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Cinema José Mojica, o Zé do Caixão, é homenageado no Festival de Gramado aos 80 anos Cineasta, produtor e ator brasileiro é um dos maiores nomes do cinema de terror no mundo e recebe homenagem nesta terça. Animação pernambucana e documentário mineiro sobre uma mulher transexual foram exibidos na noite de segunda-feira

Por: Júlio Cavani - Diario de Pernambuco

Publicado em: 30/08/2016 13:14 Atualizado em: 30/08/2016 15:43

 
Com 40 filmes realizados e 80 anos de idade, José Mojica Marins, um dos mais consagrados artistas do cinema brasileiro, é homenageado nesta terça no Festival de Gramado. Como ator, diretor e produtor, ele conquistou reconhecimento internacional como um mestre do terror e é famoso principalmente pelo icônico personagem Zé do Caixão. Por causa da saúde frágil, o cineasta não receberá a homenagem pessoalmente e será representado pela filha Liz Marins, que é atriz.

Três obras de Mojica estão presentes na lista dos 100 melhores filmes brasileiros, elaborada pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine): À meia-noite levarei sua alma (1964), O despertar da besta (1969) e Esta noite encarnarei no teu cadáver (1966). O diretor foi interpretado pelo ator Matheus Nachtergaele no ano passado em uma minissérie autobiográfica produzida pelo canal Space.


O cinema fantástico também esteve presente no Festival de Gramado com a participação do curta-metragem de animação pernambucano O ex-mágico, de Maurício Nunes e Olimpio Costa, exibido na noite da segunda-feira. Na coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça, o filme foi bastante elogiado pelos críticos presentes.

"É um filme sobre a relação entre a burocracia e a morte. O personagem é um funcionário que não tem controle sobre suas mágicas e sempre tenta se matar, mas nunca consegue porque é sempre salvo pela própria mágica", explicou Olimpio, que transportou um conto do escritor mineiro Murilo Rubião para as ruas do Recife, especificamente do Bairro de São José. O diretor citou ainda uma frase do autor: "Ser funcionário público é morrer aos poucos".

Antes do desenho animado de Pernambuco, o público assistiu ao curta-metragem Ingrid, de Maick Hannder, de Minas Gerais, que usa imagens em preto e branco para mostrar detalhes do corpo de uma mulher transexual, a atriz Ingrid Leão, ao som de um depoimento em primeira pessoa e de uma música composta para ela. Sem esconder o nu, o diretor construiu um filme envolvente que pode fazer diferentes perfis de público compreenderem e respeitarem a identidade de gênero da personagem-título com naturalidade.

Atriz transexual, Ingrid foi bastante aplaudida ao discursar no palco. Foto: Edison Vara/ Pressphoto/ Divulgação
Atriz transexual, Ingrid foi bastante aplaudida ao discursar no palco. Foto: Edison Vara/ Pressphoto/ Divulgação

Antes da projeção, Ingrid foi bastante aplaudida ao discursar para a plateia: "A expectativa da população trans e travesti no Brasil é de 35 anos. Teoricamente, eu teria apenas mais sete anos. Vocês não sabem o que é sair de casa todos os dias e ser ridicularizada, excluída, humilhada e não aceita. O nome Ingrid em Gramado é não apenas o meu.  A minha história é um pequeno reflexo de várias histórias iguais ou piores. Estar neste palco é uma grande vitória. Fora, Temer."



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