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Show Liniker faz show com tom político no Recife e homenageia cantora falecida Bárbara Rosa,de 21 anos, era backing vocal dele e o acompanhava em turnê pelo Brasil

Por: Matheus Rangel

Publicado em: 04/07/2016 10:12 Atualizado em: 04/07/2016 18:41

As Bahias e A Cozinha Mineira e a rapper Tássia Reis acompanharam Liniker em show marcante. Foto: Marcela Cintra/Esp. DP
As Bahias e A Cozinha Mineira e a rapper Tássia Reis acompanharam Liniker em show marcante. Foto: Marcela Cintra/Esp. DP


"Estamos no Recife e o que também está aqui é a nossa liberdade de usarmos nossos corpos". Dito por Assussena Assussena, foi esse o mote das apresentações que levaram centenas de pessoas ao Catamaran, no centro da cidade, na noite de domingo para assistir Liniker e os Caramelows, As Bahias e a Cozinha Mineira e Tassia Reis com o projeto Salada de Frutas. No palco, mulheres cis e trans com vozes marcantes que cantaram sucessos autorais e canções já consagradas como Sarará crioulo e deixaram o público recifense ensandecido.

Confira o roteiro de shows no Divirta-se

Era claro que aquele se tratava de um show político: discursos feministas e de militância LGBT e negra eram entoados a todo momento. Alguns minutos da apresentação das Bahias, por exemplo, foram dedicados a gritos de "Fora, Temer!".  Durante o show da rapper Tássia Reis, foi apresentado um cover em funk do hit Formation, de Beyoncé, que fala de empoderamento negro, acompanhando de uma versão adaptada da música Baile de favela, tida como misógina. "Ele veio quente / hoje eu tô fervendo / quis desafiar / não tô entendendo / se mexer com as minas vai voltar com a língua ardendo", dizia a nova letra.

Pedro Jordão é estudante e acredita que a importância de Liniker está no empoderamento.  Foto: Marcela Cintra/Esp. DP.
Pedro Jordão é estudante e acredita que a importância de Liniker está no empoderamento. Foto: Marcela Cintra/Esp. DP.

O ativismo de artistas como Liniker, aliás, é destacado pelos seus fãs. "É uma bicha preta que não se identifica como homem ou mulher. É uma pessoa que vai lá ocupar um espaço que é historicamente de pessoas brancas, classe média alta e de um padrão de gênero, sexualidade e beleza. Liniker e as meninas das Bahias têm muito essa coisa de querer mostrar a sua beleza, independente do que o mundo vai dizer que é bonito ou não ou que é certo ou errado", conta Pedro Jordão, estudante. Liniker subiu ao palco com um vestido florido, com suas longas tranças soltas, de batom e, sobre os olhos, maquiagem azul. Sua forma de se vestir inspira muita gente e também é vista como ativismo.

Jackson afirma se inspirar em Liniker: "Ele me libertou".  Foto: Marcela Cintra/Esp. DP.
Jackson afirma se inspirar em Liniker: "Ele me libertou". Foto: Marcela Cintra/Esp. DP.

"Eu me baseio nele em tudo. Turbante, brinco, maquiagem, saia... porque ele me libertou. A primeira vez que eu vi uma entrevista dele falando que vai ter bicha com batom, vai ter bicha de saia, vai ter gente sendo o que é eu passei a me basear nele. Não imitar, mas ser como ele", diz Jackson Medeiros, que chamou atenção no show com sua saia e brincos.

Um dos momentos mais emocionantes da noite foi a homenagem dos artistas a Bárbara Rosa, backing vocal de Liniker e os Caramelows que faleceu na semana passada em decorrência de um câncer. O paulista pediu que todos acendessem as lanternas dos celulares e dedicou a ela a canção Zero, que foi cantada em coro. "Essa música é pra quem tem um amor. E também pra quem tem uma amiga, que a gente sabe que vai sempre olhar pra gente de onde quer que ela esteja", disse. 


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