Oswaldo Montenegro reúne composições feitas para o cinema, a televisão e o teatro no show Trilhas. Foto: Claudio Machado/Divulgação

É nas trilhas sonoras produzidas para a televisão, o cinema e o teatro que o cantor e compositor Oswaldo Montenegro renova os votos com a música. No show Trilhas, apresentado neste sábado (20) no Teatro Guararapes (Av. Prof. Andrade Bezerra, S/N - Salgadinho, Olinda), na Região Metropolitana do Recife, às 21h, ele explora esse recorte da carreira para comemorar os 40 anos de produção musical.

Confira o roteiro de shows do Divirta-se

“Por mais que trabalhe escrevendo ou dirigindo, a música é meu ponto de partida e de chegada. Sou um compositor popular que namora outras artes, mas não abre mão do seu casamento com a música”, diz ele, poucos meses após disponibilizar no YouTube seu primeiro longa, O perfume da memória, cujo enredo põe o telespectador como voyer do romance entre duas mulheres. Dar vazão a outras vertentes artísticas de Oswaldo Montenegro é uma das missões de Trilhas, quando letras e textos em prosa criados para enredos e personagens dos palcos e das telas vêm à tona.

Do próprio longa, apresenta O perfume da memória e Sim. As pouco executadas Aos filhos de sagitário (composta para o musical A dança dos signos), Taxímetro (da peça Noturno), Simpatia de giz (de A aldeia dos ventos) e Pense em coisas lindas (do musical O vale encantado, transformado em livro infantil) também integram o repertório da turnê, cujo título remete, ainda, às estradas percorridas pelo músico nas últimas quatro décadas.

“Eu vejo a minha infância em Minas Gerais e o futuro choque da minha ida para Brasília como a base do que componho. Na minha obra, algumas músicas que compus para trilhas ficaram às vezes mais conhecidas do que músicas de discos de carreira, como é o caso d’A lista [composta para peça homônima]”, avalia Montenegro. Segundo ele, humor (em faixas como A dama do sucesso e O chato) se mistura a conteúdo filosófico-religioso (como em Lua e flor e A lógica da criação), expressando a diversidade temática de suas produções.

>> ENTREVISTA: Oswaldo Montenegro, cantor e compositor

Algumas músicas compostas para trilhas, como A lista, se tornam mais conhecidas pelo público. Foto: Livio Campos

O processo de composição de uma música para trilha sonora da TV ou do teatro é diferente do processo de composição para um disco?
Compor para uma trilha é um gesto de certa forma generoso, em que o compositor tenta se colocar na pele do outro, tenta olhar o mundo com a visão da personagem.

O que o inspira a compor para produções de cinema, televisão ou teatro? Tem acesso a um roteiro prévio, resumo das personagens, para desenvolver as rimas?
Muitas vezes compus para filmes e peças que eu mesmo havia escrito. Em outras ocasiões, quando não sou o autor, recebo o roteiro e as cenas onde a música vai entrar, e tento me transportar para aquela situação, tomando cuidado para que a música seja coerente, mas não seja redundante.

Como é sua relação com a capital pernambucana? Tem alguma memória especial da cidade que gostaria de mencionar, lugares aos quais sempre vai?
Tenho grandes amigos no Recife. Filmei em Pernambuco com atores pernambucanos, Renato Góes e Mayara Millane, no meu segundo longa Solidões, e admiro demais a qualidade da arte que esse estado produz. Além disso, dou grandes caminhadas com meu amigo pernambucano Alceu Valença pelo Leblon, o que me aproxima mais ainda dessa terra maravilhosa.

O repertório seria também uma compilação dos 42 discos já lançados ao longo da sua carreira? Tendo essa visão do todo, como definiria seu estilo musical?
O repertório procura mostrar uma variação de estilos, busca a diversidade, uma variação de abordagens - músicas de humor, como A dama do sucesso e O Chato, músicas de conteúdo filosófico-religioso, como A lógica da criação, músicas mais emocionadas, como Lua e flor. E, principalmente, esse repertório “comenta”, aborda o quando na minha obra, músicas que compus para trilhas ficaram às vezes mais conhecidas do que músicas de discos de carreira, como é o caso d’A lista. Quanto ao estilo, é muito difícil defini-lo. Não me sinto em condições de olhar para o que faço, mas em termos de origem, vejo minha infância em Minas Gerais e o futuro choque da minha ida para Brasília como a base do que componho.

SERVIÇO
Oswaldo Montenegro: Trilhas
Quando: Sábado (20), às 21h
Onde: Teatro Guararapes, no Centro de Convenções de Pernambuco (Av. Prof. Andrade Bezerra, S/N - Salgadinho, Olinda)
Quanto: R$ 55 (meia balcão), R$ 110 (inteira balcão), R$ 75 (meia plateia), R$ 150 (inteira plateia)
Informações: 3182.8020