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Literatura Samarone Lima lança novo livro de poesias Autor tem investido em narrativas poéticas, contando histórias a partir de versos

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 08/07/2016 17:23 Atualizado em: 08/07/2016 19:22

O escritor, que também é jornalista, estreiou com o livro-reportagem Zé, em 1998. Julio Jacobina/DP
O escritor, que também é jornalista, estreiou com o livro-reportagem Zé, em 1998. Julio Jacobina/DP

O jornalista Samarone Lima é um daqueles autores que se saem bem na prosa e nos versos. Com produção dividida entre reportagem e texto lírico, o escritor lança, nesta sexta, o mais recente trabalho em poesia, A invenção do deserto (Confraria do vento, 96 páginas, R$ 40), no Restaurante Fuê (Rua Visconde de Araguaya, 51, Poço da Panela).

O novo livro é, de certa forma, sequência do trabalho anterior de Samarone, O aquário desenterrado (Confraria do Vento, 84 páginas, R$ 30), obra vencedora, em 2014, do Prêmio Brasília de Literatura e do Prêmio Literário da Biblioteca Nacional. Segundo o autor, ambos abordam a temática da memória. “É uma estrada que estou seguindo”, diz, fazendo questão de ressaltar que as lembranças presentes nos versos nem sempre são reais: “tem uma memória minha e uma que eu invento. A poesia não se prende à realidade”.

Mais um elo com obras anteriores é a organização de Arsênio Vasconcellos Jr., que incentivou o autor a publicar o primeiro livro de poesias e a quem Samarone dedica A invenção do deserto. Arsênio morreu em outubro do ano passado e conheceu Samarone a partir do blog Queremos poemas. “Virou um grande amigo”, afirma, acrescentando que o novo trabalho é também “um encontro com pessoas que passaram pela minha vida”.

Embora a estreia com poemas tenha sido apenas em 2013, com A praça azul & O tempo de vidro, Samarone diz que sua escrita primordial foi sempre a poesia, desde a adolescência. “Os livros de prosa foram surgindo por causa do trabalho e a poesia ficando em segundo plano, mas isso foi me incomodando. O que eu queria mesmo era publicar poesia”, revela.

“Eu não paro de escrever, me dá muita alegria”, diz o autor, acrescentando a predileção pelo verso e maior facilidade no processo de escrita. “Diferentemente da prosa, que é um esforço contínuo, um poema pode sair em um ou dois dias”, conta. No processo, o autor tem buscado se aventurar e “avançar um pouco mais na invenção”. Um dos frutos do trabalho imaginativo são os poemas narrativos, estrutura adotada em quatro dos textos de A invenção do deserto.

Essa poesia narrativa tem espaço próprio no novo trabalho, mais especificamente na terceira parte: Poemas acontecidos. Já a primeira, Poemas das margens, traz peças que o autor julga mais diferentes entre si. “Fui escrevendo cada uma diferente da outra, com caminho próprio, independente, como uma margem de um rio”. Poemas dedicados é uma série de 16 poemas que trazem, em sua maioria, dedicatória ou reverenciam alguém.

O poeta ainda não sabe qual será o próximo lançamento, mas segue produzindo novos materiais. Entre os trabalhos em andamento estão uma série de biografias poéticas de alguns dos autores favoritos e também a atualização de seu primeiro livro, (1998), sobre a trajetória de José Carlos Novais da Mata Machado, militante da Ação Popular Marxista Leninista morto no Recife durante o regime militar.

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