NETFLIX Negligência materna motiva roubo de bebê em filme da Netflix com Ellen Page Longa consegue encontrar equilíbrio entre drama e humor

Por: Eduarda Fernandes

Publicado em: 29/07/2016 08:20 Atualizado em: 29/07/2016 11:15

Ellen Page brilha em Tallulah, com uma de suas melhores performances desde Juno. Foto: Divulgação
Ellen Page brilha em Tallulah, com uma de suas melhores performances desde Juno. Foto: Divulgação


Desesperada para se livrar da responsabilidade de cuidar da filha, uma socialite nova-iorquina contrata Tallulah (Ellen Page), uma desconhecida, para ser babá por algumas horas. Ao ver a situação de abandono em que a criança vive, Tallulah a “resgata”, e, para criá-la, conta com a ajuda da mãe (Allison Janney) do seu ex-namorado, que acredita que é a avó da criança. Tallulah tem tudo para ser mais um melodrama clichê, mas o novo filme da Netflix, que estreia na plataforma de streaming nesta sexta-feira (29), consegue escapar do convencional. Por pouco.
 
Exibido pela primeira vez na mostra competitiva do festival de Sundance, em janeiro, o longa é dirigido por Sian Heder, roteirista de Orange is the new black, e as semelhanças com o seriado são claras: a compaixão e interesse pelas histórias escondidas das mulheres e uma elegante mistura entre drama e comédia. Apesar das suas falhas no roteiro, Tallulah conta com personagens femininas fortes e reais, e Page (indicada ao Oscar por Juno) e Janney (vencedora de quatro Emmys por sua brilhante perfomance na extinta série The West Wing) se reafirmam como atrizes queridinhas do cinema indie. Uzo Aduba, intérprete de “Crazy Eyes”, uma das mais queridas personagens de Orange, rouba a cena como a assistente social grávida que tem suas próprias dúvidas sobre maternidade.
 
“No fim das contas, Tallulah é uma história sobre identidade feminina que questiona se realmente todas as mulheres são feitas para serem mães. Ter filhos é algo incrivelmente complexo”, diz Heder, que escreveu o roteiro baseado em uma experiência que teve em seus tempos de babá, quando precisou cuidar da filha de uma mulher alcóolatra que traía o marido. “Quando fui embora, entrei no meu carro, e chorei até em casa. Fiquei pensando: eu deveria ter ficado com aquela criança”.

 
 
O tema é tratado também no novo filme da cineasta brasileira Anna Mulayert, de maneira diferente. Em Mãe só há uma, em cartaz nos cinemas pernambucanos, Naomi Nero interpreta Pierre, jovem de 17 anos que descobre que foi roubado na maternidade. O roteiro é livremente baseado no caso real de Pedrinho, que foi levado de um hospital em Brasília em 1986 e encontrado 16 anos depois, em Goiânia.
 
"Sou muito interessada em personagens femininas que não têm certeza de quem elas são e do que elas querem", diz Heder. E completa: "todos nós temos capacidade para sermos pessoas horríveis. Somos todos imperfeitos, e o filme não busca isentar ninguém de responsabilidade ou culpa". Em um mundo onde as mulheres são criticadas por tudo o que fazem, Tallulah oferece uma visão sem julgamentos (e sem amenidades) da mentalidade feminina e do que significa ser mãe na sociedade atual.




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