Diario de Pernambuco
Busca
Cinema Filme retrata vida de prostituta que ganhou medalha de honra em Pernambuco Curta, exibido em Recife durante o Recifest, acompanha a vida de Nena Cajuína por um dia

Por: Matheus Rangel

Publicado em: 30/10/2016 17:09 Atualizado em: 30/10/2016 17:13

Aos 67 anos, Nena Cajuína foi alvo de documentário sobre sua vida. Foto: Alastrado Produções Artísticas/Divulgação
Aos 67 anos, Nena Cajuína foi alvo de documentário sobre sua vida. Foto: Alastrado Produções Artísticas/Divulgação

Mulher, pobre, prostituta. Foi este o perfil da ganhadora de uma medalha de honra ao mérito oferecida, com unanimidade, pelo governo de uma cidade no sertão pernambucano. O acontecimento, de 2013, movimentou o município, dividiu opiniões e ganhou a atenção da imprensa. Agora, virou filme e já entrou na programação de festivais em Manaus, Caruaru e Recife, com exibição confirmada no Recifest: Festival de cinema da diversidade sexual e de gênero.

Cerca de oito horas de gravações e um dia de edição foi o tempo que Almir Guilhermino levou para contar a história de Nena Cajuína. Hoje aos 67 anos, ela começou a trabalhar como garota de programa aos 13 e agora é dona de um bar em Arcoverde, cidade onde reside e é amplamente conhecida. A iniciativa da Câmara de Vereadores da cidade de oferecê-la a Medalha de Honra ao Mérito Cardeal Arcoverde, a mais alta comenda entregue pelo legislativo, partiu da vereadora Célia Cardoso (PR), que reafirmou a homenagem como uma dedicatória a força de Nena, sua pessoa, história de vida e caráter.

"A cidade se dividiu, muita gente ficou falando que ela não merecia porque era uma prostituta. Isso me impressionou", começa contando o cineasta sobre o primeiro contato com a história da personagem tão singular.  O curta-metragem foi produzido de maneira simples e quase improvisada: a equipe chegou em Arcoverde ao meio dia - sem quer saber onde ficava a casa de Nena - e saiu às 17h com depoimentos dela e de Célia Cardoso, além de imagens do cotidiano da protagonista. "Quero tirar o cinema do pedestal. É uma maneira de quebrar um tabu e mostrar pra essa galera nova que não precisa ser um exímio diretor, nem ter uma equipe completa. Todo mundo se dividiu. Custou somente 200 reais de combustível e um almoço. Não tem segredo com essas novas tecnologias", explicou Almir.

Embalada pela trilha sonora do curta, a canção Ah se não fosse o amor, de Lirinha, Nena se abre. Conta detalhes do passado, características da profissão e fala sobre a relação com a cidade. Dona de um bar, é conhecida por sua história. Também brinca: "O papel das prostitutas tá se acabando porque, hoje em dia, todo mundo dá de graça". 

Nena Cajuína fez sua estreia no Festival do Bodó, em Manaus, no dia 22 de outubro. Chega aos cinemas pernambucanos primeiro no Festival de Cinema de Caruaru, no dia 10 de novembro, e em Recife no dia 16, por meio do Recifest. 

Assista ao trailer:



Acompanhe o Viver no Facebook:


MAIS NOTÍCIAS DO CANAL