Ficção Científica Guia feito por autores brasileiros celebra os 50 anos de Star Trek Franquia foi ao ar pela primeira vez em 8 de setembro de 1966

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 08/09/2016 12:30 Atualizado em: 08/09/2016 14:32

Franquia acumula mais de 700 episódios em diferentes séries de TV e 13 filmes. Foto: Paramount/Divugação
Franquia acumula mais de 700 episódios em diferentes séries de TV e 13 filmes. Foto: Paramount/Divugação

No dia 8 de setembro de setembro de 1966, Star trek ia ao ar pela primeira vez na TV norte-americana. Passados 50 anos, a franquia continua presente na cultura pop, com filme em cartaz atualmente nos cinemas e nova série em desenvolvimento, com estreia prevista para 2017. Para celebrar a data e rememorar a trajetória de uma das mais marcantes obras da ficção científica, os escritores Salvador Nogueira e Susana Alexandria lançaram o livro Jornada nas estrelas: O guia da saga (320 páginas, Leya, R$ 59,90).
Livro é boa fonte de informações para fãs da série. Foto: Leya/Divugação
Livro é boa fonte de informações para fãs da série. Foto: Leya/Divugação

O lançamento se propõe a sintetizar a longeva carreira de Star trek, dos primórdios da criação de Gene Roddenberry até os possíveis próximos passos que a franquia deve seguir. Considerando que Jornada acumula 726 episódios em diferentes encarnações do programa e 13 filmes, a tarefa de condensar as informações em 320 páginas não foi simples. "O mais difícil foi estabelecer as prioridades do que inserir em cada capítulo, pela restrição do espaço", diz Alexandria, lembrando ainda que foram abordados todos os filmes e temporadas de cada programa televisivo, incluindo o desenho animado e a Fase II, série dos anos 1970 que nunca chegou a ser filmada.


Robusto e organizado, o livro apresenta muitas informações e curiosidades de bastidores, além dados técnicos, de custos de produção a audiência. É um material que pode servir tanto de guia para os iniciantes na franquia quanto fonte de informações para quem já conhece bem o universo de Jornada nas estrelas.  


ENTREVISTA | Salvador Nogueira e Susana Alexandria

Qual os aspectos mais interessantes em Star trek?

Salvador Nogueira - A característica mais dissonante, e por isso mesmo especial, de Star trek enquanto ficção científica é que se trata de uma produção otimista a respeito do futuro da humanidade. Autores de ficção científica costumam ter um faro muito aguçado para encontrar os problemas e os desafios que o futuro da tecnologia nos trará, e isso naturalmente produz um cenário que é muito mais distópico do que utópico. Star trek conseguiu fugir dessa armadilha e se tornou o protótipo para a ficção científica esperançosa, que vê o futuro humano não como uma tragédia prestes a acontecer, mas como algo que trará o melhor de nós mesmos e de nossa espécie, conforme avançamos na exploração do universo.

Star trek é também uma série inclusiva?

Susana Alexandria - Sim, desde o primeiro episódio piloto (o “episódio teste” feito em 1964 para apreciação da rede NBC), a segunda em comando da nave era mulher, interpretada pela atriz Majel Barrett. Mas o criador da série, Gene Roddenberry, teve de recuar naquele momento porque, em exibições-teste, a própria audiência feminina rejeitou a mulher no comando. Porém, embora não estivesse no comando da nave, a mulher aparecia em vários episódios em pé de igualdade com os homens, ocupando postos importantes na Frota Estelar e na Federação Unida de Planetas. A série desde o início procurou ser inclusiva, formando uma tripulação heterogênea, com uma mulher negra (tenente Uhura), um asiático (o piloto Sulu), um alienígena mestiço (Spock) e até um russo (Chekov), em plena Guerra Fria! Gene Roddenberry dizia que a nave era uma metáfora do planeta Terra. As séries derivadas seguiram esse mesmo caminho, até dar o próprio comando da nave a uma mulher: a capitão Janeway, da série Voyager.

Qual seria um bom ponto de partida para quem nunca viu a série?

Salvador Nogueira
- Acho que esta é a pergunta mais difícil a se fazer a um trekker. Não só porque são muitos episódios e filmes bons, mas sobretudo porque depende fundamentalmente de para quem você está apresentando o conteúdo. Se for para um fã de ação, eu sugeriria Star trek (2009), filme dirigido por J.J. Abrams que fez uma releitura dos personagens originais. Agora, se for para alguém mais sensível, apostaria no episódio The inner light, da Nova geração, ou The visitor, de Deep space nine, duas histórias extremamente comoventes que usam premissas de ficção científica para criar drama de primeira linha. Choro feito um bebê toda vez que vejo qualquer um desses dois.

Susana Alexandria - Ao longo dos últimos anos, em contato com os fãs, descobrimos que os pontos de partida para os espectadores foram os mais diversos: uns começaram vendo a série antiga; outros, os filmes para cinema; outros, ainda, iniciaram com A nova geração; e há alguns que tomaram conhecimento da série através dos livros. Então, acredito que não seja necessário começar, necessariamente, pela série original. No entanto, como todos os episódios da franquia (inclusive a série enimada, pouco conhecida no Brasil) estarão disponíveis na Netflix em breve, creio que a melhor maneira de conhecer a série seja assistindo aos episódios na ordem cronológica de produção, ou seja: série original, série animada, filmes com o elenco da série original (1 ao 6), A nova geração, Deep space nine, filmes com o elenco de A nova geração (7 ao 10), Voyager, Enterprise, filmes da nova linha temporal e a nova série, Discovery, que estreia em janeiro de 2017, também na Netflix. Vendo nessa ordem, o espectador terá uma visão completa da evolução da franquia, compreendendo todas as referências internas dos episódios. Mas isso, absolutamente, não é necessário para desfrutar Star trek.

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