Britney fez apresentação marcante no palco do VMA, consolidando resgate da imagem de princesinha do pop. Foto: Jewel Samad/Divulgação

Passados 15 anos desde a memorável entrada de Britney Spears no palco do VMA 2001 com uma cobra albina sobre os ombros - apresentando I’m a slave 4 you -, a princesinha do pop subiu ao palco do MTV Video Music Awards no último domingo (28) para outra performance marcante, ao som de Make me…, uma das inéditas do recém-lançado Glory (Sony Music, R$ 32,90). Menos extravagante, porém sedutora, a apresentação consolida o retorno dela aos holofotes da pop music: ressurge a intérprete loira com figurino e coreografia ousados, retrato dos anos 1990, cercada das suspeitas de playback, mas protegida por legião de fãs dispostos a considerá-la a garota frágil do início da carreira, quando …Baby one more time e Oops!… I did it again ainda não eram hits.

Leia a crítica do disco Glory, novo álbum de inéditas de Britney Spears

Novo álbum de inéditas de Britney traz Make me..., Invitation, Slumber party e What you need no repertório. Foto: Jewel Samad/Divulgação

Britney não imprimiu a Glory o tom político de Lemonade (Beyoncé), a fuga proposital aos hits radiofônicos de ANTI (Rihanna) ou as mensagens motivacionais de Roar e Rise (Katy Perry). O disco é moldado a partir da substância da qual é feito o pop, pura e simplesmente: não dá voz a bandeiras ideológicas, nem empodera mulheres ou minorias. Mas devolve Britney aos fãs, a princesinha do pop, porta-voz da pop music orgulhosa de si. O apelo das batidas urbanas, dos refrões grudentos e das letras sedutoras misturadas a referências do hip hop parece ofuscado, contudo, por expoentes politicamente engajados como Beyoncé - do VMA, Bey levou oito troféus, entre Clipe do Ano, Melhor Clipe Pop e Melhor Coreografia por Formation.

Britney não se abala, Glory cumpre sua missão. “I got what you want, I got what you need  / Bringing out the fire inside of me / I got what you want, I got what you need / Bringing out the diva that lives in me” (Eu tenho o que você quer, eu tenho o que você precisa / Trazendo o fogo dentro de mim / Eu tenho o que você quer, eu tenho o que você precisa / Trazendo a diva que vive dentro de mim, em tradução livre), diz o refrão superpop de What you need, uma das 12 faixas do álbum  liberadas gratuitamente no Spotify. O drama de uma mulher que dirige de salto alto por Los Angeles e flagra o parceiro com outra (Just like me), a promessa de um relacionamento livre de cobranças (Just luv me) e os convites sedutores de Invitation, Do you wanna come over e Slumber party dão o tom do novo disco, destaque na safra do pop e pop punk internacionais deste semestre.

>> OUTROS LANÇAMENTOS
Projetos inéditos aquecem o cenário do pop e pop punk neste semestre, a maior parte deles a tempo das indicações ao Grammy Awards - que, em 2017, vai contemplar trabalhos lançados entre 1º de outubro de 2015 e 30 de setembro de 2016, já tendo nomes como Adele (25), Rihanna (ANTI) e Beyoncé (Lemonade) bem cotados para a disputa.

Regina Spektor
A primeira música inédita em quatro anos da cantora russa radicada nos Estados Unidos chama-se Bleeding heart. O sucessor de What we saw from the cheap seats (2012) está previsto para 30 de setembro, intitulado Remember us to life. O repertório já foi anunciado e inclui as faixas Grand hotel, Older and taller, Black and white e Sellers of flowers. O disco está em pré-venda no site da cantora nas versões comum (11 faixas) e de luxo (14 faixas), em vinil e CD. Bleeding heart é suave e mantém o estilo que a consagrou: arranjos ao piano, refrões percussivos e batidas ora eletrônicas, ora melancólicas. A turnê de divulgação do novo álbum também já tem data de estreia: 29 de setembro, véspera do lançamento de Remember us to life, com show em Los Angeles.

M.I.A
O sucessor de Matangi (2013) chama-se A.I.M e chega às lojas no dia 9 de setembro. Antes de lançar o novo álbum, M.I.A compartilhou o single Go off, produzido por Skrillex. Em entrevistas sobre o novo projeto, a rapper declarou que é seu trabalho mais crítico, envolvendo temas políticos e sociais. A sonoridade de Go off atesta essa essência, com videoclipe mais explosivo (dirigido pela própria artista) e batidas mais pesadas, lançando mão das raízes musicais do hip hop - cuja criação remete à denúncia de mazelas da sociedade. Há uma roupagem eletrônica na música, além de referências a ritmos indianos, orientais. O disco deve trazer, ainda, a já lançada Borders, que aborda a problemática dos imigrantes na Europa. Ola e Rewear it também são cotadas para o repertório. Na última semana, M.I.A usou as redes sociais para comunicar aos fãs que o single Bird song ainda não foi divulgado por veto da gravadora, a Interscope.

Green Day
Quatro anos após a trilogia ¡Uno!, ¡Dos! e ¡Tré!, o grupo de punk-rock norte-americano lançou a inédita Bang bang, primeira faixa divulgada do novo disco, Revolution radio, que chega ao mercado no dia 7 de outubro e está em pré-venda no site da banda em formato de vinil e CD. Revolution radio será o primeiro álbum produzido pelos integrantes da banda desde Warning (2000) e marca as três décadas de estrada do Green Day. A data de lançamento precede as eleições à presidência dos Estados Unidos e sinaliza o conteúdo político das canções. Segundo o vocalista, Billie Joe, o trabalho foi inspirado em todos que se rebelam contra a velha ordem. Bang bang anuncia o protesto: problematiza com ironia os incidentes e mortes envolvendo armas de foto nos EUA.

Bon Jovi
Está marcado para 21 de outubro o lançamento do 14º álbum de estúdio do Bon Jovi, This house is not for sale. A faixa que dá título ao disco foi a primeira revelada pelo grupo, com videoclipe no qual o vocalista Jon Bon Jovi caminha por lugares desertos e, ao fim, toca com a banda em cômodo de uma casa que cria raízes. A sonoridade repete a fórmula dos hits do grupo estadunidense formado em 1983. O último disco de inéditas foi lançado em 2013, What about now, com hiato interrompido no ano passado pelo lançamento de um álbum para fãs, Burning bridges - compilação de músicas inacabadas e singles da carreira da banda, que marca o fim do contrato de mais de 30 anos com a Mercury Records. This house is not for sale será lançado pela Island Records, da Universal Music Group, e é o primeiro com o novo guitarrista, Phil X, substituto de Richie Sambora.

>> MAIS SINGLES

Katy Perry
De acordo com a revista britânica Heat, uma fonte ligada à gravadora da cantora teria anunciado o novo disco ainda para este ano, entre outubro e dezembro. Ao contrário do esperado, o single Rise, lançado no mês passado, não seria a primeira música do álbum inédito, sucessor de Prism (2013). A cantora definiu o single como ponte para o novo trabalho, cuja sonoridade ela preferiu ainda não classificar. Espera-se que um single inédito seja lançado até 30 de setembro, data limite para indicações ao Grammy Awards.

Lady Gaga
Uma sequência de fotos no Instagram revelou o lançamento de novo single da artista, Perfect illusion, através da mensagem “Lady Gaga Perfect illusion new single september.” A faixa foi gravada em maio e executada (ao piano) uma única vez no evento iHeartRadio Music Summit, no início do mês. No Twitter, o perfil do iHeartRadio revelou que a faixa é dançante e a classificou como o novo melhor single da artista. “Melhor do que Bad romance, Just dance, Born this way e Applause?”, perguntou um fã. “Nós só ouvimos uma vez, mas é realmente, realmente boa. Provavelmente a nossa nova preferida”, foi a resposta. Perfect illusion fala sobre um relacionamento mal sucedido.

Katy Perry e Lady Gaga estariam prestes a tornar públicos os novos singles. Fotos: Valerie Macom/Divulgação (Katy) e IMDB/Reprodução da internet (Gaga)