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TV 'Chega de mimimi machista', dispara Fernanda Lima na volta do Amor & Sexo Misoginia, xingamentos, liberdade sexual e violência contra a mulher foram tema do Amor & Sexo, com participação de Elza Soares, Gaby Amarantos e Karol Conka

Por: Luiza Maia - Diario de Pernambuco

Publicado em: 27/01/2017 01:27 Atualizado em: 27/01/2017 01:37

Eduardo Sterblitch foi submetido a uma brincadeira para discutir machismo. Foto: TV Globo/Reprodução
Eduardo Sterblitch foi submetido a uma brincadeira para discutir machismo. Foto: TV Globo/Reprodução

Com programa comentadíssimo na internet, Fernanda Lima retomou nesta quinta-feira o Amor & sexo com debate sobre feminismo. Além de liberdade sexual das mulheres, tema caro à proposta da atração, a apresentadora investiu em abordagens importantes para a desconstrução do machismo, em raro espaço na televisão aberta. Xingamentos baseados em gênero, preconceito, misoginia, racismo, transfobia e violência contra as mulheres foram alguns tópicos abordados na estreia da décima temporada. Fernanda Lima, Gaby Amarantos e Karol Conka abriram a edição com interpretação de Piranha (É um peixe voraz/ De São Francisco/ Não perdão/ Rio São Francisco), de Alípio Martins, para ironizar a discussão sobre adjetivos depreciativos usados para descrever mulheres. As convidadas foram todas do sexo feminino, entre pesquisadora, ativista, roteirista, profissional do sexo e a cantora Pablo Vittar.

"A gente acredita na igualdade de direitos entre homens e mulheres. Para quem não sabe, isso é feminismo", esclareceu Fernanda sobre a proposta do programa, comentado nas redes sociais por Daniela Mercury e Valesca Popozuda. Os homens tiveram as bocas tampadas e foram submetidos a "choques (literalmente) de realidade". "Opa, opa, 'peraí'. Meninos, me desculpem, mas neste momento do programa vocês vão só ouvir", esclareceu Fernanda, interrompendo José Loreto, antes de uma "piranha elétrica" distribuir as fitas. Outra personagem da noite foi Clitônia, que deu uma aula sobre o clitóris e o prazer feminino, enquanto escancarava o notório protagonismo do pênis nas relações sexuais. 

Em alusão ao histórico dia da Queima do Sutiã - protesto contra a realização do Miss América, em 1968, que nunca chegou a ter fogo, mas incendiou como se houvesse chamas -, convidadas e bailarinas do Amor & sexo jogaram os trajes íntimos em um barril e bravejaram frases de luta por igualdade. "Pelo prazer de ser uma mulher homossexual", "Eu sou mulher, e o meu  lugar é onde eu quiser", "Amigas, não finjam orgasmo", "Não sou obrigada a usar sutiã", "Pelo direito de ser gostosa", Mulher preta não é só sexo", "Eu não preciso vestir 36", "Se eu quiser, eu dou na primeira vez", "Meu nome não é psiu", "Eu não mereço ser estuprada", "Mexeu com uma mexeu com todas" foram alguns dos "gritos de guerra".

Estreante, o ator e humorista Eduardo Sterblitch foi submetido a um trote de "boas-vindas", no qual ele precisava provar ser um homem desconstruído, antes de passar a integrar a bancada de jurados do programa, composta por Otaviano Costa, Mariana Santos, José Loreto, Dudu Bertholini e Regina Navarro Lins. Ícone do feminismo, Elza Soares cantou a icônica Maria de Vila Matilde (Cadê meu celular?/ Eu vou ligar pro 180/ Vou entregar teu nome/ E explicar meu endereço/ Aqui você não entra mais), canção contra a violência doméstica integrante do premiado disco A mulher do fim do mundo, lançado em 2015. 

O encerramento do programa foi dedicado a números, sob o argumento de que são necessários para fomentar políticas públicas: a cada quatro minutos, uma mulher dá entrada entrada no SUS por ter sofrido violência; seis a cada dez brasileiros conhecem uma vítima; a cada 11 minutos, uma mulher é estuprada; 13 mulheres negras são assassinadas por dia; 26% mulheres que já sofreram violência continuam com os agressores; 37% dos brasileiros acham que mulheres que se dão ao respeito não são estupradas; homicídio entre negras aumentou 54%; 70% dos estupros são praticados por desconhecidos; 85% das mulheres têm medo de ser violentadas; 497 é o número de delegacias da mulher no Brasil, menos de 10% da quantidade de municípios. "Chega de mimimi machista. Enquanto houver desigualdade entre homens e mulheres, a luta nao pode parar", concluiu a apresentadora. 

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