Luto Debbie Reynolds e Carrie Fisher: mãe e filha muito além de papéis de miss e Princesa Leia Mortes próximas, vidas distantes: relação entre as duas atrizes era conturbada e rendeu até filme com Meryl Streep

Por: Eduarda Fernandes

Publicado em: 29/12/2016 00:22 Atualizado em: 29/12/2016 00:57

Relação conturbada entre as duas rendeu até filme com Meryl Streep. Foto: IMDB/Reprodução
Relação conturbada entre as duas rendeu até filme com Meryl Streep. Foto: IMDB/Reprodução


“Me fale um pouco sobre a sua mãe. Ela fez Cantando na chuva, correto?” perguntou o apresentador britânico Stephen Fry durante um episódio do programa IQ, da BBC, em 2014. “Sério? Não sei, ela nunca mencionou isso”, respondeu Carrie Fisher. A resposta arrancou risos da platéia, mas tinha um fundo de verdade: Debbie Reynolds, que faleceu na noite da última quarta-feira (28), não costumava falar sobre a fama ou expôr a vida pessoal. A lição ela aprendeu no fim dos anos 1950, quando o marido, Eddie Fisher, a deixou pela atriz Elizabeth Taylor, que havia acabado de ficar viúva. A história foi um prato cheio para os tablóides, que por anos não deixaram Reynolds em paz, colocando-a no centro de um triângulo similar ao de Jennifer Aniston-Brad Pitt-Angelina Jolie, nos dias de hoje.

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A separação deixou marcas na família. O abandono do pai levou Carrie Fisher ao vício em álcool e drogas e à depressão, como ela conta no livro Wishful drinking, lançado em 2008. A relação de Fisher com Reynolds também sofreu: na juventude, após ser diagnosticada com transtorno de bipolaridade, ela chegou a passar mais de dez anos sem falar com a mãe. Em sua autobiografia, Unsinkable, lançada em 2013, Reynolds conta que levou mais de 30 anos para que Fisher “aceitasse” ela. “Eu sempre fui uma boa mãe”, escreveu ela. “Mas eu sempre tive o show business e nunca fui do tipo de ficar em casa fazendo biscoitos”. O relacionamento das duas é contado de maneira ficcionalizada no filme Lembranças de Hollywood, de 1990. O longa, escrito por Fisher, conta com Shirley MacLaine no papel de uma diva hollywoodiana que perdeu seu encanto e com Meryl Streep interpretando uma jovem atriz drogada e depressiva que luta para sair da sombra da mãe (“Eu nunca quis ser a filha da Debbie Reynolds”, escreveu Fisher em um de seus livros).

A personagem de Streep não consegue, mas Fisher galgou uma carreira que em nada teve a ver com a da mãe. A atriz, que ficou conhecida por interpretar a Princesa Leia Organa na saga Star wars, foi também escritora, tendo assinado mais de dez livros, entre romances e biografias. Um de seus trabalhos mais reconhecidos na indústria, no entanto, era o de “script doctor” – uma espécie de revisora contratada para “salvar” os roteiros dos filmes, que incluíram Máquina mortífera e Mudança de hábito.

Já Reynolds continuou atuando regularmente até o ano passado. Desde os anos 1990, no entanto, suas aparições eram menores e muitas vezes, como ela mesma, como em O guarda-costas. Em 1998, retornou com um papel na extinta série Will & Grace, que lhe rendeu uma indicação ao Emmy. Ao Oscar, foi indicada também uma única vez, por A inconquistável Molly, de 1964. Mas os prêmios pouco interessavam a Reynolds, para quem o ofício de atriz chegou por acaso: em 1948, ela ganhou um concurso de miss que dava direito a um teste de elenco no estúdio MGM. O concurso também foi ganho por acaso – ela só se inscreveu porque teria direito a uma blusa de seda e um almoço grátis. O sonho dela era, na verdade, ser professora de Educação Física.

De seus 84 anos, quase 70 foram na frente das câmeras, protagonizando filmes importantes para a história do cinema. Mesmo assim, Reynolds, que faleceu um dia depois da filha, morreu como a “mãe da Princesa Leia” – o que deve ter aguçado o ácido e negro humor de Fisher, que provavelmente se irritou com a mãe por ela ter “roubado seu momento”, mesmo a relação das duas tendo melhorado nos últimos anos. Em um comunicado, Todd Fisher, irmão de Carrie, disse que a mãe "foi ficar junto da filha, para finalmente conseguir cuidar dela".

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