Música Bruno Souto lança Forte, disco de pop adulto inspirado em separação Disco está disponível por streaming a partir desta sexta-feira (14)

Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco

Publicado em: 14/10/2016 14:25 Atualizado em: 14/10/2016 15:14

Bruno Souto evoca, em Forte, resiliência para enfrentar rompimentos e o mercado da música independente. Foto: Ri San/Divulgação
Bruno Souto evoca, em Forte, resiliência para enfrentar rompimentos e o mercado da música independente. Foto: Ri San/Divulgação

Foi a partir de rompimentos e recomeços pessoais que o compositor pernambucano Bruno Souto (Volver) desenvolveu o segundo disco solo, Forte (Deck Discos, gratuito), disponível a partir desta sexta (14) nos principais canais de streaming - como o iTunes, Spotify e Deezer O romance de Estado de nuvem (2013), seu álbum de estreia na carreira solo, dá lugar a um pop adulto, de sonoridade mais limpa, mais radiofônica também. Souto brinca com o conceito: "É uma ironia. Artista independente não toca em rádio, o meu pop não é um pop comercialmente viável. Forte se encaixa perfeitamente com a condição do músico, do artista independente no Brasil. Temos que ser fortes. E não estou me lamentando. É só uma constatação."

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À ruptura com as letras e melodias de Estado de nuvem, Bruno Souto associa as próprias transformações: se enfileirados, os três discos produzidos como vocalista da banda Volver e os dois álbuns solo têm, entre si, mais dessemelhanças que simetrias. Som, versos e estética são renovados a cada fase. De todas, Souto considera a atual mais limpa, direta.

"Estado [de nuvem] era mais denso, Forte é mais dançante. Eu queria uma sonoridade atual, um resultado contemporâneo", explica. As referências vão de Michael Jackson a Lulu Santos, espelham o repertório que Souto ouvia durante a produção do disco, produzido por João Vasconcelos.

Repare (com sanfona de Marcelo Jeneci) e Muito além de nós (com Régis Damasceno) fazem a ponte entre Estado de nuvem e Forte. Já as faixas Faz parte do amor, Deixa e Amor demais definem a identidade do novo projeto, uma coletânea de nove músicas com grooves, saxofone, sanfona e falsetes. Seriam dez. "Quando estavam todas gravadas, decidi que uma delas não combinava com as demais, não fazia parte daquela unidade", conta o músico, acostumado a montar repertório final já dentro do estúdio. "Nunca chego às gravações com o disco todo pronto. Não escolho dez ou quinze faixas entre cinquenta. Eu vou montando o álbum como unidade, obra. Gravo mais uma, elimino outra, componho, substituo. E assim o disco nasce", revala.

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Rompimento
Forte reflete o meu estado de espírito durante a composição das músicas, durante as gravações. Passei por um processo de separação, e isso se refletiu no meu trabalho. Forte era como eu deveria me sentir. Dificilmente invento histórias. Minhas letras geralmente falam sobre mim, sobre situações de pessoas próximas, gravitando em minha órbita.

Amadurecimento
O disco revela um amadurecimento musical. Estou mais experiente. Para mim, que estou inserido no processo desde o início, é difícil avaliar. Mas creio nisso. Nesse disco, uma das intenções foi não ter muitos arranjos truncados, por exemplo. Eu queria ser o mais simples e direto possível. Do primeiro disco com a Volver até agora, acho que o caminho foi se trilhando assim, naturalmente: a cada trabalho eu procuro enxugar um pouco mais. Procuro escutar artistas que passam a mensagem deles de forma direta, como faz Roberto Carlos, por exemplo. Não sei se cheguei até onde eu quero, mas estou no caminho certo. Estou no caminho de ser mais direto e simples, não simplista.

Transformação
A transformação é um processo natural. Estética e sonoridade mudam, devem mudar. Eu tenho essa inquietação artistica, penso no disco como uma obra, no sentido de que eu vou morrer e o disco vai ficar. Preciso transformar as coisas entre um disco e outro. Mas não que essa seja uma obrigação. Mas, em três anos, entre Estado de nuvem e Forte, imagine quantas coisas eu vivi. Quantas coisas a gente vive nesse tempo?

Resistência
Vivemos uma fase difícil para os compositores, nem sempre somos creditados. Muitos precisam abandonar seu estilo para se adequar ao mercado, para sobreviver. Mas compor ou não compor não é uma questão de mercado. É uma necessidade, uma paixão, um ofício. Mas não é um bom momento. A música, de modo geral, está valendo muito pouco. Inclusive na vida das pessoas. A forma como as pessoas se comportavam em relação à música nos anos 1980, por exemplo, era muito diferente. Mas sinto que estamos numa fase de transição, num momento de transformação, ainda não sabemos qual formato de mercado vai perdurar por mais dez anos. Estamos desobrindo tudo novo. E não existe mais uma fórmula, como já existiu. Cada um faz do seu jeito, o que também é bom.

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