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TV Minissérie da Globo gravada em Pernambuco tem de Rossi a Science na trilha: veja as musicas Com Cauã Reymond e Marjorie Estiano no elenco, Justiça tem músicas de Alceu, Dominguinhos, Otto, Johnny Hooker e outros artistas locais

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 17/08/2016 12:01 Atualizado em: 17/08/2016 15:16

Playlist de Cauã Reymond para fazer personagem teve Mile Davis e Citizen Cope. Foto: Estevam Avellar/Globo
Playlist de Cauã Reymond para fazer personagem teve Mile Davis e Citizen Cope. Foto: Estevam Avellar/Globo


Pernambuco está bem representado na minissérie Justiça, que estreia na Globo na próxima segunda-feira (22). Seja no elenco, no cenário ou na trilha sonora, o estado é parte indissociável da trama. A música, aliás, promete ser um dos pontos fortes da nova produção, que terá 32 faixas, sendo nove delas de autoria de artistas pernambucanos, incluindo Johnny Hooker, Otto e Reginaldo Rossi.

O diretor artístico de Justiça, José Luiz Villamarim, considera a trilha sonora como elemento essencial para a condução das cenas, atmosfera e composição dos personagens. "Eu uso a música para dar o start no projeto. Vou levando para dentro do set, buscando as memórias afetivas e o que pode combinar com cada situação", explica. O cineasta acredita que tocar canções no estúdio ajuda a colocar a equipe em sintonia com estado de espírito adequado para momentos específicos da gravação.

Não são todas as músicas utilizadas no set que entram para a trilha sonora oficial da novela, até porque são muitas as canções que permeiam todo o processo criativo. O diretor também estimula os atores a construírem playlists para os personagens, como fez Cauã Reymond na composição de Maurício, um dos protagonistas. A seleção musical do ator incluiu faixas como Bitches brew, de Miles Davis e Sideways, do Citizen Cope.

Villamarim faz questão de pesquisar e selecionar pessoalmente o que vai entrar na trilha sonora, já que é a partir da música que ele conceitua a obra. Sobre a escolha de artistas e bandas pernambucanos para quase um terço dos títulos usados na minissérie, que também conta com músicas internacionais, Villamarim destaca que gosta do som produzido no estado e leva isso para os trabalhos que dirige.

E já que a produção tem atores pernambucanos e é ambientada no estado, com gravações no Recife, em Olinda e em Jaboatão dos Guararapes, incluir compositores e intérpretes locais foi uma escolha natural. "Independentemente de onde a obra é filmada, são grandes artistas com os quais gosto de contar", diz Villamarin. Chico Science & Nação Zumbi é um dos casos: já esteve na trilha de um trabalho anterior do diretor, a minissérie O rebu (2014), e agora está presente em duas das faixas de Justiça, uma delas na voz da paraibana Elba Ramalho.

Parceiro habitual da cantora, Geraldo Azevedo é outro representante regional na playlist, com Dona da minha cabeça. A música foi cantada em cena por Júlio Andrade (Firmino) para Fátima (Adriana Esteves), em um momento leve da trama, que aborda sobretudo temas sérios, envolvendo crimes. Essa carga emocional pesada contrasta também outra música de teor romântico, Volta, de Reginaldo Rossi, e a delicadeza de Eu só quero um xodó, de Dominguinhos.

Pernambucano Jesuíta Barbosa tem papel relevante na trama. Foto: Estevam Avellar/Globo
Pernambucano Jesuíta Barbosa tem papel relevante na trama. Foto: Estevam Avellar/Globo

Alceu Valença, que contribuiu com Beijando a flora, tem tradição nas trilhas dos folhetins. A primeira incursão dele na teledramaturgia foi em 1974, com Retrato 3x4, para a novela O espigão, de Dias Gomes. Alceu emplacou na sequência Borboleta / Sabiá, em Mandala (1975), e São Jorge do Ilhéus, em Gabriela (1975), além canções diversas em produções como Roque santeiro (1985), Renascer (1993), A indomada (1997) e Cordel encantado (2011).

Artistas locais também marcam presença em Velho Chico (Globo). Atualmente em exibição na faixa das 21h, a atração tem músicas de Alceu Valença (Flor de tangerina) e da paulistana radicada no Recife Renata Rosa (Me leva). O cantor e compositor Maciel Melo foi outro a marcar presença, inclusive em tela: além de escrever, em parceria com o violeiro Xangai, a canção A lenda do Velho Chico, executada nos primeiros capítulos, ele interpretou um repentista na fase inicial da trama.

Outra presença cativa nas produções da Globo é Lenine. Sua música mais famosa, Paciência, chegou a tocar na abertura de Vila Madalena (1999), que revezava as faixas da trilha a cada capítulo. A favorita (2008), Passione (2010) e Cordel encantado são outras atrações que chegaram a ter canções do recifense no repertório. Uma curiosidade: O silêncio das estrelas chegou ser veiculada em duas novelas: O clone (2001) e Amor, eterno amor (2012).

Amorteamo, série exibida em 2015, aproveitou um talento musical do Recife para, a partir da música, auxiliar a narrativa. Juliano Holanda, foi responsável por todas a trilha, que teve cerca de 30 faixas, a maioria composta para a atração.

De Pernambuco

Além de Rossi, Hooker e Otto, lista tem 
Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Dominguinhos,
Mundo Live S/A e outros. Foto: Facebook/Divulgação
Além de Rossi, Hooker e Otto, lista tem Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Dominguinhos, Mundo Live S/A e outros. Foto: Facebook/Divulgação

Os artistas regionais tiveram lugar de destaque na seleção musical do novo programa. Eles fazem companhia a um variado leque de bandas e músicos, nacionais e internacionais, que inclui Chico Buarque, Iggy Pop, Tom Zé, Pablo, Arcade Fire, Aviões do forró e Bruno e Marrone.

A cidade - Chico Science & Nação Zumbi
Beijando a flora – Alceu Valença
Crua – Otto
Dona da minha cabeça – Geraldo Azevedo
Eu só quero um xodó – Dominguinhos
Meu esquema – Mundo Live S/A
Pense em mim – Johnny Hooker
Risoflora – Chico Science (na voz de Elba Ramalho)
Volta – Reginaldo Rossi







O setlist
O que será (a flor da pele) - Milton Nascimento / Chico Buarque (partic.)
Pedaço de mim - Chico Buarque / Zizi Possi (partic.)
Amor perfeito - Roberto Carlos
Gente Aberta - Erasmo Carlos
Último romance - Los Hermanos
Acabou chorare - Novos Baianos
Revelação - Fagner
My Russia - Woven Hand
Fazer valer - Aviões do Forró
Candy - Iggy Pop
Fui fiel - Pablo
After life - Arcade Fire
Boate azul - Bruno e Marrone (de Milionário e José Rico)
Chão de giz - Zé Ramalho
Femme fatale - Velvet Underground
Hallellujah - Rufus Wainwright
O bobo - Cícero
Tempo de estio - Caetano Veloso
Xique xique - Tom Zé
Quero te encontrar - Claudinho e Buchecha
O que será (a flor da pele) - Chico Buarque
Não aprendi a dizer adeus - Leandro e leonardo
Gracias a la vida - Elis Regina

Entrevista // José Luiz Villamarim, diretor artístico

O diretor artístico de Justiça, José Luiz Villamarim, considera a trilha sonora como elemento essencial para a condução das cenas. Foto: Globo/Divulgação
O diretor artístico de Justiça, José Luiz Villamarim, considera a trilha sonora como elemento essencial para a condução das cenas. Foto: Globo/Divulgação

Por que a música é tão importante para caracterizar o personagem e até mesmo o tom da trama?
A vida sem música não tem muita graça. Ela traz uma memória afetiva tanto do público quanto do personagem. A música colore uma cena, e a função dela é exatamente essa, dar o tom da trama.

A inclusão de mais artistas pernambucanos tem a ver com a ambientação ou caberia independentemente do cenário da minissérie?
Coincidentemente gosto muito da música pernambucana e tenho usado sempre nas obras que dirijo, como em O rebu, por exemplo. Mas nesse trabalho a música pernambucana tem, sim, uma função especial, pois ajuda a situar a minissérie no Recife. Por isso, reforcei a pesquisa com artistas locais.

A trilha sonora é bem eclética e abrange diversos gêneros. Foi complicado dar coesão a todo esse material?
Não, pelo contrário. Justiça é também eclética na composição de personagens. Portanto, a trilha abrangente ajuda a amarrar essa variação de tipos humanos que vamos apresentar ao público.

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