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Artes Ícone da arte contemporânea brasileira, pernambucano Tunga morre aos 64 anos Pernambucano estava internado desde o dia 12 de maio no Rio de Janeiro

Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco

Publicado em: 06/06/2016 17:22 Atualizado em: 06/06/2016 19:39

Tunga estava internado desde o dia 12 de maio no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. Foto: Daniela Paoliello/Divulgação
Tunga estava internado desde o dia 12 de maio no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. Foto: Daniela Paoliello/Divulgação

O artista plástico pernambucano Tunga morreu na tarde de hoje, aos 64 anos, no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, em decorrência de um câncer de garganta. O escultor, desenhista e artista performático, estava internado desde o dia 12 de maio. O corpo será enterrado nesta terça-feira (7), no cemitério São João Batista, no bairro do Botafogo.

Nascido em 1952, em Palmares, na Mata Sul do Estado, e batizado Antonio José de Barros Carvalho e Mello Mourão, Tunga, vivia no Rio de Janeiro desde os anos 1970. Foi lá onde cursou a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Santa Úrsula.

Ainda durante o curso, começou a desenvolver sua produção de esculturas e desenhos. Desde os trabalhos iniciais, revelou um dos traços que viria a ser marcante na sua obra: o sexo; a primeira mostra individual de Tunga foi a exposição Museu da masturbação infantil, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1974.

"É uma lacuna muito grande e difícil de ser preenchida, não deixa herdeiros, e tem um trabalho muito pessoal e cerebral", afirma o artista plástico recifense Paulo Bruscky, que esteve em contato com Tunga em algumas ocasiões. "Era um cara calado, mas que falava muito através de sua obra", diz.

Tunga foi um dos artistas plásticos brasileiros mais globais. Sua obra passou pela Bienal de Veneza (82), Museu de Arte Contemporânea de Chicago (1982), Bienal de Havana (1994), Dokumenta Kassel, na Alemanha (97), Louvre, em Paris (2004), entre outros.

Marco
A Cosac Naif, famosa por seus projetos gráficos arrojados e publicações de arte, estreou no mercado em 1997 justamente com um livro de Tunga, Barroco de lírios. A obra, com 200 ilustrações e mais de dez tipos diferentes de papel, está esgotada e pode custar até mil reais em sebos.
Primeiro livro da Cosac Naif foi de Tunga e última publicação após o encerramento da atividades da editora, também. Cosac Naif/Divulgação
Primeiro livro da Cosac Naif foi de Tunga e última publicação após o encerramento da atividades da editora, também. Cosac Naif/Divulgação

Além de servir como debute, o artista também encerra um ciclo de publicações: o último lançamento anunciado pela editora, que encerrou as atividades no final de 2015, será também um livro de Tunga, a ser publicado ainda este ano.
Artista foi responsável por cenário da capa de disco de Otto. Rob Digital/Divulgação
Artista foi responsável por cenário da capa de disco de Otto. Rob Digital/Divulgação

Música

Tendo a performance como parte indissociável de sua obra, a música também fez parte de algumas de suas produções. Tereza, instalação cujo nome remete a como presidiários chamam as tranças feitas de cobertores para tentativas de fuga, foi apresentada pela primeira vez em 1998, ao som de Arnaldo Antunes, no Museu de Belas Artes do Rio. O músico também fez a trilha sonora da instalação de Resgate, de 2001. Mais recentemente, em 2009, o artista plástico foi responsável pelo cenário da capa do disco Certa manhã acordei de sonhos intranquilos, de Otto.


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