Cinema Diretor de Boi Neon desiste de tentar concorrer ao Oscar como protesto Gabriel Mascaro presta solidariedade a Aquarius e critica a falta de imparcialidade da comissão que escolherá o representante brasileiro

Por: Júlio Cavani - Diario de Pernambuco

Publicado em: 24/08/2016 14:58 Atualizado em: 24/08/2016 15:48

Boi Neon foi premiado nos concorridos festivais de Veneza e Toronto, que estão entre as principais prévias do Oscar (Gabriel Mascaro/ Divulgação)
Boi Neon foi premiado nos concorridos festivais de Veneza e Toronto, que estão entre as principais prévias do Oscar
 
Em protesto contra a forma como será conduzida a escolha do filme brasileiro que concorrerá a uma indicação ao Oscar, o cineasta pernambucano Gabriel Mascaro decidiu retirar Boi Neon da disputa. Além de aumentar as chances de Aquarius ser escolhido, o gesto é uma crítica à forma como o governo federal tem conduzido o processo de seleção.

Com a decisão, Mascaro reafirma sua insatisfação com o Ministério da Cultura do governo interino de Michel Temer e com a Secretaria do Audiovisual, atualmente comandada pelo pernambucano Alfredo Bertini, responsável pela escolha da comissão que definirá o candidato brasileiro a uma indicação ao Oscar.

Ao lado de Aquarius e de Mãe só há uma, Boi Neon seria um dos mais fortes concorrentes, já que foi premiado nos festivais de Veneza e Toronto, considerados importantes prévias do Oscar.

A polêmica começou quando o nome do jornalista Marcos Petrucelli foi anunciado entre os membros da comissão, já que ele tem feito ataques e insinuado calúnias contra Kleber Mendonça Filho, diretor de Aquarius, por causa do protesto político feito pela equipe do filme no Festival de Cannes.

Leia nota oficial divulgada pela produção de Boi Neon:

Decidimos tornar pública a nossa decisão de não submeter o filme BOI NEON à comissão brasileira que indica o representante nacional ao OSCAR 2017. É lamentável que o Ministério da Cultura, por meio da Secretaria do Audiovisual, endosse na comissão de seleção um membro que se comportou de forma irresponsável e pouco profissional ao fazer declarações, sem apresentação de provas, contra a equipe do filme Aquarius, após o seu protesto no tapete vermelho de Cannes. Aquarius foi o único filme latino-americano na competição oficial de Cannes,tendo sido aclamado pela crítica internacional. Diante da gravidade da situação e contrários à criação de precedentes desta ordem, registramos nosso desconforto em participar de um processo seletivo de imparcialidade questionável.

Diretora de Mãe só há uma, a cineasta Anna Muylaert (a mesma de Que horas ela volta?) compartilhou o comunicado da produção de Boi Neon no Facebook. Ela ainda não divulgou se também deixará de concorrer em solidariedade a Aquarius.

MAIS NOTÍCIAS DO CANAL