Tradição Vaqueiros protestam contra fim das vaquejadas e prometem cavalgar até Brasília Defensores da prática esportiva se mobilizaram nesta terça-feira no Recife, em Caruaru e e Petrolina

Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco

Publicado em: 11/10/2016 19:19 Atualizado em: 11/10/2016 19:34

Foto: Agencia Brasil/Divulgação
Foto: Agencia Brasil/Divulgação

Vaqueiros e de trabalhadores de vaquejada de todo o Brasil protestaram, nesta terça-feira (11), contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que pode tornar a prática ilegal no país. No Recife, uma concentração ocorreu em frente ao Jockey Club do Recife, no Prado, com mais de 300 cavalos.

Já no Agreste do estado, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal, os manifestantes tomaram a BR-232, nas imediações da cidade de Caruaru, e foram em direção a BR 104. Os vaqueiros cavalgaram pelo acostamento provocando congestionamentos na estrada. Em Petrolina, também foi registrada uma manifestação na BR-407. 

Após o ato na capital pernambucana, um grupo de vaqueiros foi recebido pelo secretário de Agricultura e Reforma Agrária do Recife, Nilton Mota. "Pedimos que o Governo do Estado se una aos vaqueiros e proteja a atividade cultural que existe por trás da prática do esporte e os profissionais envolvidos. Precisamos que o poder público garanta que as vaquejadas vão continuar", comentou o presidente da Associação de Criadores de Cavalo Quarto de Milha de Pernambuco, Sílvio Valença. 

Mais tarde, o governador Paulo Câmara também comentou que recebeu as demandas e vai analisar formas de ajudar a população. "É uma discussão que precisa ser feita diante da repercussão. Vamos receber e analisar as demandas. E ver a forma que podemos colaborar com esse debate".  

As instituições que apoiam as vaquejadas e profissionais de outros esportes equestres planejam realizar novas manifestações para chamar a atenção do poder público. Uma marcha com destino final em Brasília está marcada para o dia 25 de outubro. O protesto terá a mobilização de vaqueiros de todos os estados do Nordeste. A expectativa é que um comboio com cerca de 120 caminhões chegue ao Distrito Federal. 

Brasília

Um grupo de vaqueiros fez uma caminhada na Esplanada dos Ministérios, área central da capital do país. "Mediante algumas críticas, algumas coisas nas redes sociais, fomos provocados a vir mostrar à sociedade o que é realmente a vaquejada. Vaquejada é um encontro de famílias, vaquejada é tradição, é cultura, é renda”, disse Wildemberg Sales, um dos organizadores do Movimento Vaquejada Legal no Distrito Federal (DF). Ele informou que existem 45 centros de treinamento para vaquejada na capital federal.

De acordo com Sales, parte da sociedade não conhece a prática e a confunde com outras, como a farra do boi, por exemplo. Ele defende que não há agressão aos animais durante os espetáculos. De acordo com ele, em todo o país, cerca de 700 mil famílias vivem de forma direta ou indireta da vaquejada. Para Sales, este é mais um motivo para que não seja extinta.

"A vaquejada não quer ser extinta, ela quer se adequar às novas regras. Não é a vaquejada de 30 anos atrás. É a nova vaquejada, com regras, com o estatuto. É isso que a gente quer da sociedade e dos grupos de defesa [dos animais]". Para ele, a proibição não vai resolver os problemas e pode levar a prática para o anonimato.

Muito comum no Nordeste, a vaquejada é uma atividade competitiva no qual o vaqueiro tem como objetivo derrubar o boi puxando o animal pelo rabo.

Julgamento no STF
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou inconstitucional uma lei cearense que regulamentava a vaquejada. Com a decisão dos ministros, a prática passou a ser considerada ilegal. A ação que chegou ao STF foi movida pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que defendia que a prática estava relacionada a maus-tratos a animais. O voto da presidente da Corte, a ministra Cármen Lúcia, desempatou o julgamento.

Para Sales, a lei considerada inconstitucional era importante para os praticantes da vaquejada. "[A lei] Era de suma importância porque não só visava o bem-estar do animal com regras claras, com penalidades aos donos de parque, vaqueiros e competidores, mas também resguardava os direitos dos vaqueiros", disse.


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