor pelo próprio cinema.

Sérgio Oliveira, diretor e realizador de Superorquestra Arcoverdense de Ritmos Americanos, premiado no Festival do Rio 2016
Eu já tinha ouvido falar bem de Ana Farache, mas não a conheço pessoalmente. Desejo que ela faça um bom trabalho. Eu espero o melhor das pessoas e acredito que todo mundo pode ter uma chance. No entanto, eu não apoio o Governo Federal, o considero golpista, e jamais aceitaria este cargo se estivesse no lugar dela.

João Vieira Jr., produtor e sócio da Rec Produtores
Um produtor deve estar atento da legislação do setor ao perfil das salas de cinema. As salas do Cinema do Museu e do Cinema da Fundação têm especificidades: uma é nova, ainda se consolidando, e a segunda formou gerações de cinéfilos, é referência nacional em programação. Mudar o perfil pode trazer prejuízos ao trabalho desenvolvido durante anos e pode até perder público. Acho que Luiz Joaquim é a pessoa mais qualificada para programar o Cinema do Museu e o Cinema da Fundação por ter o conhecimento adquirido para isso, com anos de trabalho e dedicação. Outros indicados podem ser talentosos, mas por que assumem o posto superior se não tem experiência no assunto ou na instituição? A vaga de programador assistente deveria ser destinada a um novo profissional, que se qualificará trabalhando com Luiz Joaquim. Acho que seria nobre e elegante se a Fundação Joaquim Nabuco fizesse uma escuta junto aos profissionais do cinema do Recife, saber a opinião, ouvir sugestões. Seria um bom motivo para dialogar com a comunidade cinematográfica da cidade, já que vivemos um momento onde se escuta as bases tão pouco (ou nada).

NÚMEROS CINEMA - FUNDAJ

PÚBLICO
815.159 espectadores de 1998 até 2016

FILMES MAIS VISTOS EM 2016
1° - Aquarius - 3759 espectadores
2° - Julieta - 2.641 espectadores
3° - Boi Neon - 1.532 espectadores
4° - Mãe só há uma - 1.268 espectadores
5° - O menino e o mundo - 1.194 espectadores
6° - Janis Little Girl Blue - 765 espectadores
7° - Tangerine - 765 espectadores
8° - O valor de um homem - 685 espectadores
9° - Cinco Graças - 676 espectadores
10° - 8 1/2 - 496 espectadores

CAPACIDADE
Cinema da Fundação - Derby - 197 poltronas e 3 espaços para cadeirantes
Cinema do Museu - Casa Forte - 166 poltronas e 4 espaços para cadeirantes

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