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Arte Curso gratuito no Recife ensina como ser uma drag queen Habilidades de improvisação, maquiagem, dublagem e criação de personagem serão treinadas nas aulas, cujas inscrições estão abertas

Por: Matheus Rangel

Publicado em: 22/10/2016 12:01 Atualizado em: 24/10/2016 20:48

Espetáculo "Cabaret show drag: Histórias que emergem por trás do glamour" surgiu como parte da oficina. Foto: Renan Perobelli/Divulgação
Espetáculo "Cabaret show drag: Histórias que emergem por trás do glamour" surgiu como parte da oficina. Foto: Renan Perobelli/Divulgação


Dublar bem, dançar com destreza e ter uma boa personagem desenvolvida. Além de habilidades com maquiagem, são essas as principais qualidades prezadas em uma drag queen - homens ou mulheres que, para fins de entretenimento, criam um alter ego artístico com direito a nome e sobrenome. Essas competências serão ensinadas, praticadas e aperfeiçoadas durante um curso gratuito oferecido pelo Recifest: Festival da diversidade sexual e gênero, entre os dias 14 e 18 de novembro. Os participantes poderão, inclusive, fazer uma performance na festa de encerramento do evento. 

Intitulado Drag Queen Curso (DQC), a oficina foi criada pelo ator e produtor paulista Zecarlos Gomes. Aos 33 anos, ele começou a carreira no teatro, passou pela dança e pelo circo e aplicou a bagagem artística na elaboração de Sheyla Müller, drag que interpreta desde 2008. Os cinco dias de aula serão divididos em partes, começando pelo autoconhecimento e sensibilidade, passando para técnicas teatrais e de improvisação. "Acredito que o artista se torna artista quando se descobre enquanto pessoa", defende Zecarlos.

Artistas que fizeram parte do curso. Foto: Danilo Cava/Divulgação
Artistas que fizeram parte do curso. Foto: Danilo Cava/Divulgação

A dança também representa uma importante parte no processo de aprendizagem. Para isso, o artista diz que elaborou o curso baseado em conceitos de autoralidade. "Não existe uma personagem engessada. É tudo criado a partir da personalidade e da bagagem que cada um tem. Nos módulos de dança, as pessoas chegam pensando em coreografias. A dança também é autoral, cada movimento é performance e depende de como o corpo se posiciona%u2026", enfatiza ele. O mesmo serve para maquiagem. "Vamos ensinar a fazer os traçados, um jogo de luz e sombra para afinar o rosto, mas cada um descobre sua forma de maquiar de acordo com a sua personalidade", diz.

Outro ponto a ser abordado pelo DQC são as dublagens. Geralmente em baladas ou casas noturnas, drag queens se tornaram populares pela habilidade de acompanhar corretamente uma música e performá-la. "Quando você está dublando, é preciso fazer algo para chamar a atenção do público. Quem canta ao vivo prende a atenção pela voz, enquanto drags precisam de uma verdadeira perfomance", aponta Zecarlos. Para aperfeiçoar esse ponto, as aulas prometem promover exercícios práticos com a boca, a fim de estimular a boa dicção, além de procurar treinar o conhecimento da música a ser apresentada.

No Brasil, a arte drag ficou ainda mais conhecida após a estreia do reality show norte-americano RuPaul%u2019s drag race, que promove competição de costura, maquiagem, atuação, canto e dança. As duas queens (como são chamadas) com pior desempenho por episódio ouvem a temida frase "lipsync for your life", ou duble pela sua vida. Quem apresentar melhor performance, considerando os aspectos de dublagem, dança e presença de palco, permanece na competição. 

O programa acumula uma legião de fãs que não se contentam com a posição de espectadores. Influenciados por RuPaul, muitos passaram a "se montar", isto é, exercer a profissão de drag queens. Embora o reality tenha grande peso na divulgação da prática, Zecarlos afirma que iniciou o curso, o primeiro no Brasil, antes mesmo do boom do programa: "Realizo o curso desde 2010, não comecei por conta de Ru, foi mesmo uma questão de sensibilidade".

Realizado em SESCs paulistas, a oficina já resultou no espetáculo Cabaret show drag: Histórias que emergem por trás do glamour, ainda em exibição pelo estado, além de Sereias de salto. No Recife, as inscrições para o curso já estão abertas e precisam ser feitas até o dia 5 de novembro através de um formulário em que os interessados devem responder, além de dados pessoais, a pergunta: O que é drag para você? O questionamento, segundo Zecarlos, será definidor no processo seletivo, por meio do qual serão escolhidos dez homens e cinco mulheres. "Temos que analisar o potencial artístico de cada um. Nem precisa ter experiência, mas queremos saber a fala das pessoas", explica.

O Recifest

Em sua quarta edição, o Festival da diversidade sexual e gênero ocorre entre os dias 15 e 19 de novembro com uma programação que inclui mostras de curtas-metragens pernambucanas e nacionais, todas com temática LGBT. Os filmes serão exibidos no Cinema São Luiz (R. da Aurora, 175) às 19h30.

Serviço
Drag Queen Curso
Quando: de 14 a 18 de novembro
Onde: a definir
Quanto: gratuito
Inscrições: Clique aqui (até 5 de novembro, para maiores de 18 anos)


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