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Televisão Série da Netflix sobre a rainha Elizabeth II ressalta o desarranjo familiar gerado pela monarquia The crown recebeu três indicações para o Critic's Choice Awards, prêmio concedido pela crítica

Por: Tiago Barbosa

Publicado em: 27/11/2016 15:30 Atualizado em: 27/11/2016 15:25

Clarire Foy interpreta a rainha Eliabeth II. Foto: Netflix/Divulgação
Clarire Foy interpreta a rainha Eliabeth II. Foto: Netflix/Divulgação

Existem pelo menos três aspectos significativos em The crown, série da Netflix sobre o reinado de Elizabeth II, capazes de ressaltar a grandiosidade e a vitalidade artística e histórica da produção. O primeiro é o desembarque da princesa transformada em rainha após o retorno de uma viagem diplomática à África, precipitado pelo falecimento do pai, o rei George VI. No avião, ela lê uma carta da avó-rainha pela qual recebe a instrução crucial: a coroa deve prevalecer sempre. No instante seguinte, o duque de Edimburgo e marido, Philip, é impedido por um assessor de acompanhá-la na descida da aeronave. O enquadramento é ímpar: "A coroa tem prioridade".

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Na sequência das cenas, fica clara a relação estabelecida a partir de então: a monarquia torna o ser humano uma instituição e impõe a impessoalidade como medida do tratamento até mesmo no seio familiar. Os conflitos nascidos das restrições de vida regidas pelo protocolo do cargo engrandecem o seriado ao evidenciar o peso humano menos conhecido da coroa.

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O segundo fator é o próprio questionamento sobre a existência e as atribuições da monarquia. A coroação de Elizabeth II ocorre no pós-Segunda Guerra, com o mundo impactado pelo surgimento da televisão - com o consequente tensionamento provocado pela fetichização das celebridades reais - e pela necessidade de se justificar, cada vez mais, o poder perante a opinião pública. A coroa britânica se apresenta moral e religiosamente conservadora, ostentadora de uma riqueza incongruente com o saldo social pós-conflito bélico. E sem contundência na voz para influir nas políticas públicas sob o receio de violar a constituição, perder o prestígio ou confrontar o poder do parlamento. O silêncio chega a ser evocado como qualidade do monarca. A administração dos limites cria um jogo de xadrez de bastidores essencial para a fruição da trama e a compreensão das monarquias atuais.
No papel de Winston Churchill, John Lithgow se destaca. Foto: Netflix/Divulgação
No papel de Winston Churchill, John Lithgow se destaca. Foto: Netflix/Divulgação

Outro ponto digno de destaque é a qualidade das atuações, sobretudo a de John Lithgow no papel do primeiro-ministro Winston Churchill. A inteligência em choque com a postura arrogante e a sofreguidão de um estadista combalido pela idade e sufocado pela necessidade de agir à altura da fama são fundidos com primazia pelo ator. No papel de Elizabeth, Claire Foy equilibra poder e humanidade. A série mais cara da Netflix, garantida por mais cinco temporadas, recebeu três indicações do Critics Choice Awards (Melhor Série de Drama, Melhor Ator Coadjuvante para Lithgow e Melhor Ator Convidado para Jared Harris).

Veja o trailer:


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