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YouTube PC Siqueira autografa livro no Recife e se avalia: 'Maturidade resume tudo' Youtuber participa da Campus Party Weekend e autografa a biografia fictícia PC Siqueira está morto: fragmentos de uma vida digital

Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco

Publicado em: 20/08/2016 13:13 Atualizado em: 19/08/2016 18:12

PC Siqueira autografa biografia fictícia na Campus Party Weekend, no Recife. Fotos: YouTube/Reprodução
PC Siqueira autografa biografia fictícia na Campus Party Weekend, no Recife. Fotos: YouTube/Reprodução

Há seis anos, tudo o que PC Siqueira fala na internet é ouvido por milhões. Os monólogos com cortes rápidos e temas variados lhe renderam, desde fevereiro de 2010, 2,1 milhões de inscritos no canal MasPoxaVida, atualizado semanalmente no YouTube. Entre o ingresso na rede e a postagem mais recente, na quinta-feira passada, Paulo Cesar Siqueira serviu de referência a um encadeamento de produtores de conteúdo em formato semelhante.

Chegou aos 30 anos de idade, corrigiu por cirurgia o estrabismo que lhe fez vítima de bullying na infância e se tornou característica marcante nos vídeos, amadureceu. Ele mesmo analisa assim. Agora, tornou-se protagonista da biografia fictícia PC Siqueira está morto: fragmentos de uma vida digital (Suma das Letras, R$ 29,90), escrita pelo jornalista Alexandre Matias e lançada neste fim de semana no estado, com a presença do youtuber, durante a Campus Party Weekend, no Classic Hall, em Olinda. Os ingressos custam R$ 75 e estão disponíveis no site oficial do evento.

Em duas sessões - a primeira neste sábado (20), às 19h, e a segunda no domingo (21), às 10h -, na área vip da Arena Campus Weekend, PC recebe os fãs pernambucanos e autografa exemplares do livro. Também no domingo (21), às 9h, ele participa da palestra Nordeste e Sudeste: como criadores regionais representam a cultura de um povo, com participação do youtuber Kaio Oliveira. Eles explicam como a cultura de cada região pode influenciar a produção de conteúdo para a internet.


As cerca de 250 páginas de PC Siqueira está morto: fragmentos de uma vida digital combinam a história de um garoto com superpoderes, viagens por realidades paralelas e experiências reais em formatos experimentais. Páginas em branco, trechos de conversas virtuais e histórias em quadrinhos se misturam no desenvolvimento da história, metade biografia, metade ficção.

“O conteúdo do livro é completamente diferente do que eu produzo na internet, do que já produzi na televisão. A intenção é essa, fazer diferente. Não queríamos repetir a tendência de reproduzir o que eu faço no meu canal no YouTube, nem contar a minha história antes de chegar até ali. Então chegamos a uma biografia fictícia”, explica PC, em referência à safra recente de livros assinados por youtubers, a maioria baseada nos bastidores das gravações ou dedicada a compilar o que já produziram na rede. “Há vários segredos que podem ser desvendados por leitores mais atentos. Há realidade e fantasia”, completa.

>> ENTREVISTA: PC Siqueira, youtuber

O título do livro sugere um rompimento consigo mesmo. Qual a mensagem idealizada? De que modo PC Siqueira está morto?

Eu acho que um rompimento com meu eu antigo. Não sou mais a mesma pessoa de 2010, quando comecei a gravar e publicar os meus vídeos. Eu tinha 24 anos, agora tenho 30. Isso faz muita diferença na vida de qualquer pessoa, é uma fase de amadurecimento, transformações. O livro fala sobre a internet, mas também sobre essa mudança pessoal. Não é como se eu tivesse morrido, foi o outro PC que morreu. Eu estou vivo. Ainda sou o mesmo, mas diferente.

Em linhas gerais, o que mudou?
Sintetizo com a palavra maturidade. Maturidade resume tudo. Tem a ver com ser jovem. Eu me observo mais, me questiono mais. Antes eu falava muito sobre como eu achava que as coisas deveriam ser. Hoje eu discuto o que as coisas são, simplesmente. Há muito menos raiva em mim. Minha atitude é outra. Meus videos fazem parte da minha vida, então eles me refletem. Todo mundo amadurece muito dos 24 aos 30 anos.

Virar youtuber, vlogueiro ou instagramer de sucesso se tornou sonho de muitos jovens atualmente. De uma hora para outra, perfis são inundados com postagens e seguidores, capazes de fazer um anônimo se tornar celebridade do dia para a noite. O que você acha que representa essa busca por exposição e reconhecimento instantâneo? Nós já temos maturidade suficiente para entender o que vivemos?

Eu acho que a pessoa que quer investir nisso, se ela gosta de criar vídeos e fotos legais, é um caminho legítimo. Acho que tem a ver com afinidade. Mas há diferentes tipos de produção, diferentes conteúdos. Tem gente que quer criar conteúdo, simplesmente, e, eventualmente, vai ganhar fama. E tem gente que só quer aparecer mesmo. Não digo que um está certo e outro, errado. São só diferentes.

Há quem enxergue no crescimento dos canais de vídeo um sinal de derrocada das TVs e de outros meios tradicionais. Em compensação, pesquisas apontam o fenômeno da segunda tela - uso simultâneo das duas mídias. Como você analisa a relação entre a internet e os veículos tradicionais de transmissão? Qual futuro se desenha à nossa frente?
Não acho que o crescimento do YouTube sinalize um enfraquecimento da televisão. Sinaliza que a TV está deixando de ser o único meio para consumirmos material audiovisual. Isso não é de hoje. Mas nós, youtubers, também produzimos materiais para a televisão. Eu acho que os meios vão se fundir, não se anular. Eles não vão romper um com o outro. Tudo vai co-existir.

O YouTube e a própria internet têm registrado a existência de vários canais com conteúdo específico, nos quais o significado de sucesso nem sempre é consequência dos milhões de usuários/acessos. A evolução da web caminha para essa segmentação?
Sim, sem dúvidas. Como não há uma grade de programação, você pode fazer o que quiser. Os conteúdos vão se tornando mais específicos. Eu acho que o youtube segue os passos que a TV já trilhou. Há produções voltadas ao sensacionalismo, às várias formas de chamar a atenção. Isso não é uma crítica. É só uma observação. A TV tem uma grade, uma programação a seguir. O YouTube é livre, é possível explorar vários públicos, contemplar todos eles.

Você vive do trabalho na internet? É consistente, do ponto de vista econômico, a sobrevivência a partir desse trabalho na web?
Sim, totalmente. Eu vivo do meu trabalho na internet há seis anos. Mas é preciso lembrar: não é como mandar currículo para uma empresa, começar a trabalhar e ganhar salário já no mês seguinte. É algo construído aos poucos, não tem fórmula certa.

A liberdade para comentar e publicar tem sido exercida, às vezes, com conteúdo ofensivo. Como você enxerga e trata os haters na internet?
Há uma diferença aí. Existe a pessoa que critica. E existem os haters. Tem gente que só quer xingar mesmo. Mas uma crítica séria pode te ajudar a melhorar. Tem gente que dá uns toques, incentiva o trabalho, diz que estou postando poucos vídeos, que a qualidade dos áudios está ruim, esse tipo de coisa. Mas tem gente que critica só por criticar. Eu tento não responder pessoalmente, um a um. Eu respondo em videos direcionados a todos. No fim das contas, essas pessoas [os haters] querem minha atenção com os seus xingamentos, e eu não posso perder meu tempo com isso.
    
>> SAIBA MAIS

Além do canal MasPoxaVida, PC Siqueira comanda o programa PC no PC, parceria com a rede Snack, uma releitura do programa que mantinha na MTV, PC na TV. Com Otávio Albuquerque, é responsável, ainda, pelo quadro Rolê Gourmet. E no canal TBS, com Juliano Enrico, apresenta o humorístico Caravana no ar. No Youtube, os 2,1 milhões de seguidores já lhe renderam mais de 200 milhões de visualizações.



 

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