Cobertura FIG 2016: discursos femininos combativos marcaram shows de Elza, Karina Buhr e Larissa Luz Shows da noite de sexta foram costurados pela transformação política conduzida por mulheres

Por: Júlio Cavani - Diario de Pernambuco

Publicado em: 23/07/2016 07:08 Atualizado em: 23/07/2016 13:22

Show de Elza Soares tinha fortes elementos performáticos e cenográficos. Foto: Laís Domingues/ Divulgação
Show de Elza Soares tinha fortes elementos performáticos e cenográficos. Foto: Laís Domingues/ Divulgação


Na noite de sexta, o Festival de Garanhuns demonstrou que uma programação de espetáculos musicais e cênicos pode ir bem além de apenas oferecer entretenimento para o público. O poder de reflexão e transformação proporcionado pela arte guiou os shows de Elza Soares, Karina Buhr e Larissa Luz e a peça teatral Joelma.

Não foi apenas uma noite dedicada às mulheres. Foi uma programação política, costurada com artistas que possuem discursos femininos claramente combativos. "Mulher preta no poder! É território conquistado", bradou Larissa. A cantora baiana foi perfeitamente encaixada no festival, tanto pelo conteúdo da obra quanto pela aproximação com Elza Soares, de quem recebeu influência e também uma colaboração (uma participação especial no último disco). O estilo musical da artista, com batidas eletrônicas de hip hop associadas a uma guitarra rock e referências afro-brasileiras, levantou a plateia.

No show de Karina Buhr no "Festival de Inferno" (como ela chamou), as letras das canções serviam de roteiro narrativo para uma performance inesgotável, que combina realidade (quando se aproxima criticamente do cotidiano) e ficção (quando ela assume personagens). "Eu sou um monstro", afirmava no palco, em uma música do disco Selvática, enquanto rolava pelo chão, escalava caixas de som e envolvia o corpo com fio do microfone.

"Se bater de leve, dói. Bater de com força, mata", cantou Karina, que antecipou algumas temáticas do show de Elza, cujo auge é sempre o mantra : "Você vai se arrepender de levantar a mão para mim" (repetido coletivamente pelas mulheres da plateia).

Foi a primeira vez que Elza apresentou em Pernambuco o show do disco A mulher do fim do mundo, cuja letra foi escrita por uma mulher pernambucana (a compositora Alice Coutinho). Ela intercalou músicas do álbum com clássicos como Malandro, Volta por cima e A carne. Em alguns momentos, o trono onde ela ficava sentada transformava-se em um altar em torno do qual moviam-se (ou ficavam parados) performers em participações de forte efeito cênico.

Assim como na noite de quinta, protestos contra Temer foram entoados pela plateia, desta vez de forma ainda mais numerosa.

Clique aqui para ver a programaçáo completa do festival

Cena do espetáculo teatral Joelma, que defende o direito de ser mulher, apresentado antes dos shows. Foto: Leo Caldas/ Divulgação
Cena do espetáculo teatral Joelma, que defende o direito de ser mulher, apresentado antes dos shows. Foto: Leo Caldas/ Divulgação


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