Festival Após volta oficial, Planet Hemp faz show no Recife neste sábado Regresso de Marcelo D2 e cia. ocorre depois de quatro anos longe da capital pernambucana. Apresentação terá clássicos da banda e homenagens a Chico Science, Nação Zumbi e Ratos de Porão

Por: Augusto Freitas

Publicado em: 16/12/2016 14:02 Atualizado em: 16/12/2016 14:09

Marcelo D2 disse que o retorno foi motivado pela falta que sentiam de tocar juntos e continuar a saga da banda. Foto: Divulgação
Marcelo D2 disse que o retorno foi motivado pela falta que sentiam de tocar juntos e continuar a saga da banda. Foto: Divulgação


Um ano após surpreender os fãs e anunciar a volta definitiva aos palcos, a %u201Cex-quadrilha da fumaça%u201D está de volta. A banda Planet Hemp retorna ao Recife como uma das atrações da segunda edição do Jack Daniel's Festival, que terá shows de Nação Zumbi, da cantora Tiê e da banda brasiliense Scalene. O evento, realizado na Coudelaria Souza Leão, também vai reunir nomes da música eletrônica.

O regresso dos cariocas ocorre depois de quatro anos longe da capital pernambucana. Mesclando rock, rap, hip-hop, samba, entre outros ritmos, o Planet Hemp, cuja trajetória artística registra polêmicas fruto da acidez nas letras, promete a mesma pegada vibrante e crítica da época do nascimento da banda.

Em 2015, depois de alguns shows esporádicos, os integrantes Marcelo D2, BNegão, Nobru Pederneiras, Pedrinho e Formigão anunciaram o retorno oficial das atividades, após a parada em 2002. Para 2017, eles prometem um disco de inéditas, ainda sem data de lançamento. Além disso, a banda terá sua trajetória contada no cinema no filme Anjos da Lapa, no qual D2 será interpretado pelo ator pernambucano Renato Goes.

Em entrevista ao Viver, Marcelo D2 disse que o retorno foi motivado pela falta que sentiam de tocar juntos e continuar a saga da banda, que com apenas três discos lançados alcançou sucesso e respeito da crítica musical. %u201CApesar de cada um ter seguido um caminho após a parada, nós sentíamos a necessidade de continuar a história da banda, voltar amadurecidos e descobrir o que poderíamos criar de novo. Construímos um legado e os fãs sempre deram provas do carinho pela banda%u201D, explicou D2.

Segundo o cantor, o show no Recife terá repertório com músicas dos três álbuns de estúdio, além de homenagens a Chico Science e Nação Zumbi e Ratos de Porão. %u201CSempre fomos muito bem recebidos no Recife e vamos retribuir esse carinho com muita energia e alegria%u201D, garantiu D2. 

Já o grupo pernambucano Nação Zumbi vai tocar músicas do mais recente disco, gravado em 2014, como Cicatriz, Foi de amor, Um sonho, A melhor hora da praia e Defeito perfeito, além de clássicos de 20 anos de estrada. A cantora paulistana Tiê chega com a turnê do terceiro álbum, Esmeralda, mesclando folk e rock com melodias mais pesadas.

Na mesma noite, tocam Bruno Furlan, Soldera, Drunky Daniels, Woo2tech, Vivi Seixas, Database, El Chilli, Knuckles, Only2brothers, Bruno Lemos, Prume, Deltas, The Raulis, Cosmo Grão, The Raybans, Iuri Trindade Dub e Gudicarmas.

Entrevista %u2013 Marcelo D2 (Planet Hemp)

A Planet Hemp nasceu agitando o sistema, cujo primeiro álbum, Usuário (1995), contém letras ácidas, críticas e que instigavam o debate à cerca da maconha e temas sociais. Qual a avaliação que você faz da trajetória do grupo 21 anos depois do lançamento do disco pioneiro? 

Tivemos a felicidade de criar trabalhos reconhecidos no cenário musical em uma época que o Brasil passava por mudanças, começando por Usuário. Nós fizemos a nossa parte: tínhamos a música como forma de protesto contra as desigualdades e lançamos mão de letras vindas da alma, do coração, composições verdadeiras de nossas experiências e de milhares de brasileiros. Essa também é a mensagem principal da música, estimular o pensamento e buscar soluções para os problemas que enfrentamos. Acho que fomos felizes nessa tentativa.      

O Brasil havia iniciado um processo de mudanças políticas, econômicas e sociais pouco antes do lançamento de Usuário, como o Plano Real (1994). Hoje, o país está mergulhado em outra crise dessa natureza, ao passo que a banda deu uma pausa na carreira após A invasão do sagaz homem fumaça (2000). Qual sua opinião sobre o atual momento vivido pelo Brasil diante das letras da PH?

As letras de anos atrás permanecem totalmente atuais. Existe uma imagem de que quando a economia está equilibrada, tudo está ok, mas não é bem assim. Os problemas se repetem, continuam aí, escancarados. Sinto uma tristeza não em cantar músicas que marcaram uma geração, mas em cantá-las novamente em um cenário repetido, onde infelizmente os problemas são empurrados com a barriga. Parece que a gente (o Brasil) não aprendeu nada. 

Em 2017, Anjos da Lapa, filme que narra a história da formação da banda e terá o ator pernambucano Renato Goes interpretando você, chega aos cinemas. Além do filme em fase de finalização, a Planet Hemp está em estúdio produzindo um novo material de inéditas. O que o público pode esperar destes dois novos projetos?

No filme, o público terá a chance de conhecer nossa história, como ela surgiu de fato e as mudanças nas nossas vidas através da música. Também no próximo ano vamos lançar um álbum de inéditas para dar um gás nesse retorno da banda. Uma vez por semana temos nos reunido em estúdio, fazendo experiências, tentando criar algo bacana. Os anos passaram e mudamos nossa forma de escrever juntos, é uma dificuldade natural, mas que não impede que as composições continuem vindas da nossa alma.

O Recife tem um público cativo fã do trabalho da Planet Hemp. Você lembra qual foi a última apresentação realizada pela banda na capital pernambucana? Qual a expectativa para esse show? 

Nós nascemos no vácuo do manguebeat, um movimento que nos inspirou e apresentou verdadeiros agitadores culturais, como Jorge Cabeleira, Fred 04, Chico Science e tantos outros, todos meus amigos. Eu respeito demais essa galera. Quatro anos atrás, em uma das reuniões da banda, fizemos um show aí. Em 1994, tocamos com Chico e a Nação Zumbi e nunca mais tivemos essa chance. Chegou a hora de tocarmos juntos de novo e só espero boas energias dessa rapaziada. O Recife é minha segunda casa!

Serviço

Jack Daniel's Festival
Quando: amanhã, a partir das 14h (abertura dos portões)
Onde: Coudelaria Souza Leão (Rua Dias D'Ávila, s/n, Várzea)
Ingressos: R$ 140, R$ 70 (meia) e R$ 80 + 1kg de alimento não perecível (social), à venda nas lojas Vitabrasilnet (Jaqueira e Boa Viagem), Chilli Beans (shoppings Recife, Plaza, Tacaruna e RioMar), Haus/Lajetop & Beergarden (Galeria Joana D'arc) e nos sites Ingresso Prime, Ticket Folia, Bilheteria Digital e Eventick
Informações: 2128-2525



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