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Cerimônia Modelo transexual Lea T. vai fazer história na abertura da Olimpíada Filha do ex-jogador de futebol Toninho Cerezo foi a escolhida carregar a placa com o nome do Brasil, à frente da delegação brasileira

Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco

Publicado em: 05/08/2016 16:21 Atualizado em: 05/08/2016 16:44

Lea T. disse que a ideia da participação é passar uma mensagem de inclusão e provocar reflexão. Foto: Reprodução/Internet
Lea T. disse que a ideia da participação é passar uma mensagem de inclusão e provocar reflexão. Foto: Reprodução/Internet


A modelo Lea T. será a primeira transexual a participar com destaque de uma cerimônia de abertura de Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (5). Ela foi a escolhida carregar a placa com o nome do Brasil, à frente da delegação do país. Filha do ex-jogador de futebol Toninho Cerezo, ela deve vestir roupa de airprene, material fabricado para os jogos pela marca de surf Mormaii. Semelhante ao neoprene, o look terá microfuros na borracha. O traje será usado por todos os porta-placas das delegações.

Lea T. diz que a ideia da participação é passar uma mensagem de inclusão e provocar reflexão. Em entrevista à revista Carta Capital, ela afirmou que é "absurdo" que a vida íntima das pessoas ainda provoque, em 2016, debate sobre aceitação ou rejeição. "Eu tenho que ter autorização para viver no mundo? É uma coisa triste que a gente vive cotidianamente", disse. A modelo ficou conhecida internacionalmente em 2010, após estrelar uma campanha da grife francesa Givenchy.

A fama, no entanto, não foi suficiente para livrá-la do preconceito. "As pessoas morrem por isso diariamente. Eu tenho que me preocupar por onde eu ando, porque tenho medo de encontrar um fanático, uma pessoa louca que possa me machucar", disse. Segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia, o Brasil registrou 318 assassinatos de LGBTs em 2015.

Sobre a participação na abertura da Olimpíada, Lea T. destacou que aceitou porque quer que as pessoas refletam. "Existe muito preconceito na sociedade e no Brasil. Se aquela pessoa não machuca ninguém, não faz mal a ninguém, por que ela não pode fazer parte de uma sociedade, de um grupo? Nós não temos que viver na escuridão", pontuou.

Ela também ressaltou que a participação no desfile de abertura pode ser um vetor de mudança no futuro. "Infelizmente, as pessoas morrem por isso diariamente, no Brasil e fora do Brasil. Existem países onde é ilegal você querer ser quem você é. Então eu acho que por isso é importante [participar das Olimpíadas], para mostrar que estamos aqui, para mostrar que você pode ser reconhecida, independentemente de você ser negra, branca, índia ou trans", reveleou.   


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