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Cinema Filme de ficção científica com estética pós-apocalíptica é produzido no Recife Região Metropolitana do Recife serve de cenário para dois curtas que estão em processo de produção. Peito Vazio foi filmado na Muribeca e CO44 retrata o futuro da Terra com efeitos especiais de animação

Por: Júlio Cavani - Diario de Pernambuco

Publicado em: 01/06/2016 21:22 Atualizado em: 01/06/2016 20:24

Cabús dirige o ator Cláudio Ferrário nas filmagens. Foto: Ju Brayner/ Divulgação
Cabús dirige o ator Cláudio Ferrário nas filmagens. Foto: Ju Brayner/ Divulgação
 
CO44 é o título do curta de ficção científica que o cineasta Bruno Cabús começou a dirigir há duas semanas no Recife, produzido com efeitos de animação stop motion misturados com filmagens de atores reais. Sem diálogos, o filme retratará o futuro da Terra, um planeta decadente e abandonado, onde uma cientista utiliza lixo para construir um equipamento que a ajudará a sobreviver.

Ayla Alencar e Claudio Ferrário são os atores principais, que contracenam com formas feitas de sucata elaboradas pelo próprio Cabús principalmente a partir de restos de equipamentos eletrônicos. O protagonista é um robô. As cenas com o elenco já foram encerradas há uma semana e a partir dos próximos meses o diretor ficará concentrado nas sequências de animação.

Cabús, que já dirigiu o curta Visceral (2012), trabalha com o conceito de "desobediência tecnológica", criado pelo designer cubano Ernesto Oroza, que trabalha a ideia de utilizar com liberdade os objetos mecânicos, elétricos e eletrônicos, sem seguir imposições e regras do mercado e da indústria. O caminho do cinema fantástico não impede o filme de explorar a crítica social a partir de uma estética pós-apocalíptica, com mensagens sobre a preservação da natureza e o respeito aos direitos humanos. Galpões abandonados e ferros-velhos estão entre as locações utilizadas, todas no Recife. CO44 obteve patrocínio do Funcultura (R$ 79 mil).

O ator Carlos Eduardo Ferraz em cena de Peito Vazio, filmado na Muribeca. Foto: Flora Negri/ Divulgação
O ator Carlos Eduardo Ferraz em cena de Peito Vazio, filmado na Muribeca. Foto: Flora Negri/ Divulgação

Muribeca
Terminaram no último domingo as filmagens de Peito vazio, curta-metragem dirigido por Yuri Lins e Leon Sampaio, que retrata uma história de amor ambientada nos escombros do Conjunto Habitacional da Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes. Os personagens do filme moram nos arredores dos 69 prédios que começaram a ser demolidos em 2015 por causa dos riscos de desabamento. Alguns dos imóveis estão interditados há mais de dez anos, quando as desocupações começaram.

O curta faz uma ligação entre os sentimentos dos personagens e o momento político atual vivido pelo Brasil. Há cenas filmadas em manifestações no Recife e também em assembleias de movimentos sociais. "Peito vazio busca versar acerca de um certo estado de espírito de uma juventude inserida nesse contexto de ebulição política", antecipa Lins.

Segundo o diretor, "o filme trabalha com a premissa de como a cidade e suas contradições espaciais, bem como o cenário político de caos e desamparo a qual vive o Brasil atualmente, espelham a condição interior também desamparada do personagem que, vivendo o luto pós fim de relacionamento, é atravessado por estas questões, mobilizando-se aos poucos para um amor mais coletivo, pautado na amizade, na troca com o outro e na necessidade  de resistência".

Interpretado por Carlos Eduardo Ferraz, o personagem principal vai para a Muribeca passar um tempo com o melhor amigo, vivido pelo ator e cantor Rafael Cavalcanti (vocalista da banda Sebastião e os Maias). Na comunidade, ele entra em contato com os envolvidos no movimento de luta por moradia, que o transformam. Cíntia Lima e Paulo César Feire ainda estão no elenco. Peito vazio é também o título de uma música de Cartola.

A produção foi patrocinada pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) com R$ 89 mil. As filmagens duraram uma semana. Peito vazio será o primeiro filme do pernambucano Yuri Lins. Leon Sampaio dirigiu os curtas O cadeado, Veraneio, Via crisis e Retomada (disponíveis na internet), filmados na Bahia, onde ele estudou cinema. O cineasta baiano prepara-se para lançar o primeiro longa-metragem, o documentário Gente bonita.

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