Programação Quatro livros sobre cinema são lançados no festival Janela nesta sexta Festival continua até domingo no Cinema do Museu e no São Luiz

Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco

Publicado em: 04/11/2016 09:43 Atualizado em: 04/11/2016 08:42

Livro reúne ensaios críticos sobre 100 filmes nacionais. Foto: Abraccine/ Divulgação
Livro reúne ensaios críticos sobre 100 filmes nacionais. Foto: Abraccine/ Divulgação
 
Quatro livros sobre cinema são lançados nesta sexta no festival Janela em noite de autógrafos marcada para as 18h no Cinema São Luiz. As publicações são: 100 Melhores filmes brasileiros; A aventura do Baile perfumado: 20 anos depois; Direções: Relatos do cinema pernambucano contemporâneo; e Cadernos do Cineclube Comum.

Leia mais sobre os livros:

Direções

Ceder a palavra a cineastas de Pernambuco e permitir que eles revelem os processos criativos das diferentes etapas da produção de longas-metragens é a contribuição do livro Direções, organizado pela pesquisadora Alice Gouveia. Cada capítulo é formado por um depoimento de um diferente diretor sobre os bastidores da realização de seus longas-metragens.

"O foco que escolhi foi o percurso e não a obra em si, uma vez que acredito na riqueza dos desencontros que cada processo traz", assume Alice. "O processo é algo muito mais rico do que a obra em si", afirma Marcelo Gomes no relato a respeito do filme Era uma vez eu, Verônica. Com o livro, a autora confirma essa sensação do cineasta ao expor a forma como os projetos modificam-se e seguem diferentes caminhos enquanto chegam a um resultado definitivo.

No total, há a participação de 19 diretores e um produtor de diferentes gerações, mas que convivem entre si. Foram contempladas produções de épocas diferentes entre 2007 e 2015. Alguns falam do primeiro longa-metragem, como Daniel Bandeira sobre Amigos de risco e Camilo Cavalcante sobre A história da eternidade. Outros já estão em fases mais amadurecidas, como Lírio Ferreira em Sangue azul e Cláudio Assis em Febre do rato.

Obtidos por meio de entrevistas, os depoimentos são intercalados com cenas dos filmes, fotos dos bastidores das filmagens e trechos de roteiros, documentos e rascunhos. A capa, criada pelo artista Flávio Emanuel, representa esse processo criativo ao simular anotações e rabiscos.

Patrocinado pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) com apoio da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Direções tem tiragem inicial de 1 mil exemplares, que serão distribuídos em escolas, universidades, bibliotecas e instituições ligadas ao audiovisual.

Mais do que uma reunião de curiosidades técnicas, o livro demonstra que a riqueza do tão festejado cinema pernambucano contemporâneo está nas ideias e em aspectos humanos. "A cada entrevista, é um percurso individual que vemos se descortinar, mas é também o retrato de um processo coletivo", aponta o pesquisador Paulo Cunha no prefácio.

100 Melhores Filmes Brasileiros

O livro 100 Melhores filmes brasileiros foi organizado pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Os representantes de Pernambuco na publicação são O auto da compadecida (1999), de Guel Arraes, Tatuagem (2013), de Hilton Lacerda, O som ao redor (2012), de Kleber Mendonça Filho, Cinema, Aspirinas e urubus (2005), de Marcelo Gomes, Amarelo manga (2002), de Cláudio Assis, e Baile perfumado (1996), de Lírio Ferreira e Paulo Caldas.

Cada capítulo do livro é dedicado a um filme diferente, com textos ensaísticos escritos por críticos. As cem obras foram escolhidas por meio de uma votação feita pelos membros da Abraccine. Nem todos os ensaios são assinados pelos filiados, já que há também colaborações de convidados. O artigo sobre Baile perfumado, por exemplo, é assinado por Júlio Cavani, jornalista do Diario de Pernambuco e curta-metragista.

Deus e o Diabo na terra do sol (1964), de Glauber Rocha, Vidas secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos, Cabra marcado para morrer (1984), de Eduardo Coutinho, e O bandido da luz vermelha (1968), de Rogério Sganzerla, foram alguns dos mais votados e estão no livro. Que horas ela volta? (2015), de Anna Muylaert, é o filme mais recente entre os presentes. Limite (1931), de Mário Peixoto, é o mais antigo (e foi o mais votado).

Além de longas, há capítulos dedicados também a médias-metragens, como SuperOutro (1989), de Edgard Navarro, e curtas, como Ilha das Flores (1989), de Jorge Furtado. O único filme infantil presente é Os saltimbancos trapalhões (1981), de JB Tanko. Nenhuma animação foi incluída.

A aventura do Baile perfumado

Raros filmes brasileiros ganham um material tão rico quanto o livro A aventura do Baile perfumado: 20 anos depois. Organizada pelos pesquisadores Paulo Cunha e Amanda Mansur, com 270 páginas, a publicação reúne depoimentos, artigos, um diário das filmagens, o roteiro original (com anotações manuscritas feitas na época), fotografias e desenhos que resgatam o processo de produção do longa-metragem, dirigido por Lírio Ferreira e Paulo Caldas, marco da retomada do cinema pernambucano

O capítulo mais revelador é o Diário de um vídeo assist amador, assinado por Samuel Paiva, que trabalhou nas filmagens como estagiário da equipe de câmera e hoje em dia é professor da Universidade Federal de São Carlos. No set, a função dele era operar o aparelho de vídeo que permitia a pré-visualização das imagens captadas em 35 milímetros.

O relato de Paiva é extremamente sincero ao revelar não só detalhes técnicos dos bastidores da produção, mas também curiosidades sobre as confusões, hábitos, farras, grosserias, dificuldades, erros, brigas, piadas internas, discordâncias e imprevistos vividos pela equipe. Os registros descrevem não só os métodos de trabalho dos realizadores, como também os defeitos pessoais de cada um.

Há também textos assinados pelos atores, pelos diretores, pela equipe técnica, pelo crítico Fernando Spencer (falecido em 2014) e pelo historiador Frederico Pernambucano de Melo, especialista em cangaço. As fotos são de autoria de Fred Jordão e os desenhos são assinados pelo diretor de arte e artista plástico Adão Pinheiro.

A maioria dos textos foi elaborada nos dias atuais, a partir de lembranças dos artistas. Luiz Carlos Vasconcelos, por exemplo, que interpretou Lampião, recorda as inseguranças sentidas durante as filmagens. Ele conta que chegou a ter problemas de torcicolo frequentes por causa da tensão sofrida, que teve medo de morrer nas cenas filmadas de helicóptero e explica como fazia para vivenciar o personagem a partir de rituais diários, como andar no meio do mato sempre acompanhado por dois cachorros e ficar o tempo inteiro vestido com o figurino.

O livro funciona também como um making of. É possível descobrir onde foram feitas as cenas. Sequências com o Padre Cícero (interpretado por Jofre Soares), por exemplo, que na tela parecem ser ambientadas no Ceará, foram rodadas em antigos prédios e igrejas do Recife e de Olinda.

Impresso pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), o livro foi lançado em setembro no Festival de Brasília, no mesmo local onde o filme foi lançado em 1996.

Veja a programação do último fim de semana do festival Janela:

CINEMA SÃO LUIZ

Sexta (4)
15h30 | COMPETITIVA CURTAS INTERNACIONAL 4: Espíritos e Criaturas - 78 min + debate
17h30 | PROGRAMA CONVIDADO: Cachaça Cinema Clube: Antes, o Verão, Gerson Tavares - 80 min
19h15 | COMPETITIVA LONGAS: Muito romântico, Melissa Dullius e Gustavo Jahn - 72 min + debate
21h20 | CLÁSSICOS: Apocalypse Now, Francis Ford Coppola - 153 min

Sábado (5)
11h | Sessão Bossa Jovem: Reprise ESPECIAL SHAKESPEARE: Henrique V, Laurence Olivier - 136 min
14h10 | Reprise: CLÁSSICOS: Eles Vivem, John Carpenter - 93 min
16h | ESPECIAL: O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu, João Botelho - 80 min + debate
18h | ESPECIAL: Gente Bonita, Leon Sampaio - 74 min + debate
20h | ESPECIAL: Solon, Clarissa Campolina - 16 min + Elon Não Acredita na Morte, Ricardo Alves Jr - 75 min + debate
22h30 | Reprise CLÁSSICOS: Robocop, Paul Verhoeven - 103 min

Domingo (6)
11h | Reprise CLÁSSICOS: O Criado, Joseph Losey - 116 min
14h | ESPECIAL SHAKESPEARE: Rei Lear, Peter Brook - 137 min
16h40 | CLÁSSICOS: Memórias do Subdesenvolvimento, Tomás Gutiérrez Alea - 104 min
18h40 | CLÁSSICOS: Sessão surpresa - 85 min
20h45 | ESPECIAL SHAKESPEARE: Shakespeare Plan On! Trilha ao Vivo por RUMOR - 70 min

CINEMA DO MUSEU:

Sexta (4)
15h20 | Reprise COMPETITIVA CURTAS INTERNACIONAL 3: Freud e seus Amigos - 79 min
17h | ESPECIAL: Animal Político, Tião - 76 min + debate
19h | Reprise COMPETITIVA LONGAS: O Ornitólogo, Joaquim Pedro Rodrigues - 118 min
21h30 | Baile Perfumado - 20 anos - 93 min

Sábado (5)
11h | Reprise COMPETITIVA CURTAS INTERNACIONAL 4: Espíritos e Criaturas - 78 min
14h | Reprise COMPETITIVA LONGAS: Muito romântico, Melissa Dullius e Gustavo Jahn - 72 min
15h30 | PROGRAMA CONVIDADO: Rabbit Hole: Disforias Digitais - 69 min
17h10 | ESPECIAL: Banco Imobiliário, Miguel Antunes Ramos - 61 min + debate
19h | Reprise COMPETITIVA LONGAS: Wild, Nicollette Krebitz - 97 min
21h | CLÁSSICOS: O Tambor, Volker Schlöndorff - 162 min

Domingo (6)
11h | Reprise CLÁSSICOS: Pinóquio, Walt Disney - 88 min
14h | Reprise CLÁSSICOS: Hair, Milos Forman - 121 min
16h15 | Reprise ESPECIAL SHAKESPEARE: Ricardo III, Richard Loncraine - 104 min
18h15 | ESPECIAL: O que Está Por Vir, Mia Hansen-Love - 102 min
20h15 | ESPECIAL SHAKESPEARE: Macbeth, Roman Polanski - 140 min

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