Música Ayrton Montarroyos sai em defesa de MC Troinha: 'É cultura sim' Cantor recifense se manifestou no Facebook do Diario de Pernambuco diante da repercussão provocada pela reportagem "MC Troinha é nova sensação do brega recifense"

Publicado em: 19/01/2017 13:41 Atualizado em:

Fotos: TV Globo e YouTube/Reprodução
Fotos: TV Globo e YouTube/Reprodução

Diante da repercussão provocada pela reportagem MC Troinha é nova sensação do brega recifense, publicada pelo Viver, o recifense Ayrton Motarroyos saiu em defesa do cantor e compositor de brega-funk e arrocha. "Cultura é o conjunto de manifestações artísticas, sociais, linguísticas e comportamentais de um povo ou civilização. É cultura sim!", escreveu o artista, famoso após chegar à final da quarta temporada do reality show The voice Brasil, em 2015, no qual cantou clássicos da música popular brasileira. O comentário foi apoiado por 250 internautas no Facebook do Diario de Pernambuco.
"Mas o corta-jaca de que eu ouvira falar há muito tempo, que vem a ser ele, Sr. Presidente? A mais baixa, a mais chula, a mais grosseira de todas as danças selvagens, a irmã gêmea do batuque, do cateretê e do samba. Mas nas recepções presidenciais o corta-jaca é executado com todas as honras de música de Wagner, e não se quer que a consciência deste país se revolte, que as nossas faces se enrubesçam e que a mocidade se ria!". Este trecho foi retirado de uma carta do senador Rui Barbosa ao então presidente Hermes da Fonseca. E falava sobre Chiquinha Gonzaga e sua música. Como podem ler no trecho, os ritmos e a cultura do povo sempre foram deslegitimados. Não repitamos os mesmo equívocos do passado. Deixemos o povo ter voz!", continuou Ayrton.

A reportagem sobre MC Troinha, alcunha de Arthur Felipe da Silva Alves, de 26 anos, teve 8,3 mil reações, 3,1 comentários e quase 900 compartilhamentos na página do Facebook do jornal. O alcance proporcionou um debate sobre preconceito contra as produções da periferia. "Cultura não é só o que você gosta... A cultura está nas entranhas do nosso sotaque, maneira de se vestir, de se comportar, inclusive nos gêneros musicais de cada localidade. Troinha é cultura sim, é a cultura da periferia, dos morros, é a tendência na localidade dele e até já se propaga pela burguesia.... Gostemos ou não, temos que respeitar. Cabe a nós o poder de escolha", defende o comentário mais apoiado sobre o autor de Balança e Sinto sua falta.

Na contramão, o segundo mais curtido argumenta que é "música de gente baixa, sem cultura, sem noção e sem expectativa de vida". A depreciação da música popular composta por artistas da periferia encontra guarida em discursos preconceituosos contra classes com menor poder aquisito ou menor acesso à educação formal. A relação é histórica e foi testemunhada, no Brasil, por grandes ícones do samba, por exemplo. "O preconceito existe, o brega sofre muito com isso. Muita gente se sente superior e não aceita o nosso som. Mas o brega é cultura, é do povo, é o que querem ouvir. A gente só precisa de uma oportunidade para mostrar quem a gente é. Eu fico triste, mas busco forças, fico mais instigado para lutar pelo meu espaço", garante MC Troinha.

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