CINEMA Esquadrão suicida traz protagonismo para os vilões. Conheça os personagens Em pré-estreia nos cinemas, novo filme baseado em quadrinhos não agradou a crítica

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 03/08/2016 12:05 Atualizado em: 03/08/2016 12:58

Equipe original surgiu nos quadrinhos em 1959 e tinha formação diferente. Foto: Warner Bros./Divulgação
Equipe original surgiu nos quadrinhos em 1959 e tinha formação diferente. Foto: Warner Bros./Divulgação

Esquadrão suicida
entra em cartaz nesta quinta-feira (4) mas, a partir desta quarta, já poderá ser visto em 42 sessões de pré-estreia em 26 salas de cinema do Recife, Jaboatão dos Guararapes e Paulista. A estratégia de antecipar a exibição tem duas finalidades: aliviar a ansiedade de fãs e fazer o filme ser visto pelo maior número de espectadores antes de circularem possíveis críticas negativas por parte do público ou da mídia especializada. Seja qual for o objetivo, a mais recente adaptação cinematográfica de quadrinhos chega às telas cercada de expectativas.

Inspirado na equipe de vilões do universo de Batman, o longa prova que, com um bom trabalho de marketing, mesmo personagens pouco conhecidos do grande público podem atrair atenção. À exceção do Coringa, arqui-inimigo do Homem Morcego e, em menor grau, a vilã Arlequina, os outros integrantes do grupo são desconhecidos por quem não lê as HQs ou acompanha as séries de TV de super-heróis da DC Comics, como Arrow, Smallville e no desenho animado Liga da Justiça sem limites.

A equipe, originalmente conhecida como Força Tarefa X, surgiu em 1959 na edição 25 da revista The brave and the bold (Os bravos e destemidos, em tradução livre, inédita no Brasil). Diferentemente do grupo visto nos cinemas, o esquadrão, criado por Robert Kanigher e Ross Andru, era um time de aventureiros que embarcava em missões aparentemente suicidas, como lutas contra monstros gigantes em que outros haviam fracassado.

O grupo não chegou a fazer muito sucesso e acabou esquecido até 1987, quando o roteirista John Ostrander decidiu resgatar o grupo com novo conceito: uma equipe de vilões encarcerados recrutados pelo governo dos Estados Unidos para missões paramilitares de alto risco. Em troca de serviço, eles receberiam a redução ou perdão de penas. E os que tentassem fugir das tarefas, poderiam ser sumariamente executados.

O grupo de criminosos teve diferentes formações ao longo das décadas. Arlequina, o rosto mais famoso do time, passou a fazer parte da equipe somente a partir de 2011. Enquanto os personagens são novidade para muita gente, o elenco foi no caminho contrário, com nomes de peso, como os oscarizados Jared Leto (Coringa) e Viola Davis (Amanda Waller), além de Will Smith (Pistoleiro) e Margot Robbie (Arlequina).

Outro ponto que ajudou a colocar o grupo em uma posição de destaque no disputado mercado de produções de super-heróis foi a sucessiva divulgação de material promocional do filme. Do bem editado primeiro trailer, com trilha sonora de Bohemian rhapsody, do Queen, aos inúmeros vídeos, fotos e notícias de bastidores, o filme teve exposição massiva, principalmente nos últimos meses antes da chegada aos cinemas.

Acertado também foi o momento escolhido para a estreia, sem nenhum filme do gênero próximo ou blockbuster que concorra diretamente. Batman vs Superman: a origem da Justiça, outra adaptação dos quadrinhos da DC Comics, não chegou a competir diretamente nas salas com Capitão América: Guerra civil, já que a estreia do segundo ocorreu apenas um mês depois da chegada do primeiro. Mas, pela proximidade das datas, as duas produções acabaram brigando por espaço nas mídias.

Se à primeira vista parece arriscada a aposta de não colocar “mocinhos” como protagonistas, vale lembrar que a opção de colocar personagens com caráter duvidoso nos holofotes de produções não é algo novo. No campo do filmes originários das páginas de quadrinhos, tivemos recentemente os mercenários espaciais de Guardiões da galáxia (2014), Homem-formiga (2015), cujo personagem-título é um ladrão, e o assassino tagarela Deadpool (2015). Anti-heróis como Wolverine e Justiceiro são outros exemplos dessa tendência, embora nenhum deles seja encarado como vilão.

Confira o trailer:



Por pouco

Tom Hardy foi o primeiro ator escalado para viver Rick Flagg. Por conta dos compromissos na filmagem de O regresso, o papel acabou indo para Joel Kinnaman (Robocop). Hardy já encarnou o vilão Bane em Batman: O cavaleiro das trevas ressurge (2012), personagem que já fez parte do Esquadrão na versão em quadrinhos.

Sem noção

Ator Jared Leto provocou colegas de elenco nos bastidores. Foto: Warner Bros/Divulgação
Ator Jared Leto provocou colegas de elenco nos bastidores. Foto: Warner Bros/Divulgação

Jared Leto decidiu encarnar a psicose do Coringa mesmo fora das gravações e chegou a assustar os companheiros de elenco dando presentes como ratos mortos, uma carcaça de porco, balas de revólver e camisinhas usadas.

Falhas do longa são ressaltadas pela crítica
Apesar das expectativas altas em torno do filme, as primeiras recepções da crítica especializada foram negativas, o que parece uma sina das produções da Warner Bros. com os personagens da DC Comics. As companhias tentam há alguns filmes, sem sucesso, repetir o equilíbrio entre crítica e bilheteria alcançado na última trilogia Batman (2005 a 2012), dirigida por Christopher Nolan.

Homem de aço (2013), de Zack Snyder (300), não chegou a fracassar nas bilheterias, mas foi bastante criticado pela caracterização sombria dada ao Super-homem. O filme alcançou a nota 6,2 no site Rotten Tomatoes, referência mundial na classificação de longas. Já Batman vs Superman, também dirigido Snyder, faturou quase US$ 1 bi, um bom desempenho, mas longe de ser um sucesso de crítica (4,9 no Rotten Tomatoes).

Bagunça e desorganização estão entre os termos mais vistos nos comentários das primeiras críticas. "Uma vertiginosa e desequilibrada bagunça", classificou Jen Yamato do site Daily Beast. Richard Lawson, da revista Vanity Fair, afirma que [o diretor] "David Ayer se embaralha desesperadamente por um senso de estilo".

O consenso é de que o filme oscila demais de tom, entre sério e cômico, e tem a narrativa truncada, algo que pode estar relacionado com as refilmagens feitas quando o filme já estava em pós-produção.

Faces do crime
Foto: Warner Bros./Divulgação
Foto: Warner Bros./Divulgação


Arlequina (Margot Robbie)
Surgiu não nas HQs, mas em Batman: a série animada, nos anos 1990. Estagiária de psiquiatria no Asilo Arkham, prisão de vilões, virou responsável pelo atendimento ao Coringa e se apaixonou por ele. Apesar de ser um produto para crianças, o programa deixava clara a existência de um relacionamento abusivo.

Amanda Waller (Viola Davis)
Uma das personagens femininas mais fortes dos quadrinhos da DC é a agente do governo responsável por dar ordens ao esquadrão. Viúva, negra e acima do peso, foge do estereótipo das mulheres que costumam habitar as páginas das revistas de heróis. Não é vilã, mas antagonista de Batman, Superman e outros heróis.

Coringa (Jared Leto)
O mais famoso vilão da ficção e tão conhecido quanto Batman, até hoje não teve sua origem revelada. Criado em 1940, o surgimento do personagem tem diferentes versões, sendo a mais conhecida a de um criminoso comum que caiu em um tanque de resíduos químicos durante um roubo.

Pistoleiro (Will Smith)
A história do Pistoleiro é anterior ao Esquadrão. Ele surge nos anos 1950 nas páginas de Batman, como assassino contratado para matar o Homem Morcego. Na HQ, ele aparece mascarado na maior parte do tempo e tem um olho cibernético, que o ajuda a mirar. Ao contrário do filme, o personagem não é negro nas revistas.



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