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Música Isadora Melo lança Vestuário, primeiro disco solo, entre leveza e silêncios Cantora pernambucana faz show no Teatro de Santa Isabel, nesta quinta-feira (20)

Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco

Publicado em: 20/10/2016 13:25 Atualizado em: 20/10/2016 14:38

Isadora Melo interpreta canções de parceiros musicais de longa data, como Juliano Holanda e Zé Manoel. Foto: Bruna Valença/Divulgação
Isadora Melo interpreta canções de parceiros musicais de longa data, como Juliano Holanda e Zé Manoel. Foto: Bruna Valença/Divulgação

Isadora prefere a palavra leveza - não delicadeza, outra que lhe ofertam frequentemente - para se referir à música, à própria relação com o canto, o palco, os versos. Leveza, assim como sensibilidade, é um exercício. É o que ela diz. E leveza lhe cai bem, tem relação natural com sua voz.

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Das coisas analógicas e de objetos feitos à mão, dotados da leveza a que ela se refere, Isadora quis extrair elementos para compor a identidade de seu primeiro disco, Vestuário (Independente, R$ 15), lançado nesta quinta (20) em formato físico e por streaming, com show no Teatro de Santa Isabel, no Bairro do Recife. Conseguiu. “Os bordados manuais do encarte fazem associação entre a manufatura e a costura de músicas que fizemos. Têm relação com a ideia do álbum, com a relação das coisas com o tempo”, explica Isadora, que deu à compilação o título da primeira das 12 músicas. “Visto o verso e ele é minha roupa se faz frio ou faz calor”, diz um trecho de Vestuário, composição de Juliano Holanda.


Filha do cantor Karlson Correia e da atriz Sônia Cristina, Isadora transformou a infância permeada por música numa relação afetiva com sua ferramenta de trabalho, a voz. Cantar evoca memórias, familiaridade, nostalgia. No primeiro disco, uma espécie de continuação aprofundada do EP Isadora Melo (2014) - ela retoma, inclusive, as faixas A joia e Partilha, revestidas por novos arranjos -, interpreta letras de Juliano Holanda (que também assina a produção do álbum), Júlio Holanda, Zé Manoel, Glauco César, Kassin, Hugo Linns, Clara Simas, Mavi Pugliesi, Paulo Paes, Hugo Coutinho, Caio Lima e Walter Areia, com participações especiais de Clara Torres, Zé Manoel e Jaques Morelenbaum (violoncelista e arranjador, conhecido por trabalhos em parceria com Tom Jobim, Caetano Veloso, Gal Costa). O pai de Isadora, Karlson Correia, também participa do trabalho, uma chancela preciosa para a intérprete.

“São meus parceiros, compram brigas comigo. Me ensinam a trabalhar em equipe, ser parceira, integrar uma banda. Também fizemos juntos o EP, cuja linha poética e sonoridade eram muito claras. O repertório de Vestuário foi um acaso programado, articulado coletivamente. Reúne o tipo de poesia que nos interessa. As palavras e os silêncios têm razão de ser”, explica Isadora. No palco do Teatro de Santa Isabel (Praça da República, S/N, Bairro de Santo Antônio) onde se apresenta nesta quinta (20) às 20h, entra em cena acompanhada por Juliano (guitarra e violão), Júlio César (acordeon), Rafael Marques (bandolim) e Rogê Vítor (contrabaixo) - este último assume o papel que, no estúdio, coube a Walter Areia, hoje radicado em Portugal. A entrada é gratuita.

>> DUAS PERGUNTAS: Isadora Melo, intérprete

No repertório de Vestuário, duas canções do EP Isadora Melo são resgatadas com novos arranjos. Foto: Bruna Valença/Divulgação
No repertório de Vestuário, duas canções do EP Isadora Melo são resgatadas com novos arranjos. Foto: Bruna Valença/Divulgação
Você fala em silêncios calculados durante o show. Qual a importância deles para o envolvimento do público com a música?

Nós pensamos muito sobre o silêncio ao construir o disco. Mais do que calculados, eles foram sentidos. Filosoficamente, a pausa é um respiro. Ela também é um recado. A gente vive num mundo tão corrido, tão louco, que deixamos de perceber as pausas que precisamos dar para respirar, tomar um café. A gente não se sente. A pausa é para entender mesmo as canções. E tem, ainda, o efeito de atentar. No Santa Isabel, em função da acústica, teremos silêncios incríveis. Esse é um espaço fundamental para a contemplação, a troca entre quem ouve e quem canta. Cria-se um respeito, um impulso para o entendimento.

Qual sua avaliação do resultado de Vestuário?
Entre a seleção de canções, as gravações, produção... estamos em Vestuário desde 2014, logo após o EP. Há uns três meses, na reta final, eu estava numa crise criativa... Dei uma pausa. Tem várias coisas que você fica pensando quando põe algo na gaveta, podendo avaliar depois. Mas concluí que o disco é um retrato muito bonito do que eu vivi nesse tempo. Busquei um trabalho honesto, as letras são o que são. Foi uma linguagem coletiva, construímos repertório e sonoridade juntos. Há muitos solos instrumentais, não é um disco voltado apenas à minha voz. Buscamos a nossa verdade. Ela está lá, no disco.


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