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Entrevista Novo álbum de Karol Conka se chama Ambulante e sai em novembro. Confira entrevista Rapper foi uma das atrações mais aguardadas do Festival no Ar Coquetel Molotov e conversou com o Viver nos bastidores do evento

Por: Matheus Rangel

Publicado em: 23/10/2016 19:51 Atualizado em: 24/10/2016 10:53

Artista apresentou show repleto de sucessos como "Tombei", "É o poder" e "Lista VIP". Foto: Marcela Cintra/Esp. DP
Artista apresentou show repleto de sucessos como "Tombei", "É o poder" e "Lista VIP". Foto: Marcela Cintra/Esp. DP

O novo álbum de Karol Conka será lançado em novembro - ainda sem data definida -  e se chama Ambulante. Foi o que adiantou a rapper curitibana em entrevista ao Viver, nos bastidores do Festival No Ar Coquetel Molotov, neste final de semana. O novo trabalho tem a missão de suceder o Batuk freak (2013), responsável por impulsionar a carreira de Conka e fazê-la conhecida no Brasil (e no mundo) por sucessos como Gueto ao luxo, Bate a poeira e Boa noite. 

Em Ambulante, os samples e referências de coco, samba, e reggae, que chamam a atenção pela sonoridade diferente ao serem integrados à batidas de hip-hop e música eletrônica, não terão tanto espaço. "Eu não gosto de fazer nada que eu já fiz, senão parece que quero repetir a fórmula e fazer o que já deu certo. Eu acho que o Batuk é uma fase da minha vida, maravilhosa, e aí eu tô vivendo uma outra, experimentando outras coisas. Tem em uma coisa mais cantada, que eu me inspirei numa pegada mais do Tim Maia", conta ela. E adianta: "Não vai ter tipo um reggae Sandália mas vai ter um Maracutaia e música com MC Carol também".

Protesto do coletivo feminista Vaca Profana marcou show. Foto: Marcela Cintra/Esp. DP
Protesto do coletivo feminista Vaca Profana marcou show. Foto: Marcela Cintra/Esp. DP

Sempre presente nos palcos, nas músicas ou entrevistas, o teor político da carreira de Karol Conka também estará imbuído nas letras do novo disco. É o caso de Lala, canção inédita apresentada pela artista pela primeira vez durante show no Recife. A temática? Sexo oral. A faixa faz uma crítica ao machismo no sexo, aos homens que se recusam a fazer a prática nas parceiras ou, quando o fazem, não se esforçam. "Dá pra perceber que existem vários/ Falam demais, fingem que faz/ Chega a ser hilário/ Mal sabe a diferença de um clitóris pra um ovário/ Dedilham ao contrário", diz a letra. A revelação da música não estava programada: "Não era pra eu ter feito isso, mas gosto muito do Recife, a galera tava tão fervorosa".

A performance também foi inspirada pela intervenção proposta pelas integrantes do coletivo feminista Vaca Profana, encabeçado por Dandara Pagu, que invadiram o palco durante 100% feminista com os rostos cobertos e seios à mostra. "As meninas subindo no palco, todo aquele poder, os mamilos e as mulheres e as vaginas, eu falei: 'gente, vou tocar essa música!'", revelou Karol. 



Como nem só de ativismo vive a música dela, os fãs também poderão conferir os conhecidos "batidões" - músicas cujas propostas são ganhar as baladas e fazer dançar, a exemplo de Tombei, parceria com os produtores Tropkillaz. "A nossa mensagem tá ali, tão pesada e densa que não há a necessidade de falar só disso no álbum. Tanto porque nós mulheres vivemos outras coisas como sexo oral, amor… Vai ter música de balada, vai ter farofa com o Boss in Drama, que eu adoro".

Coquetel Molotov

Expoente da música independente e experimental, o Festival No Ar Coquetel Molotov contou com atrações consagradas e iniciantes - e Karol Conka não era nenhum rosto estranho para os espectadores do evento. A cantora esteve no Molotov em 2013 e figurou como uma das atrações em início de carreira. À época, sequer tinha lançado o disco de estreia, mas não foi como uma novata que se sentiu. "Não me senti 'ai, sou uma artistinha que tá começando'. Me senti plena porque a galera sempre me recebeu assim. A diferença é que a agora existe um público maior de pessoas que conhecem meu trabalho e eu vim com outras músicas, mas a energia é a mesma e acho que até maior", conta ela.

Tendo passado pelo Recife diversas vezes desde então, Karol nutre um apreço especial pelo público pernambucano: "A galera é bem fervorosa, eu fico mais à vontade. Eu sempre sou muito espontânea, mas aqui acho que o público julga menos". E fala que a maneira como a plateia recifense absorve o material apresentado é a que o torna especial: "Eu faço muitos estilos de festas, eventos, do pop, do rap, do under, e aí, toda vez que eu venho pra cá, em todas essas festas, sempre o meu público tá ali e um público interessado no novo, interessado naquilo que tá passando uma mensagem. A galera do Recife tem muito isso. Mais do que uma batida, a gente quer saber a mensagem que você tem pra passar. Mesmo sendo música de festa, a galera gosta de uma mensagem que vale a pena". 

ENTREVISTA //KAROL CONKA

No show, você adiantou novas informações sobre o disco. Pode falar sobre elas?
Eu esqueci a Maracutaia. Gente, que burra! É que foi muita emoção no show. Eu cantei a Lala, não sei por que, não era pra eu ter feito isso, mas gosto muito dO Recife, a galera tava tão fervorosa. As meninas subindo no palco, todo aquele poder, os mamilos e as mulheres e as vaginas, eu falei: 'gente, vou tocar essa música!'. 

O Batuk freak (2013) é cheio de referências e samples diferentíssimos. No Ambulante, também vamos poder ouvir essa sonoridade?
Sim, mas não igual ao Batuk. Eu não gosto de fazer nada que eu já fiz, senão parece que quer repetir a fórmula e fazer o que já deu certo. Eu acho que o Batuk é uma fase da minha vida, maravilhosa, e aí eu tô vivendo uma outra, experimentando outras coisas. E aí tem uma coisa mais cantada, que eu me inspirei numa pegada mais do Tim Maia; tem a Lala, é coisa que não tem no Batuk assim, tanto rap. E não vai ter tipo um reggae Sandália mas vai ter um Maracutaia e música com MC Carol também. 

Seus trabalhos já têm um teor político estabelecido, Podemos ver que há uma pegada bastante feminista bem marcante. Quais temas você pretende abordar nesse novo trabalho?
Já tem a música da MC Carol, 100% feminista, que a gente combinou de ter no álbum dela e no meu. A gente falou: 'Amiga, vamo jogar nos dois álbuns mesmo que essa mensagem tem que ser passada em tudo que é lugar'. E a nossa mensagem tá ali, tão pesada e densa que não há a necessidade de falar só disso no álbum. Tanto porque nós mulheres vivemos outras coisas como sexo oral, amor… Vai ter música de balada, vai ter farofa  com o Boss in Drama, que eu adoro. 

Pretende fazer turnê para divulgar o disco pelo Brasil?
Sim, com certeza.

E pela Europa, como você fez com o Batuk?
100% feminista tocou numa McDonalds em Paris. Tava tocando e o pessoal de lá me mandou no Snapchat. Gente, que tudo! Lá tá assim de brasileiro louco vibrando com tudo que acontece aqui. Em todo show que eu fazia lá, eles estavam presentes, gritando e fazendo algazarra, que é o que a gente tava fazendo aqui, 

Além do Boss in Drama e MC Carol, há mais algum nome confirmado no Ambulante?
Dom Cezão e Gee, do NXZero. 

Você já cantou aqui no Molotov em 2013 e voltou ao Recife outras diversas vezes desde então. Como é a energia do público?
Eu gosto muito. Eu faço muitos estilos de festas, eventos, do pop, do rap, do under, e aí toda vez que eu venho pra cá, em todas essas festas, sempre o meu público tá ali e um público interessado no novo, interessado naquilo que tá passando uma mensagem. A galera de Recife tem muito isso. Mais do que uma batida a gente quer saber a mensagem que você tem pra passar. Mesmo sendo música de festa, a galera gosta de uma mensagem que vale a pena. A galera é bem fervorosa, eu fico mais à vontade. Eu sempre sou muito espontânea, mas aqui acho que o público julga menos. 

Na primeira vez, você não veio como uma das atrações principais. Como foi a diferença?
Na primeira vez que eu toquei, eu me senti muito artista. Porque o público canta, a galera te recebe como um artista, então assim eu não me senti 'ai, sou uma artistinha que tá começando'. Me senti plena porque a galera sempre me recebeu assim. A diferença é que a agora existe um público maior de pessoas que conhecem meu trabalho e eu vim com outras músicas, mas a energia é a mesma e acho que até maior.

Existe algum artista pernambucano que você acompanha, conhece ou toma como referência?
Eu gosto do Chico (Science). Aos 14 anos, conheci ele, gosto muito, tanto que na minha música [Boa noite], eu falo: 'Andando por entre os becos eu vou…'. E eu coloquei as Baianas de Alagoas porque eu ouvi na música dele. Então eu sempre vou falar dele. É uma coisa que muita gente espera, mas pra quem é de Curitiba é algo tipo: 'Nossa, jura?'.  

Na música independente, existe o costume da autossuficiência. Fazer as próprias roupas, a própria maquiagem. Jaloo já falou que participa de todo o processo na carreira dele. Você também tem uma relação muito forte com a estética, sempre com cores fortes, mudando o cabelo… 
O Jaloo é maravilhoso! Eu canso muito rápido de umas coisas que faço. Mudo os móveis da minha casa, eu mudo de casa, tudo eu dou uma mudada, não gosto de acumular coisas. O mesmo serve para a arte, eu gosto de brincar com os looks, brincar com o meu cabelo, mas não gosto de brincar com assunto sério. Eu deixo o assunto sério ali e brinco com o resto. Mas eu não sou tão foda quanto o Jaloo. Ele faz as paradas dele, cria… Eu conto com uma equipe. Eu pago as pessoas pra fazer (risos). Trabalho junto com a minha stylist, Ana Boogie, de acordo com a minha personalidade. Tudo dentro do que eu peço pra ela e o universo dela combina muito com o meu. A gente gosta de umas coisas mais lúdicas, Esse brinco foi um presente que eu ganhei de um fã hoje. Boto e já uso.

Assista à performance de Tombei e ao cover de Back to black, de Amy Winehouse, durante o Coquetel Molotov: 




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