Descaso O circuito fantasma da cultura no Recife e em Olinda Patrimônios culturais relevantes têm acervos e história invisíveis por estar fechados. O Viver fez um guia às avessas dos espaços onde hoje só a memória aparece

Por: Augusto Freitas

Publicado em: 24/07/2016 10:30 Atualizado em: 22/07/2016 20:53

Segundo a AIP, falta elevador e há janelas sem manutenção, com risco de despencar. Foto: Mucio Aguiar/Divulgacao
Segundo a AIP, falta elevador e há janelas sem manutenção, com risco de despencar. Foto: Mucio Aguiar/Divulgacao


O painel retangular com a imagem da atriz Regina Duarte desgastada, dividindo espaço com Charles Chaplin e a dupla Stan Laurel e Oliver Hardy (O Gordo e o Magro), demonstra que o espaço, anos atrás, foi cenário de exibições cinematográficas que marcaram época no Recife.

Inaugurado há mais de 50 anos, o Cine AIP, como era conhecida a sala de cinema da Associação de Imprensa de Pernambuco (AIP), deixou só lembranças. Fechado há 16 anos, guarda poeira, cadeiras quebradas e restos de materiais enferrujados e inúteis. Um retrato de equipamentos culturais ociosos na capital pernambucana. Ele se junta a teatros, museus e cinemas marcados pela falta de recursos e pelo descaso com manutenção e valorização - dano permanente às artes cênicas, visuais e cinematográficas.

O Viver mapeou equipamentos culturais relevantes e hoje inacessíveis à sociedade pernambucana - ricos tanto em história quanto em acervo - para formatar um roteiro às avessas dos bens artísticos locais: os espaços constituem pontos de parada dentro de um circuito fantasma através do qual o valor é apenas um lampejo cada vez mais desbotado na memória.

"Há uma série de problemas que se repetem no cenário cultural do Recife e de Olinda, com espaços que, depois de inaugurados, não recebem manutenção e se tornam sucateados. Os locais têm de prever a manutenção", defende a produtora Paula de Renor.
O reflexo da ociosidade de espaços significativos, como os teatros do Parque, da UFPE, os cines Duarte Coelho e Olinda e os museus da Imagem e do Som de Pernambuco (Mispe) e de Arte Contemporânea (MAC), ao deixar de atrair o público, impacta, de forma negativa, a economia das duas cidades, que arrecadaria fundos para fomentar a cultura.

"Alguns locais, como a Caixa Cultural, quebram o galho e oferecem opções de entretenimento, mas quase sempre com exigências. Outros, como os teatros de Santa Isabel e Teatro Luís Mendonça (Parque Dona Lindu), têm questões como mobilidade, preços e programação. Quem trabalha busca espaços alternativos para exibir peças, filmes e exposições, entre outras atrações", explica Ivonete Melo, presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão no Estado de Pernambuco (Sated-PE).

Cineteatro do Parque completou 100 anos de fundação em 2015 inacessível e sem pompas. Foto: Paulo Paiva/DP
Cineteatro do Parque completou 100 anos de fundação em 2015 inacessível e sem pompas. Foto: Paulo Paiva/DP


Cineteatro do Parque 
Rua do Hospício, nº 81, Boa Vista

O que você não vê
Construído no estilo art-nouveau e inaugurado em 1915, o local começou como cinema, exibindo filmes mudos da década de 1920 e foi se configurando, até os anos 1950, como um importante espaço de cinema da cidade. Foi o primeiro cinema educativo do Brasil, em convênio com o Ministério da Educação e Cultura, no início da década de 1970, além de ter sido o primeiro sonorizado do Recife. Antes da suspensão das atividades, oferecia temporadas de teatro adulto e infantil, festivais de teatro, dança e vídeo. O espaço possui um vasto acervo de cartazes e 80 filmes em película, 498 VHS e 500 DVDs na Cinemateca Alberto Cavalcanti, atualmente em processo de restauro no Museu da Cidade do Recife. Nenhuma atividade é desenvolvida atualmente no teatro.

Por que não vê
Completou 100 anos de fundação em 2015 inacessível e sem pompas. Desde 2010, o equipamento, administrado pela Prefeitura do Recife, está fechado para reformas, sob a responsabilidade do Gabinete de Projetos Especiais. A PCR diz que investiu R$ 1,5 milhão nos reparos da estrutura do teatro para solucionar problemas como infiltrações. A obra total - incluindo as especificidades de restauro que precisam ser realizadas e a compra de equipamentos - custará R$ 13 milhões. A PCR lançará novo edital para conclusão do restauro. O cineteatro não foi contemplado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - Cidades Históricas, do Governo Federal. A promessa de entregá-lo à população em agosto de 2015 não foi cumprida. O Ministério Público de Pernambuco cogita mover uma ação para pressionar o executivo a reiniciar as reformas do equipamento.

Os reparos, segundo a direção do Centro Cultural dos Correios, devem ser feitos na fachada, no sistema de ar-condicionado e no auditório. Foto: Julio Jacobina/DP
Os reparos, segundo a direção do Centro Cultural dos Correios, devem ser feitos na fachada, no sistema de ar-condicionado e no auditório. Foto: Julio Jacobina/DP


Centro Cultural dos Correios
Av. Marquês de Olinda, 262, Bairro do Recife

O que você não vê
Tombado pelo Iphan, o prédio começou a receber peças, exposições e filmes em 2009. Dispõe de seis salas de exposição, auditório, restaurante (bistrô), sala com itens históricos, como mobílias, maquinários antigos, telégrafos, livros, o primeiro telefone considerado celular no mundo. A obra de restauro custou mais de R$ 5 milhões e permitiu a recomposição original do projeto do prédio, com a abertura da claraboia, da escada e do elevador panorâmico. Integra um conjunto de pontos turísticos do Recife Antigo. Atualmente, não recebe visitas do público.

Por que não vê
Cinco anos depois de aberto, em 2014, o centro cultural teve as atividades suspensas. Os reparos, segundo a direção do local, devem ser feitos na fachada, no sistema de ar-condicionado e no auditório. Não há, até o momento, nenhuma previsão de reabertura do espaço, que atualmente abriga apenas reuniões internas dos Correios e capacitações para funcionários. Em nota oficial enviada à reportagem, a administração reforçou que “o Centro Cultural Correios permanece fechado ao público, funcionando apenas com atividades internas”.

Centro de Design do Recife está em processo de diagnóstico de climatização para aquisição dos novos equipamentos. Foto: Julio Jacobina/DP
Centro de Design do Recife está em processo de diagnóstico de climatização para aquisição dos novos equipamentos. Foto: Julio Jacobina/DP

Centro de Design do Recife 
Pátio de São Pedro, Casa nº 10, São José

O que você não vê
Surgiu com a proposta de oferecer oficinas, palestras e exposições, com seminários e discussões. Tem o objetivo de fomentar a capacitação e a difusão da cultura do design na cidade entre os profissionais e estudantes da área e estabelecer conexão com a população. Destacaram-se os seminários Articula design e Revela design, além do Concurso de Identidades Visuais dos Equipamentos Culturais do Pátio de São Pedro e do Complexo Turístico Cultural Recife/Olinda. Não tem previsão para voltar a funcionar.

Por que não vê
Segundo a Secretaria de Cultura da Cidade do Recife, o Centro de Design recebeu manutenção nas instalações hidráulicas e enfrenta processo de diagnóstico de climatização para aquisição dos novos equipamentos. Devido ao desgaste natural apresentado nas edificações, diz a pasta, e por restrições na realização de qualquer intervenção em um patrimônio histórico tombado, há a necessidade da contratação de um técnico especializado para fazer a reforma estrutural.

No MAC, segundo a Fundarpe, o projeto de restauração do prédio, incluindo a readequação de uma área de convivência e instalação de armários para o acervo. Foto: Governo de Pernambuco/Divulgação
No MAC, segundo a Fundarpe, o projeto de restauração do prédio, incluindo a readequação de uma área de convivência e instalação de armários para o acervo. Foto: Governo de Pernambuco/Divulgação


Museu de Arte Contemporânea - MAC  
Rua Treze de Maio, nº 149, Carmo, Olinda

O que você não vê
Foi inaugurado em 1966, com a doação de parte da coleção do embaixador Assis Chateaubriand ao estado. Hoje, o museu conta com um acervo aproximado de 2,5 mil obras das mais variadas técnicas, épocas e estilos, indo desde o academicismo francês até a contemporaneidade, segundo a Fundarpe, que gerencia o equipamento. O equipamento propiciava aos visitantes obras de Cândido Portinari, Cícero Dias, Eliseu Visconti, Djanira, Telles Junior, Wellington Virgolino, Di Cavalcanti, João Câmara, Guinard, Adolph Gottielib, Burle Max, Francisco Brennand, entre outros mestres.

Por que (quase) não vê
Apenas um setor não está aberto ao público. Segundo a Fundarpe. o projeto de restauração do prédio, incluindo a readequação de uma área de convivência e instalação de armários para o acervo, está orçado em R$ 10 milhões. Está contemplado pelo PAC - Cidades Históricas, e envolve a requalificação do entorno. Segundo o Iphan, os projetos estão contratados e em fase de elaboração. A Fundarpe informou que, neste mês, iniciará programa de manutenção corretiva e preventiva emergencial, como parte dos trabalhos de conservação do espaço, tombado pelo Patrimônio Histórico. 

Iphan trabalha com a Prefeitura de Olinda para concluir os serviços no Cine Olinda, que ainda não tem equipamentos. Foto: Teresa Maia/DP
Iphan trabalha com a Prefeitura de Olinda para concluir os serviços no Cine Olinda, que ainda não tem equipamentos. Foto: Teresa Maia/DP


Cine Olinda 
Avenida Dr. Manoel de Barros Lima, s/n - Carmo

O que você não vê
O antigo cinema foi erguido seguindo o estilo art-déco começou a funcionar em 1911. Fica encravado entre a praça homônima e a orla de Olinda. Era um ponto de encontro da juventude durante os anos em que funcionou e exibia uma grade de filmes com variados gêneros, como comédias, cinema mudo, velho oeste. Está inativo há mais de 40 anos pelo poder público municipal. Em 2016, completa 105 anos, mas está fechado desde 1965 e já serviu de armazém de açúcar e alojamento para desabrigados. Foi desapropriado em 1979 e desde então não possui nenhum tipo de atividade.

Por que não vê
As obras, contratadas pelo Iphan por licitação, em 2012, tiveram início em 2013. Uma série de problemas de execução paralisou a reforma em outubro de 2015. Hoje, o Iphan trabalha com a Prefeitura de Olinda para concluir os serviços. Não há definição de prazo, pois, diz o Iphan, o órgão está “atualizando e avaliando o orçamento” bem como os serviços para viabilizar a obra. A revitalização estrutural está concluída, mas o local não funciona por falta de equipamentos. O projeto de restauração conta com sala de cinema e teatro com capacidade máxima de 320 lugares. 

Cine Duarte Coelho aguarda ajuste do orçamento e aprovação do projeto de R$ 4,8 milhões. Foto: Julio Jacobina/DP
Cine Duarte Coelho aguarda ajuste do orçamento e aprovação do projeto de R$ 4,8 milhões. Foto: Julio Jacobina/DP


Cine Duarte Coelho  
Praça Coronel João Lapa, s/n, Varadouro

O que você não vê
Inaugurado em 1942, permaneceu ativo para a população por mais de 40 anos em período de efervescência do cinema pernambucano, com uma programação movimentada, que incluia filmes de comédia, aventura, drama, romance e produções do cinema nacional. Fechou as portas em 1980 exibindo o filme O campeão. Por falta de público, o espaço, que continha 270 lugares, fechou em meados dos anos 1970, segundo a Secretaria de Patrimônio Histórico de Olinda. Atualmente, não há atividades no local, tampouco prazo para ser reaberto ao público.

Por que não vê
Está abandonado e “em obras” desde 1979. O prédio está destruído, tomado por vegetação e pichações. O Iphan informou que o espaço está contemplado no PAC. O projeto foi analisado e encaminhado, em 2016, à prefeitura para atender às solicitações do orçamento. O cronograma de licitação e da obra só será definido após ajuste do orçamento e aprovação do projeto (de R$ 4,8 milhões). A prefeitura disse que aguarda a liberação de recursos federais. O coletivo Brigada da Hora pintou o prédio de vermelho para marcar a primeira intervenção pública do grupo e protestar contra o abandono do imóvel.

Acervo do Mispe está na Casa da Cultura. Sede da Rua da Aurora espera revitalização. Foto: Julio Jacobina/DP
Acervo do Mispe está na Casa da Cultura. Sede da Rua da Aurora espera revitalização. Foto: Julio Jacobina/DP


Museu da Imagem e do Som de PE  
Casa da Cultura, s/n, Raio Norte, Santo Antônio

O que você não vê
Dos anos 1970, espaço que relacionava arte e tecnologia e trazia a memória das obras e dos equipamentos que permitiram a produção audiovisual, como câmeras, gravadores, projetores e mídias físicas em Pernambuco. É mantido pela Fundarpe, sendo referência na preservação da memória audiovisual. A sede está fechada desde 2007 e o acervo de 25 mil peças foi transferido para as instalações da Casa da Cultura, incluindo mais de 100 filmes em película e duas mil partituras de brasileiros e nordestinos. O público deixa de ouvir gravações musicais antigas de inúmeros gêneros musicais.

Por que não vê
A sede original, na Rua da Aurora, está fechada e o material preservado não está sendo exibido. O acervo só é exposto a pesquisadores. O projeto de requalificação da sede do Mispe, incluindo o orçamento arquitetônico e complementar, que agrega o plano de gestão de manutenção, está pronto. O valor aproximado é de R$ 3,5 milhões. Conta com incentivos da Lei Rouanet, mas, segundo a Fundarpe, a licitação só será feita após a liberação dos recursos via governo federal. O órgão reforçou que o acervo está atualizado e digitalizado e o projeto se encontra em fase de captação de recursos.

O custo para a restauração do Cine AIP seria de R$ 750 mil, mas projeto está emperrado. Foto: Mucio Aguiar/Divulgacao
O custo para a restauração do Cine AIP seria de R$ 750 mil, mas projeto está emperrado. Foto: Mucio Aguiar/Divulgacao


Cine AIP  
Avenida Dantas Barreto, nº 576, Santo Antônio

O que você não vê
O cinema e o restaurante panorâmico eram disputados pelo público nas décadas de 1950 e 1960. O cinema exibia filmes de arte e era um dos mais luxuosos da cidade. A sala de cinema de 180 lugares ocupa o 13º andar. Há um acervo de 10 mil livros - parte sobre a história da imprensa no Brasil. Tem documentos históricos sobre a ditadura e acervo fotográfico. Está ocioso desde 2000. O que poderia ser usado pela população seria a biblioteca, mas, por falta de elevador, o local está fechado e só recebe pesquisadores. A direção afirma ter enviado ofício ao governo do estado para substituir a administração, ainda sem resposta.

Por que não vê
Metade do prédio, desapropriado em 2010, pertence ao estado, mas está abandonada. Segundo a AIP, falta elevador e há janelas sem manutenção, com risco de despencar. Não há projeto de recuperação. O custo para a restauração seria de R$ 750 mil. O órgão diz que três emendas parlamentares federais foram aprovadas para a reforma, mas a Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer de Pernambuco perdeu o prazo da licitação. A pasta diz que existia convênio de R$ 243.750 aportados pelo Ministério do Turismo e de R$ 6.250 pelo estado. A AIP apresentou projeto que precisou de reparos, que não teria sido entregue no prazo.

No Mamam do Pátio, as casas vizinhas foram interditadas por falta de segurança e não há projeto de revitalização em trâmite. Foto: Julio Jacobina/DP
No Mamam do Pátio, as casas vizinhas foram interditadas por falta de segurança e não há projeto de revitalização em trâmite. Foto: Julio Jacobina/DP


Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (anexo)
Pátio de São Pedro, 17, São José

O que você não vê
De 2006, atua como espaço de experimentação nas artes visuais e de reflexão. É um importante espaço para projetos de residências artísticas. Não há acervo fixo, uma vez que as 900 obras ficam no prédio principal, na Rua da Aurora. Trata-se de área de 200 metros quadrados, divididos entre o piso térreo da casa e um mezanino. Entre as atividades previstas para o Mamam do Pátio, estavam exposições, debates, publicações e práticas de pesquisa, estimuladas por residências artísticas de curta duração, oficinas, debates, mostras, performances.

Por que não vê
Está fechado por falta de verbas. As casas vizinhas foram interditadas por falta de segurança. Não há projeto de revitalização em trâmite. Segundo a Secretaria de Cultura, o equipamento recebe atenção da Gerência-Geral de Arquitetura de Engenharia da Fundação de Cultura Cidade do Recife. Nesse momento, outros equipamentos passam por ações e/ou levantamento das necessidades. O Mamam do Pátio também necessita da contratação de um técnico especializado para a reforma estrutural.

Suspensão dos espetáculos e atividades no teatro da UFPE foi necessária devido a um problema detectado no terreno. Foto: Reprodução/Internet
Suspensão dos espetáculos e atividades no teatro da UFPE foi necessária devido a um problema detectado no terreno. Foto: Reprodução/Internet


Teatro da UFPE 
Avenida dos Reitores, s/n, Cidade Universitária)

O que não vê
Faz parte do Centro de Convenções da UFPE e foi inaugurado em 1995. O espaço surgiu com a proposta de oferecer peças, musicais, shows, filmes e apresentações variadas das artes cênicas. Com palco amplo e tela de projeção móvel de 11 metros de largura por 4 metros de altura, recebeu a presença de artistas consagrados do estado e do Brasil em exibições memoráveis. Tinha uma média anual de 240 eventos.

Por que não vê
Está parado desde o fim de 2013 e não tem previsão de voltar à ativa. Segundo a direção do Centro de Convenções da UFPE, a suspensão dos espetáculos e atividades foi necessária devido a um problema detectado no terreno, embora não a estrutura não corra risco de desabar. O piso apresenta estalos que podem causar pânico aos visitantes, daí o embargo do local. A primeira etapa da reforma, prevista para 2015, não teve as obras iniciadas por atraso na votação da Lei Orçamentária no Congresso Nacional. A direção informou que vai iniciar, este mês, campanhas junto à iniciativa privada para angariar recursos enquanto a verba federal não é liberada. O valor da obra para recuperar o Centro de Convenções, que comporta o teatro com 1.931 lugares (466 no balcão e 1.465 na plateia), cinema para 250 espectadores e salas, está calculado entre R$ 40 milhões e R$ 48 milhões.


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