Por: Isabelle Barros
Publicado em: 15/06/2016 18:15 Atualizado em: 15/06/2016 12:55
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| A exposição mostra a aposta do Coletivo Vacilante na pintura. Crédito: Paulo Paiva/D.P/D.A. Press |
Incorporar os “vacilos” à criação artística e assumir um fluxo mais livre ao se expressar visualmente se tornou a força motriz do Coletivo Vacilante, que traz à Galeria Janete Costa, no Parque Dona Lindu, sua primeira exposição em três anos de existência. A criação coletiva e a ênfase na pintura para expressar pensamentos sobre o urbano são a força do grupo, cuja mostra Inferno Ostentação entra em cartaz às 19h desta quinta. A curadoria é da Casa Navio, representada por Aslan Cabral.
O trabalho do grupo já pode ser visto em dois pontos da cidade: o skatepark Marcelo Lyra, em Boa Viagem, e a fachada do espaço cultural conhecido como Iraq, na Boa Vista. No entanto, a mostra na Galeria Janete Costa traz todos os trabalhos do grupo, tanto no suporte madeira, a partir de tapumes, como em tela. Composto por Alexandre Pons, Rafael Ziegelmaier, Heitor Pontes e Luciano Mattos, o coletivo também aposta no uso de uma variedade de técnicas - tinta a óleo, tinta automotiva, colagem, estêncil - para regurgitar pensamentos a respeito de uma sociedade embebida em imagens.
A ironia também é um elemento recorrente nas imagens aparentemente caóticas, de camadas sobrepostas, criadas pelo grupo. De Robert de Niro à pintura de uma capivara, passando pelo próprio nome da exposição, o Coletivo Vacilante faz chiste de afetações como a existência de varandas gourmet. A criação de cada tela, por sua vez, é compartilhada por todos, que se reúnem às terças-feiras. “Não existe nenhum planejamento. Cada um coloca o que quiser. Existe um sentimento de uma banda de punk rock dos anos 80. Cada um de nós está começando a descobrir seu instrumento. A dinâmica do processo é a nossa grande conquista”, afirma Luciano. “Há uma colaboração grande na arte do outro. Um de nós pode preparar a tela para outro trabalhar nela”, completa Alexandre.
Rafael, por sua vez, lembra que a junção dos quatro integrantes começou com uma amizade que evoluiu para um trabalho artístico. “Iniciamos como uma coisa catártica, de descarregar angústias. Gostamos do trabalho e começamos a nos juntar mais depois disso. É como se fosse um free jazz, uma improvisação constante”. Esse processo também torna cada obra singular, com um estilo muito difícil de copiar. “É um trabalho que tem um tempo específico. A finalização de cada tela pode demorar meses”, ressalta Aslan, curador da mostra.
A liberdade na criação do Coletivo Vacilante também permite que seus próprios membros criem uma narrativa para as imagens pintadas por eles. “Minha viagem é pintar gente”, segundo Alexandre. Os rostos ganham histórias imaginárias e uma mesma imagem pode aparecer em vários quadros. O nível de detalhe de cada uma das imagens exige que o público se afaste e aproxime para ter novas perspectivas.
A realização da mostra também permitiu ao grupo refletir sobre sua experiência de pintura, já que o Coletivo Vacilante fez tanto obras na rua quanto em ambiente fechado. “Fizemos a fachada do Iraq em dois dias e isso nos exigiu uma energia muito grande, tanto pela superfície, maior do que as telas com as quais trabalhamos e mais irregular”, lembra Alexandre. Já para Heitor, um componente digno de nota desse período foi a interação com os transeuntes. “As pessoas paravam, perguntavam coisas. Uma criança falou que nosso trabalho era lindo. Foi bastante importante para nós”.
SERVIÇO
Exposição Inferno ostentação, do Coletivo Vacilante
Abertura: Nesta quinta, às 19h
Onde: Galeria Janete Costa, Parque Dona Lindu, Recife
Visitação: Quarta a sexta, das 12h às 20h; sábados e domingos, das 14h às 20h
Entrada gratuita
Informações: 3355-9825
