Pokémon Go é chance para conhecer monumentos e obras de arte no Recife

Reprodução de Pokestop em grafite da Rua da Aurora, obelisco na mesma rua e Grafite "onde não há música não há mal", na Rua da Saudade. Crédito: Luiza Maia/Niantic/Reprodução/

O aplicativo Pokémon Go, lançado no mês passado, conseguiu atrair uma atenção que pouquíssimos jogos para celular tiveram até hoje. O ato de caçar pokemons pela cidade por meio da realidade aumentada já deu origem, inclusive, a uma infinidade de histórias bizarras nos países onde o jogo foi lançado. No Brasil, o aplicativo começou a operar nesta quarta e se tornou uma mania instantânea para quem é mais conectado e, ao mesmo tempo, tem nostalgia da infância, quando o desenho animado do Pokémon passava na TV.

Além de entreter, o Pokémon Go pode ter uma vantagem inesperada: ao sinalizar monumentos de cada cidade, ele coloca em evidência diversas obras de arte espalhadas pela cidade, sejam em pontos turísticos, como no Bairro do Recife, seja em localidades pouco conhecidas pela população. Isso acontece porque os jogadores precisam restabelecer sua munição, entre outros lugares, em bases “instaladas” em esculturas e outros tipos de obra de arte, como paredes grafitadas.

Para que isso aconteça, quem está com o aplicativo aberto precisa passar diretamente nesses lugares e esta pode ser uma oportunidade para que essas pessoas tenham contato, mesmo que breve, com intervenções artísticas. Entre os locais chamados de “pokestops”, há grafites na Rua da Aurora, esculturas localizadas na fachada de prédios e o Parque das Esculturas Francisco Brennand, no Bairro do Recife.

A iniciativa de mapear esculturas e murais do Recife já havia sido realizada pelo projeto Recife Arte Pública entre 2014 e 2015. A ação traz informações sobre monumentos públicos ou em construções particulares de uso público em vários bairros da cidade. Segundo a idealizadora, a arte-educadora Lúcia Padilha, esse desdobramento do jogo pode ser bem-vindo. “No projeto, queremos que as pessoas conheçam o patrimônio da cidade. Temos um acervo muito bom de obras de arte pública na cidade e qualquer iniciativa é boa nesse sentido. Ainda assim, seria interessante que o jogo fosse além da simples descrição de cada lugar e tivesse conteúdo um pouco maior sobre cada ponto. Estamos completando nosso mapeamento com vitrais espalhados em diversos pontos do Recife”.

Embora monumentos públicos e privados, como esculturas em áreas comuns de prédios, sejam mapeados como Pokéstops, o aplicativo também considera como paradas pontos que não são necessariamente ligados à arte. É o caso de bustos de personalidades, placas comemorativas espalhados pela cidade ou até mesmo os relógios em cima das Farmácias Big Ben. 

SAIBA MAIS

REALIDADE AUMENTADA
O Pokemon Go é o primeiro jogo de realidade aumentada que atingiu um público mais amplo no mundo todo. A mesma empresa que desenvolveu o aplicativo, Niantic, também tinha disponível um projeto de tecnologia semelhante, o Ingress. Esse outro jogo simula uma disputa de território entre hackers misturando paisagens reais e virtuais.

%2b POKEMON GO E NINTENDO
O Pokémon Go foi lançado no início de julho nos Estados Unidos e Canadá e já tem uma coleção de histórias para contar no mundo real. Acidentes e até assaltos se tornaram ocorrências ligadas ao game. As ações da Nintendo, acionista tanto da Niantic, desenvolvedora do jogo, quanto da Pokémon Co., que detém os direitos da marca, dispararam e depois caíram após o atraso do lançamento do game no Japão. Esse resultado também se deve à descoberta que a empresa ganharia menos do que se esperava com o jogo.