TV Nova série da Globo mostra primórdios da TV, romance lésbico e triângulo amoroso entre irmãos Com pernambucanos na produção e no elenco, Nada Será Como Antes estreia nesta terça-feira

Por: Breno Pessoa

Por: Fernanda Guerra - Diario de Pernambuco

Publicado em: 27/09/2016 13:20 Atualizado em: 27/09/2016 18:48

Bruna Marquezine e Letícia Colin protagonizarão romance na série. Foto: Estevam Avellar/TV Globo
Bruna Marquezine e Letícia Colin protagonizarão romance na série. Foto: Estevam Avellar/TV Globo

 

Pernambuco tem passado por um bom momento na teledramaturgia. Recife foi cenário da trama da recém-exibida Justiça, um olindense está entre os protagonistas de Supermax, a sucessora na faixa horária, e, a partir de amanhã, uma nova produção da Globo tem representantes do estado. São os autores Guel Arraes e João Falcão, responsáveis, junto com Jorge Furtado, pelo roteiro de Nada será como antes, série de 12 capítulos.

Idealizada por Arraes e Furtado, escrita pelos dois e também por João Falcão, a série tem direção de José Luiz Villamarim, o mesmo de Justiça. A trama é centrada no romance de Verônica (Débora Falabella) e Saulo (Murilo Benício), com ambientação nos 1950, nos primórdios da TV brasileira. “É uma história de amor”, define Guel Arraes, ressaltando que a narrativa histórica não é foco, mas elemento potencializador da trama.

Na avaliação de João Falcão, a temática não costuma ser abordada na ficção. “A televisão foi muito importante. O país todo mudou e se modernizou. Por isso, o título. A gente faz referência à telenovela brasileira, que mexeu com costumes ao longo do tempo”, exemplifica o pernambucano. Em um paralelo com a migração de atores, diretores e produtores do cinema para televisão, João frisa que a televisão sempre teve espaço. “Isso sempre existiu. É uma indústria que deu certo”, complementa.

Logo que foi anunciada, a série foi comparada ao seriado norte-americano Mad men, no qual os bastidores de uma agência de publicidade compõem a trama. A série nacional se passa no mesmo período da produção norte-americana. “Nada que tenha sido intencional, mas é possível que tenha uma conexão. É uma época maravilhosa, famosa no mundo inteiro. O nosso protagonista também é um desbravador dos meios de comunicação”, explica João. As nuances dramáticas são outras características semelhantes.

O primeiro episódio já está disponível na plataforma Globo Play, uma estratégia da emissora que vem se repetindo com os produtos mais recentes, a exemplo de Justiça e Supermax. “Eu acho ótimo isso. Não dá para ignorar a internet. Não acho que prejudica a carreira na televisão”, analisa o autor. A reconstituição do período envolveu cenografia, figurinos e músicas de época.

A história acompanha Saulo Ribeiro, um visionário produtor do ramo do entretenimento, que se envolve com Verônica Maia, cantora da Rádio Copacabana. O auxílio de Otaviano Azevedo Gomes (Daniel de Oliveira), investidor das primeiras produções da TV Guanabara, dá combustível para expandir as ações pioneiras do veículo. O elenco ainda conta com Bruna Marquezine, Osmar Prado, Cássia Kis e Daniel Boaventura. Os pernambucanos Bruno Garcia e Jesuíta Barbosa também estão na trama. Bruno vive Aristides, roteirista, diretor e produtor da emissora. Já Jesuíta, que viveu recentemente Vicente em Justiça, estará na pele do músico Davi, que tem uma obsessão pela dançarina e atriz Beatriz (Bruna Marquezine).

A personagem de Bruna será uma estrela da TV Guanabara. Além de ter um caso com Otaviano, Beatriz se relacionará com Julia (Letícia Collin). “Ninguém seduz ninguém. É um encontro. Um amor entre duas mulheres”, explica Letícia, em entrevista ao Gshow. Com um episódio por semana, a série vai ao ar às terças-feiras, após Velho Chico.

Entrevista Guel Arraes // Roteirista de Nada será como antes

Foto: Mauricio Fidalgo/TV Globo
Foto: Mauricio Fidalgo/TV Globo

Por que ambientar a trama nos primórdios da TV?
A TV faz parte da vida brasileira há muito tempo. É parte da cultura brasileira. E nunca foi feita uma história maior sobre isso. É curioso que a própria TV nunca quis se se retratar, enquanto Hollywood fez isso mais de uma centena de vezes. E, para o Brasil, a TV tem uma importância semelhante ao do cinema para os Estados Unidos. É também um assunto que nos interessa.

A questão histórica tem muito peso no roteiro?
É uma história romântica que não está descolada da história da televisão. Cada episódio trata de um acontecimento relacionado com a TV. Talvez o mais importante seja a conexão. A TV não é simplesmente um escritório onde eles (os personagens) trabalham, mas algo que potencializa o drama e as questões humanas. Naquela época, uma mulher solteira era um problema. Se ela era atriz, virava um problemão. Se um galã era homossexual nos anos 1950, também, era - e ainda hoje é - um problema. Existe uma ligação entre essas histórias, em que a fama projeta as pessoas e muita coisa é amplificada.

É possível fazer um paralelo com o presente?
Uma das coisas interessantes dessa época é que algumas histórias começam e continuam tão atuais quanto antes. É (um período) suficientemente perto para se reconhecer os mesmos problemas mas também suficientemente longe para olhar com certa distância e avaliar.

Há pouco tivemos Justiça, uma trama ambientada no Recife, e vemos cada vez mais atores fora do eixo Rio-São Paulo. Percebe mudanças na maneira como o Nordeste é representado?
Percebo bastante. É como você trabalhar com o ator negro sem trazer a temática da negritude, do preconceito. Ele pode ser o personagem da história sem que isso seja sublinhado. Quando um história se passa no Rio (de Janeiro), isso (o local) não é sublinhado. A representação tem sido menos folclórica, com o uso da região sem ser uma coisa regionalizada.



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