Música Rael e Rashid mostram em álbuns tendência do rap de se misturar A união com outros ritmos é apontada pelos rappers como responsáveis pela popularização do ritmo

Por: Adriana Izel - Correio Web

Publicado em: 19/12/2016 20:43 Atualizado em:

Em Coisas do meu imaginário, o cantor Rael revela as influências musicais da adolescência. Foto: Jorge Bispo/Reprodução
Em Coisas do meu imaginário, o cantor Rael revela as influências musicais da adolescência. Foto: Jorge Bispo/Reprodução


Emicida, Criolo e Mano Brown costumam ser apontados como os artistas responsáveis por colocar o rap no mainstream. Um dos grandes diferenciais desses rappers foi incorporar outros gêneros ao estilo musical, o tornando mais popular. Porém, eles não são os únicos. Rael e Rashid também são exemplos dessa nova tendência, que está exposta nos novos discos dos artistas.

Rael mostra essa vertente de união das rimas com sonoridades de ritmos, como forró e jazz, desde os primeiros trabalhos e a tendência também está presente em Coisas do meu imaginário, quarto álbum da carreira solo. “Acho que no país que a gente vive isso ajuda a conectar o público que não conhece o rap e a cultura do hip-hop. O ouvinte escutar um violão, uma batida do samba rock, por exemplo, se torna um convite para entrar no universo do rap”, analisa Rael em entrevista ao Correio/Diario.

Coisas do meu imaginário possui 11 faixas, todas de autoria de Rael e com temáticas atuais a exemplo da internet, citada em Livro de faces e Falacioso, e da intolerância religiosa, assunto de Quem tem fé. “Quis trazer a coisa da internet porque tem a ver com o que está acontecendo. Também tem a questão da falta de respeito, que sumiu no meio desse curso. Há muito pré-julgamento”, explica o cantor.

O processo de criação de Coisas do meu imaginário foi bastante rápido. Em duas semanas, Rael entrou no estúdio, começou a fazer os arranjos e batidas no violão e depois musicou as canções. “Eu tinha apenas Aurora boreal. O resto eu tinha partes instrumentais, que comecei a trabalhar em cima”, conta.

Antes de investir na carreira solo, Rael fez sucesso no rap dentro do grupo Pentágono. Paulista, o cantor sempre teve uma influência musical em casa: o pai tocava instrumentos como acordeon e bandolim; a mãe cantava na igreja; e o irmão tocava violão. “Eu dançava break. Aos 11 anos, comecei fazendo cover do Racionais MC’s. Aos 17, passei a escrever meus pensamentos e em 2010 gravei meu primeiro CD. Acho que essa bagagem musical fez com que eu trouxesse várias influências para o rap”, analisa.

Rashid conta que sempre teve influência de outros estilos musicais, porém, admite que tinha uma certa dificuldade em trazer isso para a própria música. Fato que foi superado em A coragem da luz, primeiro disco do rapper. “O rap sempre se espelhou em outros estilos musicais. Talvez eu não conseguisse colocar para fora de forma tão clara. Eu falava em entrevistas que curtia jazz, samba, afrobeat, rock, mas não estava claro na minha música, mas acho que esse disco consegue mostrar isso”, afirma.

O mineiro radicado em São Paulo diz que acredita que isso possa ser uma tendência, que revela a versatilidade do gênero. “Você vê nos discos do Emicida, Criolo, Rael e Mano Brown coisas que vêm de fora do rap. Acho que as pessoas têm a impressão que quem faz rap, só escuta rap. Esses últimos trabalhos do rap mostram o quão rica é a nossa influência”, acrescenta.

Em A coragem de luz, Rashid apresenta 15 faixas, sendo que algumas delas ganharam participações especiais de artistas como Criolo (Homem do mundo), Alexandre Carlo (Depois da tempestade) e Mano Brown e Max de Castro (Ruaterapia). “Algumas participações começaram antes do disco sair do papel. Até porque foi um processo mais delicado por ser meu primeiro álbum. Demorou um tempo, entre 2014 e 2015, para juntar tudo e fazer o álbum de fato”, comenta.

Assim como Rael, Rashid começou no rap ainda na adolescência. Com 11 anos, ele escutava o estilo e queria ser igual aos artistas do rap, como Racionais MC’s e RDO. Quando completou 17 anos, morava em Minas Gerais, mas resolveu voltar para São Paulo para tentar a vida como rapper. “Eu queria correr atrás desse sonho de fazer música. Comecei nas batalhas de improviso, na Batalha de Santa Cruz. Lá conheci Rael, Emicida, Criolo, que foram se tornando amigos próximos, e comecei a demonstrar que realmente poderia ter futuro nessa cena”, lembra. Ainda em 2010, lançou as primeiras músicas e o EP Hora de acordar. “Era um caminho sem volta”, define.

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