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Biografia do padre Fábio de Melo revela paixões, pobreza na infância e alcoolismo do pai
Recém-lançada biografia mostra o lado humano de um dos sacerdotes mais famosos do país
Publicado: 11/12/2016 às 12:27

Influente nas redes sociais, Fábio de Melo, aos 45 anos, esbanja simpatia. Foto: Sony/Divulgação/

"Dona Ana resolveu esvaziar as garrafas de pinga na pia da cozinha, Natinho chegou de repente, lhe arrancou uma garrafa da mão e atirou na parede. Os estilhaços de vidro se espalharam pelo chão e cortaram os corações das crianças." O relato da infância dura, marcada por episódios como o alcoolismo do pai e os problemas financeiros da família surpreende. Não são temas comuns quando o personagem em questão é o padre Fábio de Melo, conhecido pelo bom humor, sobretudo quando usa as redes sociais.
Mas o mundo terreno é feito, também, de adversidades. Essas e outras vivências moldaram o caráter do religioso e estão expostas, sem filtro e com minúcias, no livro Humano demais, biografia assinada pelo jornalista Rodrigo Alvarez. A obra começou a ser escrita há pouco mais de um ano, quando Alvarez veio ao Brasil divulgar o livro Maria, a biografia da mãe de Deus (Globo Livros), best-seller do correspondente internacional da Globo, lançado em outubro.
Os dois se conheceram meses antes, em Jerusalém. "Percebi, na hora que começamos a conversar sobre assuntos religiosos, em frente ao lugar onde se acredita que Jesus Cristo foi crucificado, que ele não era comum. Tinha ouvido falar dele, mas como estou desde 2006 fora do Brasil, não acompanhei esse sucesso. Fui surpreendido. Pesquisei e vi quem era aquele padre. Ele resume parte do nosso tempo, do Brasil no século 21. Não precisamos falar só sobre corrupção, crimes, acontecimentos que estão no noticiário. Pessoas como ele também fazem a nossa história", afirma Alvarez.
Nascido em Formiga (MG), ele sofreu com o alcoolismo do pai durante a infância e a adolescência. Por falta de emprego, Donato, Ana Maria e a família migraram para Pihumi, onde Fábio, irmão do meio entre sete filhos, trabalhou em obra, lavoura e padaria. Na pobreza, a família se alimentou de arroz triturado, também servido como alimento para porcos e galinhas.
Uma tia da família, chamada Ló, foi quem o conduziu ao seminário. A vida paroquial não foi exatamente um sonho intrínseco a Fábio, embora ele acredite na predestinação. Na obra, Alvarez revela que o religioso teve paixões humanas. E não só uma, mas duas - a última delas terminou o namoro diante da indecisão de Fábio entre o casamento e a batina. Isso aconteceu dez anos antes de ser ordenado padre, evento que teve transmissão ao vivo, fato raro. O dia 15 de dezembro de 2001 entrou para a história do sacerdote que, atualmente, renunciou à vida paroquial para evangelizar pela arte.
Influente nas redes sociais, Fábio de Melo, aos 45 anos, esbanja simpatia. Na web, não faltam listas sobre os momentos em que ele “mitou” no Snapchat, aplicativo de mensagens instantâneas, e no Twitter, onde costuma publicar comentários irônicos. No Instagram, são mais de 2,9 milhões de seguidores curtindo postagens como a que exaltou um mimo recebido. “Cheguei em casa e me deparei com estes chocolates saudáveis que não vão morar na cintura da gente. É pra chorar em sânscrito”. Como sentencia Alvarez, o padre é pop – e humano demais.
SERVIÇO
Humano demais: A biografia do padre Fábio de Melo
Humano demais: A biografia do padre Fábio de Melo
De Rodrigo Alvarez. Globo Livros, 416 páginas. Preço: R$ 49,90.
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